Investigar e fiscalizar
O sonho dourado de caudilhos de todos os naipes, além da perpetuidade no poder, será, sempre substituir a ação investigativa e fiscalizadora da mídia e seu poder contundente de denunciar por uma amestrada e remunerada atividade meramente informativa, se possível laudatória e conivente. Mas não é assim que a banda toca. O jornalismo, em qualquer quadrante do globo, tem inerente em sua atividade, a essência da contestação, da crítica e da fiscalização fundamentada na investigação. Em seus albores a imprensa marcou tais características como sua filosofia de atuação e por isso mesmo se transformou em um dos pilares da democracia pois é impossível dissociar esta da liberdade de expressão, o que significa que nada será escondido da sociedade e que o malfeito e os desvios virão a público. A punição, esta sim, é tarefa adstrita aos poderes competentes.
Luiz Inácio Lula da Silva não tem o perfil dos ‘condottieri’ e dos chefes militares que dirigiram nações. De pouca instrução, nunca tendo vestido uma farda o presidente formou a personalidade em meio aos conchavos, artimanhas, pressões e sofismas do sindicalismo de resultados, no qual todos os truques são válidos para chegar aos ‘acordos’, invariavelmente benesses salariais ou sociais e o interesse nacional não entra neste esquema. Getulio Vargas, ditador, comprou as lideranças sindicais com os cargos de ‘juiz classista’ sinecura no judiciário para brindar os dirigentes amestrados, Lula entregou às centrais de trabalhadores os cargos de delegados régionais do Trabalho e DASs. Ministeriais. Urgia, contudo, aplainar o Legislativo e o ‘mensalão’ surgiu das elocubrações do grupo palaciano que elegeu o petista, hoje desmontado e quase provocou outro ‘impeachment’ em nossa história eleitoral. O episódio terminou com a acomodação da oposição e o bordão “eu não sabia”, agora implantado no anedotário político.
Dirigentes inconformados com a fiscalização de jornais e revistas manifestam opinião de que jornalistas deveriam apenas informar. Resta a pergunta quem afinal investigaria desvios e os denunciaria? A tropa de choque do governo no Congresso calada sobre uma CPI como a da Petrobras que interessa a toda a sociedade após as dezenas de denúncias sobre desvios na mídia?
O jornalismo brasileiro tem como característica total isenção e extraordinário senso de sua missão e as tentativas de quebrar a espinha dorsal da liberdade de expressão não vingarão. Lula passará e a imprensa continuará fiscalizando, investigando e denunciando.
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