“É indispensável viver o vosso drama, conhecer-vos detalhe a detalhe, no longo processo do aperfeiçoamento espiritual! Uma existência é um ato, um corpo, uma veste, um século, um dia, um serviço, uma experiência, um triunfo, uma aquisição e uma morte, um sopro renovador.”
Esta é uma das fortes mensagens passadas pelo espírito de André Luiz, que descreveu detalhes de como é a “vida” no plano espiritual, na colônia Nosso Lar. Nas telas dos cinemas Brasil afora, o filme mostra uma das maiores obras psicografadas pelo médium Chico Xavier, que já é um best seller em sua 60º edição e já vendeu cerca de dois milhões de exemplares, somando mais de 16 milhões de leitores no mundo inteiro. O livro já foi traduzido para o inglês, alemão, francês, espanhol, esperanto, russo, japonês, tcheco, braile, grego e é o campeão de vendas da literatura espírita, considerado como um dos dez melhores do século XX.
A vida após a morte é o tema central deste drama sobre a transformação de um homem em sua surpreendente e edificante experiência no plano superior. Ao abrir os olhos, o médico André Luiz sabe que não está mais vivo. Embora sinta fome, sede e frio, constata que não pertence mais ao mundo dos encarnados. Novas lições e conhecimentos, então, entrarão no caminho deste homem que, enquanto aprende como é a vida em outra dimensão, anseia em voltar à Terra e rever a família. No entanto, ao conseguir ver seus entes queridos, percebe uma grande verdade que o faz entender uma das maiores verdades aprendidas em sua trajetória: a vida continua para todos.
Com direção de arte grandiosa e efeitos especiais jamais vistos em produções nacionais, o filme registrou a melhor bilheteria de estreia desde os anos 90. Ao todo, são cerca de 600 mil pessoas que já passaram pelos cinemas de todo o Brasil. A magnitude da produção foi tamanha, que também marcou a vida dos atores, que conversaram com A VOZ DA SERRA, relatando suas crenças e um pouco mais sobre o privilégio de trabalhar na obra. A entrevista começou com Renato Pietro, que protagoniza André Luiz. Acompanhe!
A VOZ DA SERRA: Como foi a preparação para interpretar André Luiz?
RENATO PIETRO - Fui submetido a todo o tipo de experimentação para apresentar um resultado plausível do que eles queriam dizer através do personagem André Luiz. Eu cheguei a emagrecer quase 17 quilos e, ao mesmo tempo, fazia um trabalho de seis a oito horas por dia de experimentação de textos e comportamento. Não foi fácil, tive que passar por uma série de perdas, sofrimentos e modificações. Tive que mudar a minha visão interna, para ver o mundo através dos olhos dele. Então fiquei mais quieto e observador. Foi um período que não quis ter muito contato com o externo, com pessoas que me trariam todos os comportamentos do cotidiano. Eu estava onde a vida tinha me levado, ao lado de pessoas que estavam me ajudando a chegar a meu objetivo, com todos incentivando e colaborando, mas sabia que a maior parte desse sacrifício dependia de mim.
AVS: Você já tinha pensado em interpretar o André Luiz?
RENATO PIETRO - Eu já tenho um projeto de vida, de gostar do assunto. Eu acredito em tudo o que é abordado dentro da temática. Das coisas que fiz em teatro, este foi o único personagem que eu nunca quis fazer. E podia fazer. Em muitos casos tive o direito da escolha e, com a exceção de uma cena que é psicografada pelo Chico Xavier, nunca foi um personagem que eu quisesse fazer, e hoje acho que entendo melhor isso. Se eu tivesse feito o personagem André Luiz em algum outro trabalho, em teatro, vídeo, talvez eu tivesse me impregnado de informações que teria que me descasar depois. Achei ótimo que tenha sido eu o escolhido, mas tive que ralar para isso, e ralei muito.
AVS: Como foi a construção do personagem?
RENATO PIETRO - Acho que a construção do personagem partiu do meu corpo, que foi modelado à imagem e semelhança de um personagem que não tem nada a ver comigo. Eu deixei que meu corpo pudesse ser modelado para chegar àquela imagem, que realmente atingiu o resultado físico e artístico que a produção queria. Se a gente conseguiu isso, então conseguimos chegar a algum lugar.
AVS: Quem é André Luiz e como ele foi para o Nosso Lar?
