A desinformação ainda é grande entre o eleitorado e não estão devidamente esclarecidos sobre quem é quem na corrida presidencial. A confusão resultante do desconhecimento da política partidária, contudo, será esclarecida durante o horário obrigatório na televisão que, segundo José Serra, é tudo, menos gratuito. O primeiro teste na mídia eletrônica confirmou o que já se sabia sobre o candidato tucano: ele tem vasta experiência frente às câmeras e usa com desenvoltura, conhecimento e oportunidade os minutos que lhe cabem. A grande surpresa, contudo, ficou por conta da sra. Dilma Rousseff, candidata surgida como num passe de mágica que Lula tirou do bolso do colete em um show político. Não que ela tenha sido brilhante ou genial, mas simplesmente pelo fato de não ter sido um desastre total nesta sua estreia frente a frente com outros candidatos e sob os olhos de milhões de telespectadores. Salvo duas ou três intervenções gaguejantes e nitidamente nervosas e alguma supervalorização da atuação da sua grei, a neófita saiu melhor que a encomenda e surpreendeu os marqueteiros que a prepararam. Dona Marina, do pequeno PV, esteve bem comportada e dir-se-ia que até coadjuvou os candidatos que lideram as pesquisas. O sr. Plínio de Arruda Sampaio, do nanico PSOL, está na corrida para puxar legenda, fazer proselitismo e aumentar a bancada federal. Sem compromissos ou alianças, pode soltar o verbo em cima do PT, ele mesmo um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, e desancar Lula e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e as políticas de ambos. Para o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), Plínio “foi o que mais polemizou, divergiu, questionou e isso é da essência do debate e da própria democracia.”
Os brasileiros não são exatamente os mais politizados dos sul-americanos e, na verdade, a política entre nós é considerada uma forma de enriquecer e conseguir bons resultados para seu grupo e a família. Aspectos como ideologia, convicção e ideais não entram no esquema e a opinião geral é que todos os participantes acabam enriquecendo e conseguindo impunidade. Uma prova. Se a justiça eleitoral não tivesse impedido o emblemático Joaquim Roriz, com base na Lei da Ficha Limpa, ele seria candidato ao governo de Brasília e seria eleito no primeiro turno com cerca de 70% dos votos. Isso, note-se, na capital do país.
Enfim, o teste da televisão aprovou e todos passaram no vestibular. Agora é esperar a continuidade, trazendo votos de que persista o alto nível.
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