Nos trilhos do ferrorama...

Colecionador friburguense guarda brinquedos que marcaram gerações
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
por Jornal A Voz da Serra

Vinicius Gastin

Nada mais divertido que viajar no tempo através de brinquedos antigos. Cada boneco, video game, jogo ou um simples objeto traz as recordações de alguma época que não volta mais. Mas basta fazer uma visita à casa de Rogério Albertini para reviver parte desses momentos. O colecionador friburguense guarda entre 800 e 1.000 brinquedos, das mais diferentes décadas, a partir de 1950. A ideia de mostrar aos filhos os brinquedos da infância, com o tempo, se transformou em paixão por colecionar.

"Dentre as muitas coleções, a que eu mais gosto é a dos brinquedos antigos. Ainda hoje eu compro e ganho alguns. Estou guardando os dessa geração, porque o colecionador pensa sempre no futuro. O que conseguimos com facilidade agora, daqui a dez ou 15 anos será difícil de encontrar.”

Portanto, a coleção apenas aumenta. As últimas aquisições do colecionador foram os bonecos de lutadores do MMA. "Quanto não vai valer um boneco do Anderson Silva daqui a uma década? Comprei já pensando no valor do objeto daqui a alguns anos”, explica. 


Falcon, telejogo, ferroramas...

Rogério afirma que não é fã das lutas, tampouco de objetos que façam algum tipo de alusão à violência. Entretanto, possui alguns brinquedos históricos de personagens marcantes. O revólver-espoleta, utilizado pelo Zorro, por exemplo, faz lembrar os tempos em que as armas eram meras demonstrações de força dos heróis. "Hoje em dia nós perdemos um pouco dessa inocência. Antigamente, as armas eram apenas detalhes nos grandes seriados de televisão.”

O Falcon, fabricado pela Estrela, fez sucesso no início dos anos 80 e representava um personagem aventureiro, ainda sob a influência militar dos primeiros Comandos em Ação, lançados durante a guerra do Vietnã. O boneco evoluiu com o passar dos anos e ganhou novas versões até o início dos anos 2000. "É um brinquedo muito raro, e chega a custar entre mil e dois mil reais. Guardo com muito carinho, pois marcou a minha infância.”

O primeiro presente de natal de Rogério Albertini, um jogo de botão, também compõe a coleção, e remete à tradição de esperar a chegada de Papai Noel na noite do dia 24 de dezembro. Por isso, ele ainda guarda o "Fla-Flu” com os rostos desenhados de cada jogador. "Lembro que quando dava meia-noite, os nossos pais nos acordavam e diziam que o Papai Noel havia passado. Quando eu vi o campo montado, com aquele estrelão representando a marca do fabricante, senti uma felicidade enorme.” 

As condições financeiras limitavam Rogério, e a aquisição recente de autoramas, ferroramas e motoramas realizam alguns sonhos de infância. "Todas as crianças desejavam ter um autorama. Apenas a Papelaria Simões, que nem existe mais, vendia esse brinquedo em Nova Friburgo. Era muito caro, e ainda exigia o uso da eletricidade. Adaptando para os dias de hoje, deveria custar cerca de 2.500 reais. Nós brincávamos na casa de amigos que tinham um poder aquisitivo maior e fazíamos uma grande festa”, recorda.

Desta forma, a bola de gude, o peão e a bola de meia eram as principais opções de lazer. Cada objeto é devidamente guardado e preservado, tanto em caixas de papelão, embalagens e plásticos, quanto no coração de Rogério. "Qual criança terá a oportunidade de jogar gude na rua, ou futebol descalço no meio da calçada? Ainda existe, mas é diferente por conta da violência, movimento de carros e outros fatores. Tive uma infância maravilhosa, e ainda guardo na memória todos aqueles momentos cada vez que pego um desses brinquedos.”


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