“Quimicamente, as plantas choram, gritam e são ouvidas pelas outras e por nós, que escolhemos não entender com a ignorância humana que ainda nos
afasta dos demais seres vivos”
Conversando com um amigo vegetariano, discutíamos sobre os porquês de consumir somente os produtos vegetais e não os animais. Se por um lado existem os hormônios animais, por outro há os pesticidas. Se há a agricultura orgânica, seu custo e volume inviabilizam o consumo para a população mais pobre. Se somente frutas caídas forem consumidas, os nutrientes para o solo são perdidos. Se são mais saudáveis, os vegetais carecem de algumas de nossas vitaminas essenciais. Há argumentos para os dois lados. Na minha opinião, a sobrevivência humana não pode dispensar o uso de diversas fontes de alimentos, em especial das proteínas animais, tão necessárias como o cálcio do leite (também animal!).
Mesmo que não se coma a carne, do gado tudo se aproveita. Do couro se confeccionam roupas, sapatos e também partes de veículos; botões são feitos dos cascos e chifres; combustíveis, desodorantes, xampus e detergentes são produzidos a partir da gordura animal. Afinal, a vida moderna e os bilhões de habitantes do planeta podem abrir mão disso tudo? Os argumentos principais dos vegetarianos são sempre os mesmos: o sofrimento animal, criá-lo somente para o abate não parece ser natural.
Mas e o alface, será que não sofre? Pode parecer que não. Afinal, não há olhos a suplicar, nem os gritos audíveis no abate. Não há como correr, fugir, lutar por sua vida. Por outro lado, aí talvez resida o lado mais cruel dos vegetarianos: se alimentar dos seres vivos menos capazes de se defender.
Quem tem um cão ou um gato normalmente consegue interagir com o animal, e muitas pessoas conversam com eles, os compreendem em seus mais diversos desejos, como de carinho ou alimento. Mas e as plantas, será que não se comunicam ou apenas nós é que não compreendemos? Muitas pessoas que conversam com plantas observam a melhoria de seu desenvolvimento, também observado quando em um ambiente com música clássica, como Mozart. Exatamente como funciona, ainda não se sabe, mas são muitos os enigmas na ciência.
Quem caminha próximo de um gramado recém-cortado sente o aroma típico do tecido foliar da grama sendo exposto ao ar. Pesquisas recentes mostram que o cheiro que sentimos em qualquer folha cortada funciona como um sinalizador para as outras plantas de que há uma agressão próxima. As plantas das proximidades percebem este aroma, que funciona como um sinal químico, um grito de socorro e de aviso. Como resposta, as outras plantas aumentam a produção de celulose, do metabolismo oxidativo e de substâncias cicatrizantes e antifúngicas. Desta forma impedem infecções e se preparam para curar rapidamente o tecido agredido, caso a ameaça chegue até elas. Quimicamente, as plantas choram, gritam e são ouvidas pelas outras e por nós, que escolhemos não entender com a ignorância humana que ainda nos afasta dos demais seres vivos.
Não somos os únicos habitantes deste planeta. Precisamos nos acostumar com a ideia e tentar “ouvir” o que nos dizem as outras espécies que estão à nossa volta.
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