Notícias da Floresta - Reinventar a roda ou aprender as velhas lições para ter um país mais uno e forte

Por Valdir Veiga - valdir.veiga@gmail.com
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
por Jornal A Voz da Serra

“Não adianta querer crescer sozinho;
elevar os muros dos condomínios sem levantar paredes de escolas nas favelas vizinhas. Ocupar a favela, sim, mas para instalar postos de saúde, saneamento, e plantar árvores para proteger as encostas” 

Alguns dos amigos que conheci nos últimos anos são de outros países, como a Colômbia. Sempre recebo deles as mais amplas manifestações de amor ao Brasil: o país que os abrigou, que forneceu o  trabalho ou a pós-graduação que seu país não dispunha. Na Manaus de hoje, haitianos são vistos trabalhando em lojas de materiais de construção, como garçons ou em pequenos comércios, conseguindo o sustento que seu país destruído não pode prover. No Rio de Janeiro muitos são os argentinos e uruguaios implementando seus negócios, ajudando a desenvolver a região, gerando mais impostos e empregos.
Se somos a escolha de tantos povos que aqui encontram conforto, emprego, estudo, braços abertos para se fixarem, paro para pensar no que nos falta e vejo que é uma direção clara de onde queremos chegar. A Costa Rica nos mostra que preservar a biodiversidade é uma maneira de ganhar muita sustentabilidade com ecoturismo. A Coreia do Sul já provou que a solução é investir pesado em educação. Cuba não tem tanto para investir em educação, mas a prioriza.
O que há, por toda parte, é a união de cada federação visando o objetivo comum de ter um país mais forte. É o Estado orientando os estados para o caminho a ser seguido. No Brasil ainda não funciona assim. As guerras fiscais que São Paulo trava constantemente para retirar indústrias da Amazônia não melhorarão o país. Também não serão as quedas de braço de capixabas e fluminenses para ficar com todos os royaltes do petróleo do pré-sal (que não está em águas estaduais, mas federais)  que trarão melhores condições a estes estados, em detrimento dos vizinhos.
Se há algo que as últimas décadas nos ensinaram é que não adianta querer crescer sozinho; elevar os muros dos condomínios sem levantar paredes de escolas nas favelas vizinhas. De nada serve enriquecer e investir em segurança se não houver inclusão social para os mais pobres. Ocupar a favela, sim, mas para instalar postos de saúde, saneamento, e plantar árvores para proteger as encostas. 
Há guerras sendo travadas, e em muitas delas estamos perdendo as batalhas. Será muito pior para nossos filhos se deixarmos que mais florestas sejam devastadas com a diminuição da área de proteção dos rios. Com a desculpa de poder plantar mais (já existe muita terra para agricultura!), joga-se mais pesticidas no lençol freático, enfraquece-se as margens e aumenta-se o assoreamento, morrem os rios. Um rio que seca permanentemente no nordeste significa menos alimentos (mais caros) e menos chuva para irrigar as nossas plantações.
Na distante Rio92 houve um lema que foi pouco lembrado na Rio+20: Pense globalmente, haja localmente. Essa é uma daquelas lições antigas, simples e eficazes que devemos escolher aprender como segui-las, sendo pró-ativo. A passividade é o atraso, excluir-se do processo político de escolha de novos governantes só favorece aqueles que reinventam a roda com novas ideias revolucionárias, regionalistas, protecionistas para manter o poder e o lucro onde sempre estiveram.

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