Lulismo e poder político (2)
Luís Inácio Lula da Silva é hoje um político suprapartidário, que independe das siglas legais para participação no teatro eleitoral. Por sua vez, o PT – Partido dos Trabalhadores e sua bandeira de lutas, o ideário progressista que conseguiu reunir os melhores nomes da esquerda brasileira foi descaracterizados e hoje é apenas um apêndice do lulismo, verdadeiro detentor do poder político, o capital eleitoral que leva ao poder. Esta transformação de grei majoritária em simples componente da base aliada. Obedeceu a um plano delineado e estudado a partir do momento em que eram apanhados, por corrupção, os nomes mais expressivos do petismo e fiéis ao princípio de preservar o chefe a todo custo, foram entregando os gabinetes sem delação. Uma história com os contornos da Máfia siciliana. Todos, mesmo os com salas ao lado do presidente, foram sendo substituídos com vantagem, pois eles se sentiam donos da vitória de Lula nas eleições, chefes petistas de longos currículos, históricos, e os que chegavam (o atual primeiro escalão) vinham de derrotas eleitorais submissos e prontos a darem sequência ao projeto do lulismo. A ex-senadora e atual líder do PSOL, Heloísa Helena, incorruptível e inconformada com os rumos, rompe com Lula e sai do partido com os melhores quadros da agremiação e, por pouco, nas eleições (2006) não faz uma surpresa. O PT, desfigurado, amorfo, sem programa, sem compromissos, está aceitando tudo que Lula determinar sem prévia consulta à executiva nacional, que parece não existir. O partido das mudanças cedeu lugar ao lulismo.
Fenômeno político inquestionável, o presidente Lula já foi classificado como grande eleitor, que elegeria até um poste. As recentes eleições municipais (2008) demonstraram que não é bem assim e que os marqueteiros do Palácio do Planalto estão de plantão, não deixando passar oportunidade de inflar a bola lulista. Exceto em São Bernardo do Campo (SP), onde ele se empenhou e conseguiu eleger o companheiro Luiz Marinho, seu ex-ministro, todas as outras participações, nos locais onde subiu nos palanques, as vitórias foram pífias ou estrondosas derrotas, como em São Paulo, Rio Grande do Sul e Ceará, demonstrando que com todo o aparato publicitário, não é tão fácil eleger postes e a transferência de votos é sempre uma incógnita.
Lula tem reduzida expressão na classe média e entre os intelectuais, que é contornada com o Bolsa Família, agora atendendo a cerca de dez milhões de famílias com renda inferior a um salário-mínimo, o que, aí por baixo, significam 20 milhões de votos, e é com esta logística que ele pretende eleger dona Dilma, com vistas a conseguir um posto internacional para não sair da mídia e preparar uma volta triunfal em 2014. Com sucesso ou malogrado, Lula não é um adversário fácil e conhece todos os meandros da política, especialmente as vias que não se aprende nos livros e nas faculdades.
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