Notas de um moleque desocupado - 13 de dezembro

Por Daniel Frazão
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
por Jornal A Voz da Serra

Escrevendo depois de uma noite de insônia. Insônia sempre foi um dos meus maiores problemas. Não que a encare como um problema. Nunca fui muito fã de dormir. Na verdade, acho uma tremenda perda de tempo; se não fosse uma necessidade fisiológica, passaria a vida acordado. Ouvi dizer que passamos cerca de um terço da vida dormindo. A vida é curta demais para se dormir tanto.

Hoje à noite os mosquitos não me deixaram dormir. Calor e mosquitos são duas coisas que por mim não existiriam.

Por falar em calor, lembro daquele dia de calor na Suíça. Nunca imaginei que pegaria calor na Suíça, mas peguei. Nada comparado a esse calor pegajoso e abafado daqui, mas de qualquer forma, calor. As manhãs suíças são sempre iguais: frias, não importa a estação do ano ou a temperatura prevista pela meteorologia. Assim, você não consegue sair sem casaco. De tarde a coisa muda de figura, e pode até fazer calor. Foi isso que aconteceu naquele dia.

Levantei da cama, estiquei os ossos e olhei pela janela. A Suíça todinha do lado de fora. Eu planejara escrever durante algumas horas.

“Ah, dane-se a caneta. Não vou ficar aqui escrevendo. Vou sair.”

E saí, assim que o sol esquentou.

Parece incrível, mas entrei na água. É verdade. Não imaginei que fosse tomar banho de lago na Suíça, já que nem aqui eu tomo. O lago Leman é tão grande, que parece o mar. Você acharia que é o mar, se não soubesse que na Suíça não tem mar. Mas é o bom e velho Leman, o mesmo lago que banha Genebra e posa para os cartões-postais com aquele jato d’água pra lá de conhecido. Mas não o chame de “lago de Genebra”; os suíços não gostam nem um pouco disso. Para todos os efeitos, chama-se Leman (é assim que se escreve?). E lá estava eu dentro dele, com uma cadeia de montanhas repletas de neve ao redor. Por mais calor que faça, aquelas montanhas de neve impressionam; o frio na espinha é inevitável.

Mas voltando ao assunto, eu estava acordado hoje à noite e acabei ligando a tevê. Discovery Channel. Sintonizei um programa muito engraçado chamado “não sei o que Sem Cortes”. Uma raposa com raiva atacou um cara bem na porta da casa dele. O sujeito tinha uns duzentos quilos e a raposa mordeu o tornozelo dele até o osso. Uma cena impressionante. O cara chegando em casa com um pacote de pão de forma, a raposa saindo do cipreste e avançando em sua direção a mil por hora. Quando ele caiu em si, a raposa já estava grudada no seu tornozelo. Desarmado, tudo que o sujeito fez foi bater na raposa com o pão de forma. Ela acabou largando e correndo de volta para o cipreste. Realmente muito engraçado. Parecia Cujo, de Stephen King. É preciso canais como esse, onde se vê uma raposa raivosa atacando um homem de duzentos quilos sem nada para se defender além de um pacote de pão de forma. O pior é que ele tinha medo de injeções e não quis fazer o tratamento contra a raiva. Hehehe. Só aceitou as agulhadas quando já estava à beira da morte.

Lá pelas quatro e meia da manhã, consegui dormir. Tremenda perda de tempo.

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