Notas do Repórter - 1° de julho

quarta-feira, 01 de julho de 2009
por Jornal A Voz da Serra

Reis de Souza

Brasília e a realidade nacional

Nos idos de 1980, alguém, na mídia, cunhou a expressão ilha da fantasia para classificar Brasília, capital federal, parodiando popular série televisiva sobre uma localidade imaginária, onde os partícipes viviam situações destorcidas da realidade. A alcunha logo pegou pois em virtude das mordomias a cidade construí da por JK parecia não estar no Brasil. O sono letárgico nacional foi ampliado pelas endemias, pela pobreza e pela corrupção e Brasília cresceu entre polpudos vencimentos, dobradinhas de salários e benesses de toda ordem sedimentando o hoje nacional apelido. Lá continuam os empregos mais bem pagos do país que fazem a alegria dos que aportam a ilha para o exercício de mandatos eletivos, assessorias parlamentares, ministeriais ou palacianas e toda a família que certamente não ficará ao desamparo. Senadores e deputados estão submersos em desvios de conduta referentes a diárias, passagens aéreas, telefones celulares, cartões corporativos, superfaturamento, nepotismo e até grosseiras falsificações para explicar rendimentos ou para burlas na verba indenizatória. E a avalanche espraia para servidores sem imunidade que constroem mansões de milhões de reais procuram esconder da Receita Federal e até castelos medievais, tudo em ilegalidade marcante. Nos Ministérios a farra com as verbas é inacreditável e são alvo do jornalismo investigativo que não tem mais páginas para divulgar tantos escândalos. Todos, sempre, submetidos a rigorosos inquéritos ou a inócuas CPIs que significam impunidade.

Enquanto na ilha deputado distribui passagens aéreas para amante e senador fornece para filhota em vilegiatura pelo estrangeiro celular pago com verba oficial, o país vê a população aglutinada em facções de sem-terra, sem-teto e sem-emprego, mantida nos limites por medidas que incluem distribuição de bolsas e de parcos recursos com fins inconfessáveis, já que nada resolvem. Até quando?

O funcionalismo público custa mais de cem bilhões/ano ao contribuinte que recebe em troca um serviço canhestro e deformado. Só o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inchou o Estado em cerca de 200 mil funcionários desde sua posse em 2002, pagando-os com verbas tiradas do desenvolvimento do país. Saúde, um lixo, educação, catastrófica e segurança, um caos total, já atingem a ilha que se protege com grades, vigilantes e cercas eletrificadas. A realidade nacional, de puro desespero com o que acontece, começa a sitiar Brasília, hoje dentro de um cinturão de favelas e de guetos e o ruído dos excluídos começa a inquietar e a preocupar ...

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