RENATO PIETRO - André Luiz é pseudônimo de um médico que, nos anos 20 e 30, foi famoso no Rio de Janeiro. Respeitado, ele tinha todos os conhecimentos de medicina. De repente, ele, médico, casado, feliz, descobre que está com uma doença incurável e morre. Quando ele morre, exatamente por esse descompromisso de não observar o que acontecia à volta, acaba perdido numa zona que, na espiritualidade, a gente chama de Umbral – uma região onde os espíritos de uma certa ignorância moral ficam para resgatar esses erros. Até um momento em que ele não suporta mais o que estava passando e pede ajuda.
AVS: Quando o trabalhador está pronto, o trabalho aparece...
RENATO PIETRO – Exatamente, e a temática do filme engloba isso, né? Ele pediu ajuda, e a ajuda veio. O livre arbítrio é respeitado em qualquer circunstância; desta forma, o dele foi respeitado. Enquanto ele preferiu ficar na escuridão, ficou. Então, ele é resgatado e levado para uma colônia espiritual, chamada Nosso Lar, onde fica um período no hospital, em tratamento, se recuperando. Mesmo voltando a sua imagem e semelhança, ele não deixa de ser um pouco arrogante, questiona, não quer falar com enfermeiros, quer falar com superiores. Até que percebe que, ou bota a mão na massa e vai aprender, ou vai ficar estagnado, este é o livre arbítrio dele. E ele decide por a mão na massa.
AVS: Como foi a jornada de aprendizado do personagem?
RENATO PIETRO - Uma vez recuperado em Nosso Lar, ele começa a buscar caminhos de aprendizado. Como medicina é o que ele conhece, vai buscar trabalhos com a enfermeira Narcisa, interpretada pela Inez Viana, que mostra que a medicina ali é diferente. Ele começa a observar e a colocar em prática com os espirituais uma mistura dos conhecimentos que tinha na Terra. A partir daí, começa a crescer, até poder estar com a família. Ele reencontra a família e vê que a mulher está com outro, e isso o deixa muito revoltado. Ele quase tem uma retomada ao Umbral, tal estado de energia que se coloca. Mas ele exerce o perdão e começa a crescer espiritualmente, pois coloca os conhecimentos dele a serviço dos outros, passa a olhar para todos os lados, e isso faz com que André Luiz esteja hoje numa condição espiritual muito grande.
AVS: Como você definiria a trajetória dele em poucas palavras?
RENATO PIETRO - A trajetória dele é mais ou menos esta: a morte, a incapacidade de se curar, a vida na espiritualidade, o resgate de si próprio e o conhecimento espiritual a serviço de todos.
AVS: Qual é a sua relação com a história de Nosso Lar?
RENATO PIETRO - Este filme é a resposta de tudo que acredito. Eu nasci acreditando em tudo aquilo que está ali. Eu cresci sem que tivesse nenhuma informação a respeito disso, no entanto, aquilo ali, para mim, sempre foi muito real, sem que alguém me dissesse ou eu lesse. Nosso Lar, a colônia, ou histórias parecidas com a do Nosso Lar, são o resultado de tudo o que sempre acreditei, hoje acredito muito mais, e assim vou continuar, por toda a eternidade.
AVS: E como você acha que o público está entendendo este filme?
RENATO PIETRO - Cada um de nós fez o trabalho para que o público possa ter a certeza de que é possível fazer de sua vida o melhor, que a dor só chega se o amor não chega antes. São muitos os ensinamentos que vão ajudar a cada um de nós a dar um salto adiante. Espero que, quando alguém quiser colaborar de alguma forma para o crescimento de um próximo, ofereça como presente o filme ou o livro Nosso Lar, com a intenção de que este outro faça de sua vida o melhor.
Atores falam de Nosso Lar
Fernando Alves Pinto - Lisías
“Nosso Lar é muito interessante porque, por um lado, é futurista; por outro, é inventivo. Parece que os espíritos que vão para lá e que constroem o lugar são muito cuidadosos com o estilo da arquitetura. Grande parte das coisas que se faz aqui na terra é feita para ganhar dinheiro, até remédio é feito para você precisar de mais. Lá, como teoricamente é mais próximo de uma utopia anarquista, as coisas são feitas como deveriam ser. A estética é mais fácil de ser harmoniosa. As coisas funcionam como a gente acha que deve ser. Até os políticos são gente boa (risos).”
Inez Viana – Narcisa
“Quando fui convidada para fazer Nosso Lar, fiquei muito pensativa quanto ao tema. Não é a minha religião, e todos nós temos muitos preconceitos. A religiosidade é uma questão muito forte no Brasil e eu fiquei um pouco reticente com a possibilidade de ficar estigmatizada por fazer um filme espírita. No entanto, comparando com 2 Filhos de Francisco, você não precisa gostar da música do Zezé de Camargo & Luciano para se emocionar com o filme, como foi o meu caso, pois eles não são os meus cantores preferidos, mas eu me envolvi com a história. Você pode não acreditar em vida após a morte, mas não é só disso que o filme trata, ele trata de uma questão maior, que é como você olha para o próximo, como você pode, a partir de agora, ter um olhar mais generoso com o outro em meio a esses tempos conturbados. Para mim, foi um trabalho muito gratificante, e é quase como se tivesse quebrado vários tabus. Eu fui surpreendida, e acho que isso acontece com as pessoas também.”
Rodrigo dos Santos - Tobias
“Eu sou um cara do candomblé, iniciado no candomblé. Estou buscando minha evolução espiritual na minha cultura, que não é só uma religião, é também uma cultura, uma forma de vida, de relação com a natureza, com as divindades. Você não precisa ser religioso para saber que se relacionando com uma pessoa ou pensando de uma determinada forma, o outro vai sentir sua intenção. Eu acredito nesse fluxo de energia e gosto de concentrar positividade, de boas vibrações e bons fluidos. Entrar numa sequência de filmes espíritas é interessante do ponto de vista técnico da ficção científica, através das mensagens que esses livros têm para passar e, ao mesmo tempo, para divulgar essas obras espíritas, até mesmo para humanizar mais os espíritos e espiritualizar mais os homens. Não esperem a morte para se tornarem felizes, para trabalharem pelo bem. Nosso Lar é aqui, então façamos o bem agora.”
Werner Schünemann – Emmanuel
“Vivo no filme um personagem solar, que concentra a fraternidade do ser humano de forma absolutamente singular e verdadeira. A partir do contato com essa personalidade, ao mesmo tempo simples e grandiosa, busquei, através de muitas leituras, observações e conversas, assimilar a sua maneira de ver o mundo e se relacionar com os homens. Meu foco nessa busca foi entender e introjetar a fraternidade a partir do ponto de vista deste espírito iluminado. Busquei a síntese de tudo o que é fraterno no ser humano para me aproximar e me entregar ao personagem. Tenho com o espiritismo uma relação de profundo respeito e intensa curiosidade. O fenômeno me atrai como ficção coletiva. Tenho vontade de estudar, analisar, entender. As religiões, de uma maneira geral, provocam em mim esta reação. Vejo como criação do homem, que busca e alcança, através delas, a salvação, a redenção.”
Othon Bastos - Anacleto
“Eu comecei a frequentar umas sessões em centros espíritas por causa do meu pai, e acabei ficando muito mais próximo do que um simples visitante. Comecei a participar dessas reuniões espirituais e fui me entrosando, comecei a ler e conversar com as pessoas a respeito. Foi daí que passei a me interessar bastante por esse fenômeno que é o espiritismo. Eu li o livro Nosso Lar há muitos anos, também através de meu pai, pois ele tinha uma biblioteca sobre espiritismo, mas nessa época eu lia mais por curiosidade. Quando soube que este livro seria filmado, pensei: que maravilha! Mas nunca tive a intenção de chegar e dizer ‘quero trabalhar, quero fazer isso’. Fiquei muito feliz quando me chamaram para fazer o governador do filme.”
Ana Rosa - Laura
“Na minha carreira toda em TV, teatro, cinema, circo, já tive oportunidades de fazer uma entidade desencarnada. Eu fiz uma comédia chamada Uma Mulher do Outro Mundo, para TV; por muitos anos fiz o espetáculo Violetas na Janela, em teatro; e participei de Chico Xavier, no cinema. É legal porque você leva para o público esses ensinamentos todos, de uma forma prazerosa. Eu acho de uma importância vital que se façam mais filmes tratando dessa temática espírita, mostrando o que é a vida do lado de lá.”
Paulo Goulart - Genésio
“Sou espírita há mais de 30 anos, então poder falar sobre este tema me faz muito bem. Sinto-me fazendo a minha parte, contribuindo para a divulgação da doutrina de uma maneira especial, através da arte.”
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