Em um contexto social já há tempos polarizado, onde o debate político vem recrudescendo progressivamente, o último domingo, 13, conheceu a maior manifestação da história brasileira, pelo menos em números absolutos, segundo levantamento realizado pela Polícia Militar em cada estado. Um total de 3,4 milhões de pessoas foram às ruas do país para protestar contra a corrupção e o governo Dilma Rousseff. Nova Friburgo contribuiu para esse total colocando 1.500 pessoas na Avenida Alberto Braune.
O domingo foi de tempo nublado, mas mesmo o clima chuvoso não arrefeceu os ânimos dos que compareceram à manifestação. Concentrados na Praça Demerval Barbosa Moreira, os manifestantes caminharam, como de costume, pela Alberto Braune até a sede da prefeitura. De acordo com estimativa do comando da Polícia Militar, aproximadamente 600 pessoas estavam concentradas, atingindo um total de 1.500 ao longo da avenida. Nenhuma ocorrência foi registrada.
Nem a própria presidente, principal alvo das manifestações junto com o ex-presidente Lula, ficou indiferente: “O caráter pacífico das manifestações ocorridas neste domingo demonstra a maturidade de um país que sabe conviver com opiniões divergentes e sabe garantir o respeito às suas leis e às instituições”, publicou a presidente em nota oficial.
O advogado Marco Kramer, um dos organizadores do evento na cidade, celebrou a manifestação e ressaltou seu caráter temático, apartidário: “A manifestação reflete algo muito mais complexo do que uma briga entre direita e esquerda. Viemos à rua para dar um basta a essa estrutura que favorece uma corrupção sistêmica, que hoje atinge governo e oposição”.
Marco conta que o evento foi confirmado por 1.100 pessoas no Facebook e destacou o caráter orgânico dos movimentos por trás das manifestações em todo o país. “Nós não somos líderes, mas apenas organizadores. Além de alguns pontos focais, como a celebração da atuação do juiz Sérgio Moro na Operação Lava-Jato, a orientação sociopolítica dos que aderiram é heterogênea.”
Esse aspecto foi reconhecido, inclusive, por lideranças que apoiam o governo Dilma. João Paulo Rodrigues, membro da coordenação nacional do Movimento dos Sem Terra (MST), disse em entrevista ao jornal O Globo: “Foi um ato grande, com dois componentes novos: uma abrangência nacional com manifestações em cidades do interior e a participação de populares. Até então era só a classe média coxinha, mas agora houve maior presença de trabalhadores, que, historicamente, sempre estiveram com a gente”.
Os próprios aliados do governo reconhecem que o 13 de março irá se refletir como uma pressão nada desprezível sobre o processo de impeachment de Dilma, que tem seguimento na Câmara dos Deputados previsto para a próxima quinta-feira, 17.
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