Lulismo e o poder político (1)
Com seis anos governando o país o presidente Lula já permitiu que seja traçado seu perfil mais íntimo e já abriu a guarda sobre sua personalidade, principalmente com os jornalistas, categoria que ele até hostilizou, mas que depois entendeu que ruim com ela, pior sem ela. Lula é controverso e polêmico, de entendimento difícil e muito desconfiado com tudo que o cerca e hesita em tomar decisões. Lança mão, constantemente, de um processo de se autovangloriar e até cunhou uma expressão “nunca na história desse país”, que supervaloriza suas iniciativas administrativas, que indica um complexo de inferioridade principalmente em razão de suas notórias dificuldades culturais e a carência de um diploma universitário no currículo. Ao iniciar a gestão, Lula era um chorão de primeira linha e foi muito difícil para ele suplantar o emocional que lhe tolhia as palavras e o debulhava em lágrimas, com a expressiva vitória nas urnas, mas ele conseguiu e hoje passa ao largo do assunto, contudo, não superou uma irritabilidade que o leva a agredir quando não encontra meios para uma abordagem mais elegante, chegando às gafes, à terminologia chula e à ofensa. Seus assessores insistem nos discursos escritos, sem improvisos que podem causar grandes danos. Recentemente ele conseguiu, com duas frases, agredir a ONU (Organizações das Nações Unidas), Israel e os EUA, este o principal parceiro econômico do Brasil.
O presidente começa a marcha para o encerramento de seu segundo mandato, pois 2009 será ano de conchavos, acertos, alianças, permutas e acordos e 2010 será ano eleitoral, em que se decidirá se efetivamente ele tem este prestígio todo.
Com uma comunicação popular notável, dono de um carisma que tem base em uma bem estruturada história de vida (sua biografia é adquirida aqui e no exterior), o presidente caracterizou sua atenção pela redistribuição de renda e inclusão social e ainda que não tenha atingido a estrutura dos problemas, foi o gestor que mais se aproximou de uma definitiva erradicação da pobreza e das condições subumanas em que viviam parcelas enormes de nossa população. As medidas foram de superfície, sem profundidade, mas inéditas e conseguiram atingir faixas esquecidas, bolsões de miséria que serviam como currais eleitorais e, com isso, por sua vez, conquistou a simpatia e o agradecimento nestas áreas. Investindo no paternalismo, enfatizando o discurso contra a discriminação racial e com um franco e aberto populismo, Lula chega ao mais alto patamar de aprovação de seu governo (cerca de 80% a favor), ele vai ao exagero de sagrar uma sucessora (a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil), desconhecida do grande público, das massas e à revelia dos partidos que lhe dão sustentação. É o Lula acima das siglas partidárias inebriado com o sucesso. Em um momento dramático de seu governo, poucos acreditavam que ele superaria a crise do mensalão e muitos viram, inclusive, no episódio, o momento para trazer a lume o impeachment. Mas o tema foi rapidamente esgotado e limitado, os envolvidos não foram às últimas consequências e os líderes oposicionistas, em nome da governabilidade, recolheram as armas. E tudo se resumiu com o “eu não sabia” e algumas noites insones de Lula. O processo se encontra no STF, devido ao foro especial dos integrantes, e está previsto para as calendas gregas.
Do livro O LULISMO E O PODER POLÍTICO. Adquira o seu exemplar remetendo R$ 25 (vinte e cinco reais) para a Caixa Postal 1133 - Rio/RJ - Cep 20001-970, em nome de Reis de Souza Editora Limitada.
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