Leonardo Lima
Um prejuízo avaliado em cerca de R$ 76 mil. Foi aproximadamente este o valor que o Nova Friburgo Futebol Clube (NFFC) investiu na construção de seu centro de treinamento, em Conselheiro Paulino. O local serviu como ponto de depósito de terra e entulhos provenientes da tragédia que devastou a região. “O nosso centro de treinamento foi invadido. A utilização do local não teve o meu consentimento. Fizeram o mesmo no campo da Filó e no Curral do Sol”, afirma o presidente do NFFC, Luiz Fernando Bachini.
Segundo ele, a prefeitura alega que tentou entrar em contato para avisá-los sobre a utilização do espaço. “Eles se ampararam numa lei que autoriza essa apropriação temporária em estado de calamidade pública, porém é preciso que eles nos devolvam o local do jeito que foi encontrado”, explica Bachini. Ele acredita na palavra das autoridades. “Há uma promessa da prefeitura de refazer nosso centro de treinamento do mesmo jeito que era antes. Inclusive, alguns funcionários já fizeram medições do espaço para a construção de um muro de contenção próximo ao rio”, comenta.
No campo, o NFFC havia instalado 410 metros de alambrados, além de três portões de acesso, conforme exigência do Corpo de Bombeiros. Estava em andamento a construção de dois vestiários, duas salas (uma de enfermagem e outra de arbitragem), além de 12 lojas, que seriam alugadas. “A escolinha contava com 326 atletas, de pré-mirim a júnior. Os juniores, aliás, começariam a disputar a terceira divisão do campeonato estadual a partir de julho. Também estávamos firmando um convênio com as escolas de Conselheiro. Os alunos do Rui Barbosa e do Feliciano Costa utilizariam o campo duas vezes por semana”, diz o presidente, confiante que em breve todas as atividades serão retomadas. De acordo com ele, o clube tem até a intenção de criar um departamento de futebol profissional.
Prejuízos também na parte social
Não foi apenas em seu centro de treinamento que o NFFC sofreu perdas. “Nossa parte social também foi muito afetada. Até hoje não encontramos uma empresa para retirar a lama, que se acumulou em todo clube. Perdemos computadores, móveis, o dinheiro que estava no cofre e até documentos históricos. O clube está inutilizável”, lamenta Bachini, que se viu obrigado a dispensar seis funcionários para “adequar as receitas do clube”.
Bachini explica que, enquanto o local estiver fechado, apenas os sócios proprietários deverão pagar suas mensalidades. “O pagamento dos sócios contribuintes está suspenso. A não ser que haja mensalidades atrasadas, esses sócios só pagarão se quiserem colaborar com o clube”, informa o presidente.
Em relação à sede do clube no Centro, onde hoje funciona um estacionamento, Luiz Fernando Bachini afirma que a arquibancada do estádio serviu de espaço para o recolhimento de doações de agasalhos. Entretanto, no local também foi registrado prejuízo. “Infelizmente, pessoas urinaram na arquibancada e a urina foi parar nas lojas que alugamos, na Rua Dante Laginestra. Arcamos com as despesas, mas iremos levar o caso ao Ministério Público”, avisa Bachini.
Quanto às especulações de desapropriação do centro de treinamento para a construção de casas populares, o presidente garante que não passam de boatos. Enquanto o local não é reconstruído, o clube volta suas atenções para dois projetos: o primeiro é alugar um campo para retomar as atividades com o futebol; o outro é limpar a sede social e reinaugurá-la no dia 16 de maio, quando Nova Friburgo completará 193 anos.
Deixe o seu comentário