Bruno Pedretti
No dia 12 de janeiro, a maior catástrofe climática do país assolou a Região Serrana. Desde então, apesar de todas as iniciativas para trazer um pouco de alegria ao município, a tristeza e a aflição continuam sendo os sentimentos mais presentes no coração dos friburguenses. Oficialmente, 438 pessoas faleceram apenas em Nova Friburgo, mas milhares de cidadãos foram atingidos direta ou indiretamente pelo desastre. A população, que sofreu com a perda de familiares, amigos e bens materiais, ainda busca forças para tentar reerguer o município que ainda está destruído, principalmente nos pontos mais afastados do centro da cidade — e com a pressa de quem tem medo de uma reprise da tragédia no próximo verão.
Passados seis meses há protestos e esperança para que as obras de reconstrução, enfim, se iniciem — e cessem um pouco o sofrimento das pessoas que aqui vivem. A maior reclamação dos friburguenses é com o descaso público em relação ao município, que até agora não recebeu qualquer obra de grande porte para reparar os danos causados pela tragédia. Apesar de já terem sido anunciadas verbas dos governos federal e estadual para a construção de 3.200 residências populares, o reparo de oito encostas, além da reconstrução de 20 pontes, nenhuma destas obras foi iniciada — o que vem gerando preocupação e indignação à população.
Moradores de Conselheiro Paulino, Córrego Dantas, Floresta, Jardim Califórnia, Campo do Coelho, Rui Sanglard, Vila Amélia, Duas Pedras, entre outras localidades mais afastadas, estão notadamente revoltados com a demora no início das obras e o fato de inúmeros pontos problemáticos não terem sequer entrado na lista de prioridades. Até mesmo no Centro reclama-se que autoridades visitam os locais afetados e não tomam providências efetivas. Na Rua Cristina Ziede, por exemplo, os moradores criticam a movimentação de caminhões no local — sem que a situação se altere.
Destaca-se entre tanta tragédia e tristeza a iniciativa popular — a união e a força do povo friburguense, que em cada comunidade organizou mutirões para limpar ruas e casas, colaborou com doações para famílias e lugares mais atingidos, enfim, cada qual procurando fazer bem-feita a sua parte enquanto cidadão friburguense.
Os friburguenses esperam há seis meses pela reconstrução. Além da limpeza, falta muito para que a Suíça Brasileira volte a ser um local tranquilo para viver — e aqui se volte a respirar o famoso ar puro, deixando poeira e sujeira num passado tão recente quanto triste.
Um ano de calamidade pública
Na edição de A VOZ DA SERRA de 9 a 11 de julho, o prefeito Dermeval Neto assina decreto prorrogando o prazo de calamidade pública por mais seis meses. Desta forma, Nova Friburgo ainda passará um ano inteiro sob esta condição.
Deixe o seu comentário