A SIP e a liberdade de imprensa
Foi sintomático e esclarecedor o relatório da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) mas fica apenas como um registro, na abordagem de regimes “socialistas” ou declaradamente comunistas da América Latina, na vã tentativa de calar, amordaçar ou simplesmente minimizar a liberdade de expressão de jornais, revistas e emissoras. Venezuela, Bolívia, Cuba e Nicarágua são países onde o risco de um jornalismo independente e revelador das verdadeiras condições, constitui risco total e o Brasil, pela impunidade nos crimes cometidos contra jornalistas e jornais, em número assustador, vai ocupando destaque entre os que aspiram silenciar a mídia para chegar a seus fins nem sempre confessáveis.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve condenadas as críticas “quando não lhe agrada o enfoque do noticiário ou um comentário” e quando assinala que “não lê jornal” passando a si mesmo um atestado de apedeuta e desinteressado do que ocorre no país. De acordo com o documento da SIP tramitam no Congresso Nacional 86 projetos que impõem restrições à publicidade, setor que interfere na liberdade de imprensa via sufoco econômico.
O presidente da SIP, jornalista Enrique Santos Calderón, destacou ainda atentados que ocorrem contra empresas de comunicação, assinalando que existe um conúbio perverso entre o interesse político e a distribuição de verbas oficiais, quando são privilegiados apenas os que incensam e louvam atos e atividades do governo.
A SIP enumera dez episódios de cerceamento ao trabalho de jornalistas no Brasil desde outubro de 2008 que vão desde a apreensão de periódicos, processos contra editores e até a prisão de profissionais de imprensa por opinião e menciona que alguns repórteres e diretores foram vítimas de agressões e assassinato. A SIP que representa as principais empresas de comunicação do continente classifica tudo que está ocorrendo de muito preocupante para o jornalismo, para a liberdade de expressão e para a própria democracia.
Uma coisa é certa. Desde que Hipólito da Costa, patrono da imprensa brasileira, exilou-se em Londres para continuar sua luta contra o regime colonialista editando o Correio Braziliense, onde denunciava a prepotência e a exploração até os dias de hoje, o jornalismo nacional deu provas de que veio para ficar, mesmo a contragosto dos que detêm o poder, ou apesar deles. Foi assim na ditadura do Estado Novo, continuou com os regimes militares e, por certo, superará quantos aprendizes de caudilhos surgirem das urnas dos conchavos. O Palácio do Planalto questionado não quis comentar o relatório da Sociedade Interamericana de Imprensa.
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