Nova Friburgo, a esperança não pode morrer!

terça-feira, 01 de fevereiro de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Nova Friburgo, a esperança não pode morrer!
Nova Friburgo, a esperança não pode morrer!

Como se fosse um pesadelo, Nova Friburgo foi lambida por um tempestuoso momento, que ficará para sempre na lembrança do seu povo, mas que, certamente, todos gostariam que fosse apenas um mau sonho, para não ter que avistar a cruel realidade espalhada pelos quatro cantos da cidade. As terras que desceram das montanhas pela força da água da chuva, juntamente com pedras e troncos de árvores, tornaram-se uma verdadeira e grande avalanche em diversos bairros, destruindo tudo o que encontrava pela frente. O município inteiro foi abalado e inúmeros (ainda) óbitos foram registrados.

O espanto ainda ganha visibilidade nas faces dos moradores e, acoplado, o medo persiste por cada gotícula que despenca do céu, mesmo que de forma branda. São pessoas que tiveram seus sonhos arrancados com brutal ferocidade e que viram suas vidas se desfazendo em milésimos de segundos. Famílias inteiras foram extintas; casas desapareceram de tal forma, como se nunca tivessem sido construídas; sem energia elétrica; sem água potável; sem internet; sem telefone nenhum; sem as coisas mais simples que uma pessoa humilde precisa para sobreviver. Pobres, ricos, pardos, brancos, negros, mestiços... A dor e o desespero semelhantes para todos na cidade de Nova Friburgo.

O céu da cidade serrana ficou quase sem espaço nesses últimos dias pela circulação de tantos helicópteros que faziam o resgate das vítimas e de emissoras de televisão e rádio, que transmitiram para todo o mundo tal acontecimento. O campo do Friburguense nunca recebeu tantos pousos e decolagens em toda a existência da cidade, com vítimas do maior alagamento da história de Nova Friburgo e de todo o Brasil. Foi lá, no campo, também o local para o desembarque da presidente da República do Brasil, Dilma, que esteve por quase uma hora observando o caos que se tornara uma das cidades mais pacatas de todo o Estado, muito contemplada por turistas, por suas belíssimas cachoeiras de águas cristalinas e por seu clima ameno.

Em meio a tanta lágrima, surgiu também a solidariedade, ou seja, pessoas comuns, que iam de porta em porta pedir roupas e tudo mais que fosse necessário, para entregar aos numerosos desabrigados da região - tentativa bonita que ameniza, um pouco, a carência destes.

Na manhã de sexta-feira, 14, alguns boatos proporcionaram mais confusão entre a população, como o da represa que teria se rompido próximo à pedra do Caledônia. Foi um corre-corre muito grande entre os populares do bairro de Olaria, que buscavam as ruas mais altas das circunvizinhanças, até todos se lembrarem que não existe tal reservatório em Nova Friburgo. Um triste episódio, que gerou mais perturbação neste povo já tão penitenciado física e psicologicamente. Outro fato desprezível foi que alguns comerciantes se aproveitaram da situação para lucrar sem dó e piedade.

Alguns apontam, neste instante, a culpa por tal catástrofe de uns e outros, mas, de fato, de quem é a culpa? Da natureza? Do homem, que construiu sem analisar com profundidade o solo e o entorno, ou de algum outro que autorizou tal construção?

Acredito que o mais importante é que de agora em diante tomem-se algumas atitudes para evitar que toda esta tragédia volte a escolher Friburgo como alvo, e isto pode se iniciar dentro de cada pessoa. Talvez este seja o momento para avaliar o próprio comportamento em relação ao meio ambiente – já que todo o planeta vem sofrendo com ações climáticas desgovernadas, por causa, muitas vezes, do próprio ser humano, e de se buscar alternativas coerentes e significativas, por parte governamental, visando a boa condição de vida da comunidade em geral.

Embora as circunstâncias para a população do município de Nova Friburgo pareça ainda impedir qualquer continuação à vida, deve-se buscar agora a tranquilidade, para enxergar com muita sabedoria os próximos passos a serem dados. Não pense no que se perdeu, pense apenas no que não se perdeu: a sua própria vida. Não deixe que a lembrança ruim se apodere das emoções, lembre-se dos momentos alegres do passado e encontre aí o combustível para engrenar a confiança de que tudo vai dar certo. Eleve seus pensamentos a Deus e busque Nele o sustento. Não perca a esperança!

Foto e texto: Alex Sandro Santos

alex.sandro.fotografias@gmail.com

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