Notas do Repórter - 4 de junho

quinta-feira, 04 de junho de 2009
por Jornal A Voz da Serra

O PT e a alternativa

Pela primeira vez ao longo da intensamente divulgada candidatura da ministra Ida Casa Civil Dilma Rousseff à Presidência da República foi admitido, em praça pública, que trata-se de um movimento unilateral, exclusivista que ainda não recebeu a sanção partidária e que greis aliadas não foram consultadas se aceitavam carregar o andor e em troca do quê. Enfim, o presidente Lula, que patrocina a prematura iniciativa, concordou em que é preciso o aval da convenção nacional e o fechamento de acordos e alianças para que os atuais aliados do PT - Partido dos Trabalhadores - no poder continuem a formar uma base política. Inevitavelmente, surgirão óbices para a concretização da pretensão presidencial. O primeiro deles é o de que dona Dilma não é uma petista histórica, não tem tradição partidária, não consta como filiada com serviços prestados à agremiação e a imposição do seu nome passa por cima de correligionários de extensas biografias públicas com a sigla do partido. Um outro item refere-se à total falta de experiência política da candidata que nunca passou pelo exame das urnas seja em eleição proporcional ou majoritária. Vai fazer a estreia logo para o primeiro cargo da República. O terceiro item é um acidente de percurso, improvável e imprevisível: a doença maligna que acometeu a ministra que já provocou uma cirurgia e que implicará tratamento quimioterápico para só então ocorrer um diagnóstico definitivo, favorável ou desfavorável.

A história do país registra casos de outros políticos que ocultaram o estado de saúde para embalar projetos eleitorais e cujo desenlace foi fatal e os pertinentes a Petronio Portela e Tancredo Neves, ambos com o pé no Palácio do Planalto, um escondendo um infarto e o outro tendo o estado de saúde maquiado pelo staff são recentes. A candidata, dentro do perfil que a caracteriza, apresentou ao país, em entrevista coletiva, o problema dizendo-se disposta a enfrentá-Io, não abrindo mão de suas atividades ministeriais e pronta a enfrentar uma longa e extenuante campanha eleitoral que a levará a cruzar o país diversas vezes, atendendo às exigências das pesquisas e das convocações dos aliados, todos com interesses políticos regionais.

Se por um lado louva-se a maturidade com que a senhora Dilma Roussef encara a situação, pelo outro surge a preocupação nos quadros partidários de que urge estudar alternativas que possam ser viabilizadas ou então deixar as coisas acontecerem contando com desfechos positivos e satisfatórios o que não acontece na política onde não se cogita do acaso. Parece desumano abordar o tema com esta colocação mas, ainda que todos desejem a recuperação total da ministra após a quimioterapia, não existe outra.

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