Soa como música para nossos ouvidos. Se o Rio de Janeiro é considerada a cidade do mundo com o maior número de espécies de aves, Nova Friburgo — e aqui assumo o risco de me basear apenas em suposição, sem levantamento ou números oficiais —, tem outro tanto nada desprezível em sua rica biodiversidade. Basta observar! Se lá abundam garças na Lagoa Rodrigo de Freitas, gaivotas e fragatas nas praias e bem-te-vis espalhados por tudo quanto é árvore, fiação e muros, aqui elas estão igualmente incorporadas à paisagem. Temos sanhaçu-de-fogo, tororó, cabecinha-castanha e encantadores beija-flores, essas fofuras também conhecidas como colibris. Apenas para citar uma mínima parcela deles. Especialistas destacam que o Estado do Rio é privilegiado, e apesar de seu pequeno território, o estado tem 730 das mais de 1.825 espécies registradas no Brasil pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. O país é o segundo em avifauna, atrás apenas da Colômbia.
Algumas aves fizeram do Rio sua única casa, e por isso, a questão da preservação é crítica. A destruição de habitats e a caça predatória são um desafio à sobrevivência de muitas espécies. Já em nosso município, talvez pelas origens de um povo com profundas raízes fincadas na zona rural, os danos são menos alarmantes, embora também haja problemas. Aqui como lá, o homem é o principal inimigo da natureza. Mas..., aquela parcela sensível da sociedade, consciente da importância de preservar, se uniu para criar importantes APAs distribuídas em quase todos os distritos do município.
Só para lembrar, Nova Friburgo é uma das maiores produtoras de água do Estado, sendo mais de 40% de seu território coberto por Mata Atlântica, com a maior biodiversidade do Brasil — algo em torno de 3.500 espécies por hectare. A Área de Proteção Ambiental de Macaé de Cima, por exemplo, possui a maior biodiversidade da Mata Atlântica. O que significa concluir que nem tudo está perdido.
Nas matas, rurais ou urbanas, pássaros multicoloridos
Lugares na cidade para observar — ou ouvir — aves em não faltam. Entre matas e montanhas na zona urbana, além dos incontáveis bairros rodeados de vegetação, temos o Parque Municipal Juarez Frotté (Cascatinha), o Parque Estadual dos Três Picos, o Pico da Caledônia, e uma extensa zona rural com seus vales e cachoeiras em destaque na sua topografia de belezas indescritíveis.
Cada local tem seus macetes, tanto para a observação quanto fotografar. Há que ficar atento a vários fatores, desde o vestuário aos repelentes, ao local por onde passa. Que o diga a fotógrafa e observadora de pássaros Ana Gadini, membro da Sociedade Fotográfica de Nova Friburgo (SFNF) e amante da macrofotografia (fotos de insetos). Ela acaba de inaugurar sua nova exposição "Pássaros, Minha Paixão", no Empório do Dengo Restaurante, em cartaz até 31 de março de 2016.
Como prova dessa “população alada” em terras friburguenses, o público poderá conferir algumas das mais belas espécies da Mata Atlântica como o casal sanhaçu-de-fogo (Piranga flava), o simpático tororó (Poecilotriccus plumbeiceps) e a cabecinha-castanha (Pyrrhocoma ruficeps), espécie pouco registrada no Estado do Rio, presente apenas em seis cidades: Cachoeiras de Macacu, Cordeiro, Petrópolis, Resende e Teresópolis, com poucos registros em sites de pássaros na internet.
Ana revela que todos os registros foram feitos em um local bem próximo ao restaurante, no Sítio Dengoso (70 hectares) localizado em meio à Mata Atlântica, de propriedade da ceramista Eva Schneider. “Nesse pedacinho de paraíso serrano, a Eva mantém um ateliê e oferece hospedagem para os visitantes passarem um fim de semana usufruindo de uma paisagem e clima inigualáveis. Lá podem ser observados, in loco, as fotos que fiz para a exposição”.
Cuidados necessários para fotografar na mata
A fotógrafa apaixonada por pássaros vai enumerando as atrações da zona rural de Nova Friburgo, principalmente onde ainda resiste, teimosamente, parte da Mata Atlântica: lagos, riachos, flores, aves, gansos, frutíferas, “e muito, muito verde, uma profusão de tons de verde que mais parecem conter todas cores do universo. Lugar perfeito para fotografar aves, praticar a macrofotografia ou simplesmente descansar”, convida.
No entanto, a cada abertura de nova exposição Ana Claudia Gadini aproveita para lembrar que “nem tudo são pássaros”. Segundo ela, quando fotografa dentro da mata todo cuidado é necessário. “É importantíssimo usar vestuário adequado: calça, camisa de manga comprida, bota e boné. Jamais ir de chinelos, bermuda e camiseta. Com a chegada do calor torna-se necessária a utilização de perneiras até o joelho. Isso porque as altas temperaturas são favoráveis ao aparecimento de cobras. Não esquecer o protetor solar e repelente”, alerta.
Ela reitera: faça sol ou chuva, seja verão ou inverno, sempre utilizar vestuário correto e nunca esquecer perneiras, protetor solar e repelente. “Uma vez, por puro esquecimento, fiquei sem repelente. Resultado, fui “premiada” com uns cinco carrapatos (isso mesmo, cinco!), e mais de 60 marcas vermelhas pelo corpo. E muita, mas muita coceira!”, lembra, agora, rindo do episódio.
A exposição funciona nos seguintes horários: segunda e terça, das 12 às 18h30; sexta e sábado, das 9 às 22h30; domingo, das 9 às 18h30. O Empório do Dengo fica na Estrada Mury-Lumiar, km 9. Para ver mais fotos de Ana Gadini visite o site www.flickr.com/anaclaudiafriburgo. Contatos podem ser feitos através do e-mail anaclaudiafotos@uol.com.br.
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