Promessa de maior agilidade e economia para os passageiros, o recém-implantado sistema de integração dos ônibus urbanos com o cartão Riocard tem gerado muitas dúvidas entre os usuários. Nos últimos dias a redação de A VOZ DA SERRA vem recebendo relatos de usuários que afirmaram não terem conseguido fazer a integração com o cartão.
De acordo com um destes usuários, para ir de Furnas ao Alto do Floresta sem sair do distrito de Conselheiro Paulino foi preciso pagar duas passagens. Isso porque o sistema RioCard, de acordo com a Cartilha do Usuário da Faol, não libera a integração entre algumas localidades de uma mesma região. Se antes o passageiro podia sair de Furnas, ir até o Centro, desembarcar na rodoviária e embarcar em outro ônibus, rumo ao Alto do Floresta, hoje não é mais possível com o pagamento de uma só tarifa. Neste caso, o morador de Furnas deve saltar na Avenida Roberto Silveira, no ponto em frente a Faol, e ir a pé até o Floresta ou desembolsar mais R$ 3,30, atual valor da passagem, para embarcar em outra condução. O mesmo acontece com viagens cuja origem é Furnas e o destino pretendido é São Jorge, Três Irmãos, Jardim Califórnia, Santo André, Belmonte, ou Fazenda da Laje.
Outra linha que restringe a integração é a de Riograndina. De acordo com o modelo, quem deseja ir do distrito para o Jardim Califórnia, São Jorge, Três Irmãos, Alto do Floresta, Floresta, Furnas, Alto do Catete e São Cristóvão, por exemplo, terá que pagar duas passagens.
Mesmo com a integração pelo sistema RioCard funcionando desde 2012, muitos passageiros utilizavam a rodoviária urbana para trocar de linhas pagando uma só passagem. É o que conta a professora Danielle Vogas, 33 anos. “Moro em Riograndina e tenho familiares em Furnas. Sempre ia ao Centro (rodoviária) para fazer a integração. Achei que o cartão facilitaria minha vida pois, achei que poderia descer em qualquer ponto da Avenida Roberto Silveira e pegar a linha de Furnas, mas ficou pior. Fui tentar fazer isso e descobri que não é possível. Paguei duas passagens”, reclamou.
Mas não são apenas os moradores da região norte do município que estão enfrentando problemas com o fechamento da rodoviária urbana. As linhas que partem de Amparo e Ponte da Saudade/Felipe Camarão também não fazem integração com as linhas de Nova Suíça e Theodoro, respectivamente. A complexidade do sistema não para por aí e gera ainda mais dúvidas. Outro exemplo: os passageiros que saem de Varginha conseguem embarcar em outro ônibus e seguir para Mury, pagando uma única passagem. Mas aqueles que saem da Granja Spinelli precisam pagar mais uma passagem para chegar ao Cordoeira. Antes, com a rodoviária, o passageiro saía da Granja Spinelli, descia no terminal e embarcava em outro ônibus para o Cordoeira sem pagar mais de uma passagem.
Procurado pela equipe de reportagem de A VOZ DA SERRA na tarde da última quarta-feira, 10, o coordenador operacional da empresa Faol, Armando Lopes, explicou que “a integração considera grupos de linhas determinados pelo sistema. O modelo implantado na cidade foi estudado cuidadosamente e feito a partir da demanda de cada local”, pontuou. Questionado sobre as linhas que não permitem a integração, ele disse ainda que “no caso da linha 210 (Furnas-Parque das Flores), nós imaginamos que a pessoa vá descer na Roberto Silveira e seguir a pé para outra localidade de Conselheiro Paulino”, acredita ele.
Segundo o gerente do Procon de Nova Friburgo, Julio Siqueira Reis, o sistema pode estar violando o direito do consumidor. “Eu ainda não tive acesso a essa cartilha e nem às regras definidas para a integração. Porém, analisando os casos citados sob a ótica do direito do consumidor, sem sombra de dúvidas isso está errado. Conceder benefícios a uns consumidores e à outros não é violar flagrantemente o princípio da isonomia”, falou.
Se não bastasse a integração não ser total, outro problema relatado por usuários do sistema em Nova Friburgo foi a deficiência do validador acoplado às roletas dos ônibus. Somente na última semana, A VOZ DA SERRA recebeu diversas ligações de passageiros que, mesmo em linhas em que é permitida a integração, pagaram duas passagens. “As pessoas não sabem mas, é preciso estar de olho no leitor do cartão. Ao entrar no primeiro ônibus ele tem que estar indicando ‘ida’ e no segundo (ao fazer a integração) o validador deve mostrar ‘volta’. Se aparecer ida nas duas vezes é porque não estamos fazendo integração e, sim, pagando outra passagem”, disse um leitor que preferiu não se identificar.
Questionado pelo fato, Armando explicou que é responsabilidade dos cobradores e/ou motoristas realizarem a troca dos sentidos das linhas (ida por volta e vice-versa). “Não temos tido reclamações sobre isso. Os funcionários sabem da importância da troca e a fazem em locais estratégicos. Um exemplo é a linha Conselheiro-Olaria. O ônibus sai do distrito na região norte com a indicação ‘ida’, chegando ao Centro o cobrador troca para ‘volta’ e, quando chega em Olaria, para ida, novamente”, explicou Armando.
Ainda conforme ele, em caso de erro no validador, com o cartão, ou qualquer outro problema que impossibilite a integração, o passageiro deve ir até a loja da RioCard, situada na Rua Ernesto Basílio 39, Centro, com os horários de embarque, local e número de ambos os ônibus utilizados em mãos para reivindicar o reembolso.
A Riocard informou ontem que está acompanhando junto com a Faol toda a operação de uso dos cartões para integração nos ônibus. Técnicos da empresa realizam estudos do novo sistema, podendo fazer possíveis ajustes de acordo com as necessidades de cada local.
Rodoviária fechada
No último dia 5, a rodoviária urbana foi fechada para reformas na área interna e externa. Desde então o terminal está c ercado por tapumes. No local, após as obras que deverão durar um mês, será adequado um ponto coberto sem roletas para o embarque e desembarque de passageiros.
Na fase inicial, serão retirados o piso antigo, as grades e as roletas, além da realização da reforma dos banheiros, limpeza do teto e pintura das paredes pichadas, serviço de responsabilidade da empresa de ônibus Faol. Na parte externa, as plataformas de embarque e desembarque também passarão por modificações. De acordo com a prefeitura, intervenção custará R$ 160 mil.
Atenção para a mudança de itinerários de algumas linhas no Centro
As linhas Alto do Mozer, Alto de Olaria (micro-ônibus), Cascatinha, Catarcione, Felipe Camarão, Olaria, Perissê, Sítio São Luiz e Vargem Grande/Granja do Céu tiveram seus itinerários alterados desde quarta-feira, 10, informou a empresa Friburgo Auto Ônibus (Faol). Devido às obras na rodoviária urbana César Guinle, os ônibus destas linhas passaram a fazer o retorno na Rua Dante Laginestra e fazendo parada para embarque e desembarque normalmente no ponto da Praça Dermeval Barbosa Moreira.
A alteração vai permanecer até o final das obras no terminal na Praça Getúlio Vargas. Já o embarque e desembarque de passageiros dos ônibus oriundos da região norte e zona rural são realizados na Rua Sete de Setembro.
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