O número de pessoas com aids em Nova Friburgo chama atenção. De acordo com levantamento da Subsecretaria Municipal de Vigilância em Saúde e do Programa Municipal de Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), Aids e Hepatites Virais, a cidade possui, atualmente, cerca de 700 pessoas infectadas pelo vírus HIV cadastradas pela rede. Ainda segundo a pasta, nos últimos anos, Nova Friburgo tem registrado um considerável crescimento da doença.
“Desde o último levantamento, tivemos um aumento de 40 novos casos. A estimativa de crescimento de infectados chega a ser de 40 a 45 por ano”, afirma a coordenadora da subsecretaria, Teresa Polo. Os homens representam mais que o dobro de casos confirmados da doença em Nova Friburgo. Só neste ano, segundo Teresa, foram 28 casos registrados em homens e 12 em mulheres.
Além da necessidade de maior conscientização, apesar das constantes campanhas e informações circulando nos veículos de imprensa, unidades de saúde e internet, o preconceito ainda é uma das grandes barreiras a serem vencidas.
Para Teresa, o julgamento agrava a condição emocional e, em muitos casos, leva à depressão. "Nós fazemos um trabalho de acolhida a esses pacientes que precisam além do acompanhamento médico, apoio psicológico. Eles precisam saber que tem todo o suporte necessário. E isso também tem que acontecer em casa, pois o preconceito começa nos lares e por vergonha e medo, muitos pacientes não contam para os familiares que contraíram o vírus", observa Tereza.
Para a infectologista, Delia Engel, o país ainda precisa vencer outras barreiras relacionadas à doença “O tratamento do HIV não é a única ferramenta a ser utilizada. A prevenção também precisa ser intensificada através da eliminação da transmissão vertical (transmissão mãe/filho); disponibilização de preservativos; programas de redução de danos para usuários de drogas injetáveis e circuncisão masculina voluntária.
Dados revelam que em 2015 havia 830 mil pessoas vivendo com aids no Brasil. O número de casos em jovens entre 15 a 19 anos aumentou em 53% de 2004 a 2013. Infelizmente vemos que grande número de pacientes ainda recebem o diagnóstico já com a doença avançada, aumentando a mortalidade”, alerta a médica.
Em Nova Friburgo, atualmente, todo paciente diagnosticado com o vírus HIV inicia o tratamento com os antirretrovirais (ARV), o famoso coquetel, independentemente dos exames de carga viral ou células CD4. Às terças e quartas-feiras, o Posto Sylvio Henrique Braune, no Suspiro, disponibiliza dez fichas para testagem rápida de HIV, sífilis e hepatites B e C.
Ainda, segundo a subsecretaria de Vigilância em Saúde, o município disponibiliza uma equipe multiprofissional — incluindo administrativo, técnico de enfermagem, enfermeiro, psicólogo e médico — para atendimento desses pacientes.
Dia de Luta contra a Aids
Nesta quinta-feira, 1º, a Subsecretaria de Vigilância em Saúde, através do Programa DST/Aids/HV de Nova Friburgo, a Pastoral pela Vida da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) e o curso de enfermagem da Universidade Estácio de Sá promovem uma evento especial para marcar o Dia Mundial de Luta Contra a Aids.
A abertura será às 8h, com missa na Catedral São João Batista, na Praça Dermeval Barbosa Moreira, Centro, seguida de um café da manhã, promovido em parceria com a Pastoral pela Vida. Também haverá testagem rápida do HIV, teste e triagem da sífilis, das 8h30 às 16h, no posto de saúde Sylvio Henrique, no Suspiro. No Ambulatório Bento XVI, na Rua Augusto Spinelli, anexo ao Colégio Nossa Senhora das Dores, também haverá testes gratuitos de HIV.
Outro local que recebe programações nesta quinta-feira, 1º, é a Estação Livre, antiga rodoviária urbana, na Praça Getúlio Vargas. Das 9h às 16h, profissionais da saúde vão distribuir folhetos explicativos, preservativos e gel lubrificantes, com a finalidade de prevenção.
