Desde os primeiros dias do atual governo, seus condutores procuraram viabilizar meios para montar esquemas que confinariam a mídia em patamares reguladores que conteriam matérias investigativas ou denúncias que ainda precisassem de aprofundamento pelos canais competentes, eventualmente a polícia ou o Ministério Público. E tais medidas se tomaram mais urgentes quando um jornalista americano, do New York Times, ridicularizou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como adepto de libações alcoólicas. O correspondente foi chamado às falas e Lula, em um primeiro momento, em um de seus rompantes, baixou decreto expulsando o ousado repórter do Brasil. Mas a emenda foi pior que o soneto. A repercussão mundial do fato, condenado por todas as entidades de imprensa, pela sociedade e pela opinião pública, prevaleceu e tiveram que tomar o intempestivo ato de expulsão em simples reprimenda e os ânimos se acalmaram. Não para os áulicos palacianos, o núcleo-duro do poder, representado, à época, por José Dirceu, Luiz Gushiken, Dulcci, Luizinho e Gilberto Carvalho. E tiveram início estudos para elaborar métodos de controle da mídia que se acirraram quando da eclosão do “mensalão” quando o mandato de Lula perigou e o projeto de 20 anos no poder balançou, mantido por uma oposição que ponderou com a ameaça à governabilidade e recolheu as armas. Os projetos continuaram a ser urdidos na sombra outras vezes às claras, como quando um anônimo deputado apresentou projeto criando o Conselho Federal de Jornalismo, entidade que controlarias jornalistas, puniria e determinaria até o impedimento do exercício profissional para os recalcitrantes. Desta vez contando, inclusive, com o apoio de centrais sindicais e da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas - CUT). Mais uma vez a arremetida falhou em virtude da repulsa geral e o Palácio do Planalto arquivou a medida, mas não desistiu dela. O presidente Lula entendeu o recado e procurou outras vias para calar a mídia enquanto fazia juras de devoção à liberdade de expressão e de imprensa.
A presidente eleita, Dilma Rousseff, conhece o art. 220 da Constituição Federal, que veda todo e qualquer manifesto à censura, seja de natureza política, ideológica e artística e determina que nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade da informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social e tem manifestado, fervorosamente, sua disposição de impedir a censura. Os políticos têm pouca credibilidade entre nós brasileiros pela mobilidade de suas palavras. Como exemplo, temos o CPMF, que todos prometeram que não aumentariam impostos, mas está na pauta, desta vez como “exigência dos governadores”. A sociedade deve estar alerta para não ter sua imprensa castrada. A “democratização” da mídia que está sendo articulada nos altos escalões visa silenciar sobre escândalos e maracutaias...
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