Notas de um moleque desocupado - 17 de maio

sexta-feira, 16 de maio de 2008
por Jornal A Voz da Serra

Aqui na Cascatinha é mais frio que no Centro. Eu saio de casaco, chego ao Centro e o pessoal está de bermuda e camiseta. Mas Friburgo exagera. Se no Rio o pessoal sente frio por qualquer coisinha, aqui é o contrário; pode estar o frio que for, abaixo de zero e o escambau, que sempre tem gente de bermuda e camiseta na rua. Quando o céu abre um pouquinho de nada, todos começam a falar “que calorão!”. E olha que sou calorento, hein...

Não se pode dar mole com esse tempo. Você sai todo tropical e daqui a pouco o tempo vira. Eu também caio nessa. Outro dia peguei uma gripe desgraçada por causa dessas viradas de tempo que só ocorrem por aqui. O pior da gripe não é nem o período da gripe propriamente dito, esse só dura um ou dois dias. O pior é aquele período que vem em seguida, em que você não está mais arriado, só que fica com o nariz escorrendo o tempo todo, ou então tossindo sem parar; essa fase é um saco, e demora pra caramba.

Um foco de gripe é essa festa da Via Expressa. De noite, ao ar livre, cheio de árvore em volta, com o frio e o vento caindo em cima com tudo. Mas nesse ano não será tão pesado porque resolveram enfiar a faca. Cobrar vinte e cinco reais de entrada numa festa que costumava ser de graça ou quase de graça? Isso é que é mudar da água pro vinho. Por um lado, é bom. Só vai quem realmente quer ver o show. Por outro... vinte e cinco reais? Putz. Nem sei se irei algum dia. Tenho outras coisas em mente para fazer com vinte e cinco reais. Mas também não descarto.

Será que já organizaram a programação do Festival de Inverno? Eu gostava mais quando era no Country. O do Sesc não chega nem aos pés. Não entendo essas mudanças pra pior. Lembro que no Country rolavam os concertos no teatro, todos de primeira, e também tinham aqueles workshops durante o dia, e por fim os shows do gramado, que eram shows populares, mas não ficavam para trás. Já essa nova versão do Festival de Inverno não tem quase nada. Eles enfiam uns programinhas alternativos, tipo aula de pintura com os dedos etc, só pra disfarçar.

Friburgo precisa de um repertório cultural do porte do antigo Festival de Inverno, ou ficará no limbo. Falo de repertório cultural mesmo; cinema (isso já tem um pouquinho), shows, concertos, teatros, livrarias e tudo o mais. Nem só de aula de pintura com os dedos vive a cultura.

Em suma, se Friburgo tivesse tanta cultura quanto tem moda íntima, estaria resolvido o problema.

Gostaria de poder fundar uma cidade. Ela se localizaria onde o tempo não virasse, seria temperado. Uma mistura de metrópole e cidade pequena. Ninguém ficaria com a sensação de estar sufocado pelo caos de cidade grande nem de estar enterrado no buraco de uma cidadezinha. Eu povoaria a cidade com mulheres lindas e legais. Os homens seriam gente boa, do tipo que todo mundo quer ser amigo. Teria muita cultura, festivais o tempo todo (e não só com aulas de pintura com os dedos), lojas com produtos interessantes, shows de primeira... e tudo baratinho, ou quase. O nome da cidade seria Shangri-lá, obviamente.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade