Falar de política ou falar de qualquer outra coisa? Essa é fácil. Qualquer coisa ganha da política. Qualquer coisa é mais interessante, mais dinâmica e mais literária que política. Política é o assunto dos sem assunto. E não importa o quanto de verborragia, piruetas literárias e adjetivos canastrões se usem; política sempre será uma merda. É como uma frase que vi num filme de terror ontem à noite. Um filme baseado em Christine, o livro pra lá de incrível de Stephen King. A frase é a seguinte: não dá para se polir um cocô. É mais ou menos por aí.
O engraçado é que existem zilhões de cronistas políticos. Todos basicamente falando a mesma coisa. Não que seja culpa deles. A culpa é da falta de assunto do assunto em questão. É uma história que já foi lida de cabo a rabo, de trás para frente.
Sou anarquista por natureza. Sabe, as pessoas têm uma visão errada em relação ao anarquismo. Falo do legítimo anarquismo. Não sou anarquista porque quero o caos. É justamente o contrário. Sou anarquista porque quero a harmonia. A questão é simples.
Não fecho com Rousseau. Acho que em essência as pessoas são harmoniosas. Mas se viciaram no caos. Como qualquer outra coisa estúpida, o caos vicia. Assim, temos uma humanidade inteirinha de junkies. Levaria um bom tempo para nos desintoxicarmos do caos. A crise de abstinência seria forte.
Imagine só, lá estavam os homens das cavernas, vivendo tranqüilos em suas cavernas. Todo mundo comia, dormia e corria de mastodonte. Até que algum espertinho achou um pedaço de pau mais pesado que o normal e começou a botar banca.
– Vamos organizar essa porra! A partir de agora todo mundo levanta o dedo pra falar! E vai ter fila pra ir ao banheiro!
Logo os outros perceberam que era só achar um pedaço de pau um pouquinho maior para poder levantar a voz. Ao fundo, Assim Falou Zaratustra sonorizava a atmosfera. Cem mil anos depois a mesma música faria a introdução dos shows do Elvis.
O caos é fruto da ordem. A ordem nasce do caos. A falsa ordem gera o caos verdadeiro. E a verdadeira ordem... Bem, não sei onde ela está. Com certeza não está por aí. Ah, esqueça. Não sou nenhum doutrinador e odeio conceituações.
Fico imaginando como serão as coisas daqui a cem mil anos. Algum espertinho vai inventar um canhão de raios supersônicos e dizer:
– Vamos organizar essa porra! A partir de agora todo mundo levanta o dedo pra falar! E vai ter fila pra ir ao banheiro!
E como nesse mundo as informações circulam (desde muito antes da internet), logo os outros também inventarão seus próprios canhões de raios supersônicos. Zaratustra já está ficando meio batido...
Mas vamos falar do filme que vi. Ou melhor, do livro do King. Já leu Christine? Está esperando o quê? É sobre um carro mal-assombrado, um carro dos anos 50 que mata todo mundo que se põe entre ele e seu dono. O rádio do carro só toca música dos anos 50. Parece irrelevante, mas é isso que cria a atmosfera. E você sabe, atmosfera é muito importante.
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