Além disso, o espaço sediará um roda de conversa para jovens e população adulta, vacinação (é imprescindível levar caderneta de vacinação) e orientações sobre a vacina contra o HPV.
Atualmente, 700 pessoas em Nova Friburgo estão cadastradas no levantamento da Secretaria de Saúde do município como portadores do vírus HIV. Além de conscientizar a população sobre a doença e informar sobre os sintomas, perigos e formas de se prevenir a aids, a data também tem a função de auxiliar no combate ao preconceito aos portadores de HIV.
Dados sobre a aids no Brasil
Dados divulgados nesta quarta-feira, 30 de novembro, pelo Ministério da Saúde revelam números alarmantes sobre os casos de aids no Brasil. De acordo o levantamento, 827 mil pessoas vivem com HIV/aids no país. Dessas, cerca de 112 mil não sabem que estão infectadas. Além disso, do total de pessoas soropositivas identificadas no país, 372 mil ainda não estão em tratamento, apesar de 260 mil delas já saberem que estão infectadas.
Segundo pesquisa recentementedivulgada pela UNAids — programa da Organização das Nações Unidas (ONU) —, em 2015 o país registrou um aumento de mil novos casos em relação ao catalogado em 2010, uma taxa correspondente a 44 mil novos infectados pelo vírus HIV no último ano. "O Brasil sozinho conta com mais de 40% das novas infecções de aids na América Latina", alertou a Unaids.
Uma das metas estabelecidas pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids é ter 90% das pessoas testadas até 2020. A meta 90-90-90 também tem como objetivo ter 90% da população soropositiva tratada e 90% com carga viral indetectável neste período.
Transmissão de mãe para filho
De acordo com o boletim, a taxa de detecção da aids em menores de 5 anos caiu 36% nos últimos seis anos, passando de 3,9 casos para cada 100 mil habitantes em 2010 para uma taxa de 2,5 casos em 2015. A taxa em crianças nessa faixa etária é usada como indicador para monitoramento da transmissão vertical do HIV (transmissão de mãe para filho durante a gestação ou no momento do parto).
Queda na mortalidade
Os números mostram também uma queda de 42,3% na mortalidade provocada pelo HIV/aids no Brasil nos últimos 20 anos. A taxa caiu de 9,7 óbitos para cada 100 mil habitantes em 1995 para 5,6 óbitos em cada 100 mil habitantes em 2015.
Jovens no topo do ranking
Os números divulgados pelo Ministério da Saúde ainda mostram que jovens de 18 a 24 anos permanecem como o grupo mais vulnerável em meio à epidemia no país. Apesar do diagnóstico tardio ser menor nessa faixa etária, entre os que são soropositivos, 74% buscaram algum serviço de saúde, apenas 57% estão em tratamento e 47% tiveram carga viral suprimida.
Em coletiva de imprensa, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, avaliou que os jovens, de modo geral, não mantêm o hábito de frequentar unidades de saúde. Ele lembrou que o grupo é “de difícil convencimento”, por exemplo, quando o assunto é vacinação. “Eles se acham saudáveis e são mesmo. Mas não sentem que precisam ir ao posto de saúde se proteger”, disse. “Mesmo nas campanhas para vacinação nas escolas, a recusa é muito grande”, completou.
“Pergunta Aê”
Como parte das comemorações do Dia Mundial de Luta contra a Aids, o Ministério da Saúde vai realizar o talk show “Pergunta Aê”. A transmissão ao vivo está marcada para esta quinta-feira, 1º, das 14h às 16h30 e terá a participação de youtubers e outros convidados especiais, que vão responder perguntas dos próprios youtubers, perguntas dos usuários online e da plateia do Teatro Plínio Marcos (Sala Funarte), em Brasília, de onde acontecerá a transmissão.
O talk show abordará temas voltados a prevenção do HIV, estigma, preconceito e juventude. A intenção é criar um canal interativo com os jovens para que eles possam tirar dúvidas sobre aspectos da doença ainda desconhecidos ou que nunca tiveram coragem de perguntar. O evento será transmitido pelo site http://mediacenter.aids.gov.br/ e pela página do Ministério da Saúde, no Facebook.
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