No próximo sábado, 20, Nova Friburgo sediará o II Encontro Serrano de Cirurgia Buco-Maxilo-Facial, que reunirá os maiores especialistas da área no estado do Rio. Dirigido a especialistas em cirurgia buco-maxilo-facial, implantodontia, ortodontia, cirurgiões-dentistas e acadêmicos de odontologia, o encontro tratará principalmente dos avanços ocorridos nas áreas de traumatologia buco-maxilo-facial e cirurgia reconstrutora.
Estão sendo esperados cerca de 150 participantes, não só da cidade, mas de toda a Região Serrana, Centro-Norte e de Campos. O evento tem a chancela do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia e coordenação do cirurgião buco-maxilo-facial e especialista em cirurgias de cabeça e pescoço, Renato Henrique Gomes da Silva. “É a primeira vez que Friburgo está recebendo um grupo de especialistas com um nível tão elevado em suas áreas, todos professores titulares das melhores universidades, com livros publicados e um trabalho reconhecido dentro e fora do país”, afirma Renato.
Entre os palestrantes, o coordenador do Capítulo VII do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Gerson Hayashi, o professor Eider Guimarães, da Universidade Federal do Maranhão e o cirurgião buco-maxilo-facial Wladimir Cortezzi, chefe do Serviço de Cirurgia Oral e Maxilofacial do Hospital dos Servidores do Estado (HSE), também professor da UFRJ.
Na área de implantodontia o encontro contará com a presença de dois expoentes do setor, Rafael Seabra Louro, do staff do Hospital Universitário Pedro Ernesto e do Hospital dos Servidores do Estado, e Eduardo José de Moraes, da Unifeso.
A abertura será às 10h, no Hotel Dominguez Plaza, com palestras dos professores Gerson Hayashi e do cirurgião friburguense Renato Henrique Gomes da Silva, doutor em cirurgia buco-maxilo-facial pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Mas, na prática, o encontro começa na sexta-feira, 19, com o curso Princípios da cirurgia ortognática para cirurgiões dentistas, sob responsabilidade do doutor Gerson Hayashi. Dirigido especialmente aos acadêmicos, o curso acontecerá no anfiteatro da Faculdade de Odontologia da UFF, das 18h às 20h. A inscrição de acadêmicos, que custa R$ 30, dará direito à participação no encontro e parte da renda será revertida à comissão de formatura do nono período.
No sábado pela manhã, logo depois da cerimônia de abertura, o professor Eider Guimarães dará um curso sobre cirurgia ortognática. Esta é uma subespecialidade da cirurgia buco-maxilo-facial facial que mexe com a oclusão, isto é, com os ossos que formam a parte da boca onde ficam implantados os dentes, visando a corrigir deformidades faciais.
Hoje em dia tais deformidades podem ser corrigidas com segurança, através da utilização de refinadas técnicas cirúrgicas. Os resultados são surpreendentes. E, ao contrário do que acontecia há alguns anos, a recuperação é bastante rápida, pois existem recursos terapêuticos para evitar ou amenizar os edemas, hematomas e o paciente praticamente não sente mais dor no pós-operatório. Além disso, não fica mais com a boca bloqueada durante 40, 45 dias, como acontecia há alguns anos, podendo voltar a se alimentar, embora com cuidados dietéticos em, no máximo, uma semana, dez dias.
A cirurgia ortognática mais comum é o prognatismo (quando a mandíbula é maior do que o maxilar, caso de D. Pedro e do antigo jogador de futebol, Ademir). O retrognatismo (quando a mandíbula é menor que o maxilar, como Noel Rosa, que praticamente não tinha queixo) também pode ser corrigido cirurgicamente com relativa facilidade. Além da técnica cirúrgica em si, que evoluiu muito, os materiais utilizados para os implantes também estão muito avançados.
A cirurgia reposiciona a mandíbula, fixando-a com miniplacas de titânio ou materiais bioabsorvíveis. Na maioria dos casos, é necessário utilizar aparelhos ortodônticos tanto no pré quanto no pós-operatório. A cirurgia pode ser feita a partir dos 15 anos de idade, quando o crescimento dos ossos faciais já está no fim.
