Nova Friburgo Futebol Clube trabalha na reconstrução do CT e da parte social

terça-feira, 24 de junho de 2014
por Jornal A Voz da Serra
Nova Friburgo Futebol Clube trabalha na reconstrução do CT e da parte social
Nova Friburgo Futebol Clube trabalha na reconstrução do CT e da parte social

Clubes de Nova Friburgo

A série sobre os clubes da cidade mostra nesta edição o Nova Friburgo Futebol Clube, tradicional pelo futebol amador e também dono de uma boa estrutura social em Conselheiro Paulino.

 

 

 

Vinicius Gastin

 

 

 

 

A fusão entre Esperança e Conselheiro Paulino, em 1973, e a posterior união com o Friburgo, em 1979, resultaram no surgimento do Nova Friburgo Futebol Clube. Inspirado pela tradição dos antigos times da cidade, tornou-se gigante também em patrimônio. Além do estádio Raul Sertã, no Centro, ostenta em sua estrutura o terreno em Conselheiro Paulino, pertencente ao clube homônimo ao distrito. Em anexo ao campo, a parte social. Toda essa estrutura, no entanto, sofreu com as consequências da tragédia e, desde então, o clube luta na Justiça para a recuperação do espaço. Em meio ao imbróglio, a tentativa frustrada de desapropriação do terreno pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

 

 

As obras para a reconstrução do campo recomeçaram há pouco mais de um ano. Um novo muro foi erguido e a terraplanagem está praticamente concluída, através de uma parceria com a empresa que presta serviços para o Inea e trabalha na drenagem do Rio Bengalas. O clube cedeu o espaço para o depósito da areia da obra — cerca de 600 caminhões foram utilizados — e, em troca, ganhou o serviço no futuro campo de futebol. Todo o esforço tem como objetivo recuperar o prejuízo avaliado em cerca de R$ 76 mil. O clube havia instalado 410 metros de alambrados, além de três portões de acesso, conforme exigido pelo Corpo de Bombeiros. A construção de dois vestiários, duas salas (uma de enfermagem e outra de arbitragem), além de 12 lojas, que seriam alugadas, estava em andamento. A escolinha contava com 326 atletas nas categorias pré-mirim, mirim, infantil, juvenil e júnior. O objetivo era finalizar as obras até fevereiro deste ano, mas não foi possível cumprir o prazo.

 

 

"Queremos fazer algo simples, até porque a finalidade do centro de treinamento não é receber competições. A profissionalização é um sonho futuro”, afirma o presidente Luiz Fernando Bachini. Uma pista de atletismo deverá ser construída em torno do gramado, obrigando a redução das dimensões do campo de 110x72m para 105x68m.

 

 

Paralelo à reconstrução do Centro de Treinamento — em ritmo mais lento que o planejado pelo clube — a parte social é reerguida aos poucos. A área da secretaria estava interditada por estar em zona de perigo, mas o Inea não vai alterar o espaço e o Nova Friburgo faz obras no local. "Teremos que construir sala de jogos, um ginásio, um salão de festas e muitas outras coisas.”

 

 

O Nova Friburgo mantém as atividades com certa dificuldade, mas a inspiração no passado vitorioso faz com que o presidente Luis Fernando Bachini sonhe com dias melhores. "As pessoas precisam conhecer as nossas origens. Nós não conseguimos ainda ter o nosso estádio para desenvolver o trabalho. A exemplo do Friburguense, o Nova Friburgo não é um clube social, e sim de futebol. O social existe para conservar a estrutura do clube e manter todos os associados unidos.”

A realização das propostas, no entanto, depende de parcerias com a iniciativa privada. "A Stam, por exemplo, criou o Instituto Chico Faria, e soubemos do interesse deles em utilizar a área. Ainda estamos no início de obras e eles estão aguardando para analisar no que podem nos ajudar. Não temos nada concreto por enquanto, até porque o Inea desestruturou quase tudo com a ideia de desapropriação.”

Estádio Raul Sertã recebeu diversos torneios de categorias de base após decadência do futebol amador

Clube planeja construir memorial

Paulo Banana, Jael, Silvio, Leone, Cabrita, Cleo, Chiminga e outros nomes. Todos eles marcaram a história do Friburgo, clube foi fundado em 26 de abril de 1914, com as participações das famílias Tessarollo, Bachini, Folly, Spinelli, Sertã e Braune. O Esperança nasceu a partir do União, logo após uma goleada sofrida para o Friburgo por 11x0. Junto ao time esperancista nasceu uma grande rivalidade, que mais tarde resultaria em fusão. A história dos títulos do Friburgo, os bastidores do bicampeonato do Esperança, em 1944, fotos dos maiores ídolos de cada clube,  flâmulas, medalhas, troféus e bolas utilizadas nas competições poderão estar reunidos, em breve, em um memorial.

A diretoria do Nova Friburgo F.C. estuda a possibilidade de construir um espaço voltado à história do futebol na cidade. O primeiro passo, talvez, tenha sido a doação de fotos históricas do esporte de Nova Friburgo desde 1914, com todos os times do Friburgo, Esperança, Fluminense e Serrano por Luis Massard Filho. "Nós pegamos também algumas entrevistas do Jael, Paulo Banana e outras pessoas. Queremos um memorial para manter vivo tudo o que aconteceu, com um espaço multimídia, inclusive.”

Estádio Raul Sertã: futuro em aberto

Um dos principais palcos do futebol amador do município, o estádio Raul Sertã não mais recebe as marcas de cal que delimitavam o campo de futebol. As traves permanecem firmes no solo por onde vários atletas desfilaram talento, mas as atuais marcações no terreno apenas separam os espaços destinados aos carros. A parceria entre o Nova Friburgo Futebol Clube e uma empresa particular resultou na instalação de uma rede de estacionamento dentro do estádio, e o contrato vigora até março de 2015.  O Nova Friburgo recebe 51% do valor mensal arrecadado e as receitas mantêm a situação financeira estável. "Só não pagamos o IPTU porque não concordamos com o aumento absurdo de 7.000%, quando negamos à Prefeitura a cessão do espaço para a realização de eventos. Não é que a gente não queira mais o futebol nesse estádio. O que acontece é que hoje temos de obedecer a uma série de regras para mantê-lo em funcionamento e isso não é viável”, afirma.

De acordo com Bachini, o clube foi impedido pela Justiça de ceder o espaço para a realização de eventos por conta da falta de escape na arquibancada. Além disso, outro problema se encontra em relação às medidas do campo. "Para realizarmos jogos, a federação determina que as muralhas devem ficar a uma distância de cinco metros da linha de fundo e três metros da linha lateral. Se diminuirmos ainda mais as dimensões do campo, a prática do futebol também ficará inviável” explica.

Contudo, a história do "campo do Friburgo”, fundado em 4 de setembro de 1922, pode ganhar novos capítulos. A chance de vender o estádio não existe, mas o Nova Friburgo convive com o medo da desapropriação do espaço, algo possível por lei. O clube recebeu algumas propostas para a ocupação do terreno, dentre elas a construção de um centro financeiro. "É uma coisa que daria muito certo e seria bom para o clube. Aumentaria e muito a nossa receita. Essa proximidade facilitaria bastante. Eles construiriam no local, dariam uma receita garantida para o clube e depois de um determinado tempo, algo em torno de 25 a 30 anos, a propriedade voltaria para o nosso controle.”

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TAGS: Centro de treinamento | Reconstrução | Nova Friburgo Futebol Clube
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