Notícias da Floresta - O amor da bandeira que faz falta no verde de nossas florestas

Por Valdir Veiga - valdir.veiga@gmail.com
sexta-feira, 07 de setembro de 2012
por Jornal A Voz da Serra

“Talvez, se o amor propagado por Comte não tivesse sido excluído do lema—Ordem e Progresso—, nutríssemos uma relação mais próxima com nossa biodiversidade, com as nossas florestas, em vez de lembrá-las como mato ou mata sem uso”

Desde muito pequeno, nos pátios do colégio, todos os dias, logo cedo, nos reuníamos para cantar o hino, assistir à bandeira sendo hasteada e elaborar o sentimento cívico que era lentamente construído: a pátria amada (salve, salve!), nosso hino, nossa bandeira. Um dos melhores momentos do ano era o desfile no dia da pátria. Quantos friburguenses não têm uma foto assim, de uniforme escolar?

Mais tarde, minha turma na universidade foi a última que teve disciplinas de Estudos dos Problemas Brasileiros, que logo em seguida foram extintas. Moral e civismo deixaram de ter importância para aqueles que escolhiam o que as crianças e jovens deveriam aprender. O apoio teórico na escola, apesar de existir àquela época, nunca foi bom. A letra de nosso hino, de beleza inigualável, não era bem compreendida com todas as inversões de sua construção conotativa, poeticamente simbólica.

A bandeira tampouco teve sua estrutura bem explicada: o verde de nossas matas, o amarelo de nosso minério, o branco da paz e o azul do céu; era o ensinado. Como na grande maioria das bandeiras dos países, as cores representam as “castas dos nobres”, as famílias da realeza, como o verde dos Bragança (de D. Pedro) e o amarelo dos Rabsburgo (da princesa Leopoldina). O branco é onde se apresenta o lema Ordem e Progresso, na qual são expressos, parcialmente, os belos ideais do positivismo de Auguste Comte: “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”.

Independente dos ideais iniciais, o mais importante é o que o símbolo representa para a nação. O verde da bandeira realmente é referência para a nossa biodiversidade. Mas, talvez, se o amor propagado por Comte não tivesse sido excluído do lema, nutríssemos uma relação mais próxima com nossa biodiversidade, com as nossas florestas, em vez de lembrá-las como mato ou mata (Atlântica), sem uso.

Diante dos desfiles lembramos também dos militares. Alguns irão recordar a ditadura, essa época recente e ainda doída de nossa história. Outros irão se perguntar sua função em época de paz. Na Amazônia, os militares têm funções importantíssimas. São eles que defendem nossas imensas fronteiras. Auxiliam não só na preservação das florestas, mas são símbolo de segurança, de assistência médica, de soberania, de coragem.

Durante o ano os símbolos da pátria parecem só fazer sentido em momentos de comemoração esportiva. Nesta semana vale lembrar dos ideais de Comte, empunhar com orgulho os nossos símbolos e defender as florestas, nossos recursos minerais e a paz em que sempre vivemos.

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