Assim como seus colegas, Renato Henrique Gomes da Silva é um apaixonado pela cirurgia ortognática. “Ela reconduz estas pessoas à sociedade e isso é fantástico”, declara, com um brilho no olhar. “O resultado é imediato. A gente termina a cirurgia e só falta se auto-aplaudir, porque o rosto do paciente muda na hora. O sujeito entra com um queixo deste tamanho e sai com um perfil bonitinho, perfeito. É uma cirurgia que muda a personalidade, a autoestima, o comportamento, muda tudo, e sempre para melhor, não tem erro”, conclui.
Brasil está avançado neste tipo de cirurgia
Na parte da tarde, o professor Waldimir Cortezzi proferirá palestra abordando os “Princípios de reconstrução dos maxilares”, indicada para correção de defeitos congênitos ou traumas, com a utilização de enxertos.
Em seguida, será a vez do professor Eduardo José de Moraes falar sobre implantes zigomáticos, muito empregados em pessoas que perderam o osso alveolar, em função de perda de dentes. Estes implantes são indicados para pacientes portadores de prótese total superior, que desejam fazer implantes dentários mas têm pouco osso no maxilar. Trata-se de uma moderna técnica desenvolvida na Suécia, para evitar que o paciente tenha que remover enxertos ósseos do quadril, calota craniana, ou outro local do corpo. Os implantes são fixados no osso zigomático (osso da maçã do rosto).
Às 16h, uma das palestras mais aguardadas do encontro: Cirurgia funcional da articulação têmporo-mandibular (ATM), com o doutor Gerson Hayashi. Esta articulação liga a mandíbula ao crânio e é responsável pelos movimentos da boca. Quando essa estrutura ou os músculos mastigatórios são afetados, a ATM sofre uma disfunção que pode exigir correção cirúrgica, até com prótese total. Os sinais e sintomas mais frequentes são dor de cabeça, dor na face, pescoço ou ombros, dor ou sensibilidade frequente nos dentes, estalos ou dor próximos à região do ouvido, dificuldades para mastigar, falar, bocejar e engolir alimentos, vertigens, zumbidos e limitação dos movimentos da mandíbula.
A palestra que encerra o encontro será feita pelo professor Rafael Seabra, que abordará o Tratamento das fraturas complexas de mandíbula. Um tema de relevância no momento atual, até por causa dos grandes traumas causados pela violência e pela incidência de acidentes graves, responsáveis por grandes traumas. “A face é o único lugar que não se cobre. Você pode proteger tudo, usa capacete, colete, mas a face não tem jeito”, diz o doutor Renato Henrique Gomes da Silva.
Por falar nisso, vale informar que o Brasil - especialmente o Rio e São Paulo - está muito avançado em cirurgia buco-maxilo-facial. Segundo o doutor Gerson Hayashi, o Rio de Janeiro pode ser considerado privilegiado no atendimento do trauma de face. “O nosso estado é um dos poucos do Brasil que possui, em todos os hospitais públicos, um setor ou serviço de cirurgia buco-maxilo-facial. O atendimento é realizado por dentistas especializados neste tipo de cirurgia. Da mesma forma, a grande maioria dos hospitais privados conta com cirurgiões buco-maxilo-faciais”, garante Gerson Hayashi.
Nova Friburgo também não faz feio neste contexto. “A experiência dos cirurgiões paulistas e cariocas é maior que a nossa”, assume Renato Henrique, até porque não dá para comparar o volume de procedimentos realizados nos grandes centros ao que se faz aqui. Por isso mesmo, a importância deste encontro, que representa uma oportunidade incomparável de aprendizado para os acadêmicos e de atualização para os cirurgiões da região, sem que necessitem parar suas atividades locais e se deslocar para o Rio de Janeiro”.
E, como ninguém é de ferro, o evento também vai representar uma oportunidade de confraternização entre os membros do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, os especialistas da região e os futuros cirurgiões-dentistas que certamente não perderão a oportunidade de ter um contato direto com estes professores.
As inscrições para o II Encontro podem ser feitas na Associação Brasileira de Odontologia (ABO), em Nova Friburgo (Rua General Osório, 4 - 3º andar - Centro Médico), por fax ou telefone (22) 2522.5311. Para os profissionais, a inscrição custará R$ 50 e para os acadêmicos, R$ 30. Os contatos também podem ser feitos pelo telefone (22) 9961.0638 ou pelo e-mail renatohenrique@gigalink.com.br.
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