Depois de uma temporada de chuvas, o sol voltou com força total e este verão promete ser bem mais intenso que o normal. O Met Office, instituto de meteorologia do Reino Unido, divulgou no final de 2015 um relatório informando que a situação climática do planeta será de temperaturas altas neste ano. A previsão é que o calorão atinja patamares não observados desde 1880. Para aquelas pessoas que não se protegem nesse forte calor, vale a pena fazer uso de um protetor solar. Afinal, nesta época do ano o aparecimento de manchas, pintas e doenças são constantes.
A dica vem bem a calhar, pois hoje, 4, celebra-se o dia mundial do câncer, data escolhida para conscientizar a população sobre os muitos riscos e males causados pela doença. A UICC (União Internacional de Combate ao Câncer), aproveitando a ocasião, desenvolveu uma campanha com o tema “We can. I can” (Nós podemos. Eu posso). O intuito é alertar a população para o diagnóstico precoce de qualquer tipo de câncer, principalmente o de pele.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), das mais de 20 mil pessoas recentemente examinadas, 13,18% foram diagnosticadas com câncer de pele. “Os estudos mostraram que 90% das pessoas não usam protetor solar corretamente. Além do filtro, o autoexame é essencial. Porque manchas e outras marcas podem identificar um possível câncer, e a ida ao dermatologista também é importante”, explica Caroline Assed, médica do SBD.
Dalva Belém descobriu o câncer há mais de dez anos e diz não se preocupar pois está seguindo as recomendações. “Sou muito branca e pele clara acaba ficando vulnerável demais ao sol. Ir para a praia sempre foi motivo de estresse. E comecei a me atentar ao protetor solar depois que percebei um monte de manchas e pintinhas na minha mão e no meu colo. No início só queria ficar com a ‘cor do pecado’ e esquecia de me cuidar. Hoje, convivo bem com o câncer. Cheguei a fazer quimioterapia e graças a Deus deu tudo certo. Agora aonde eu vou passo o protetor, calço as luvas, uso chapéu e óculos”, conta Dalva.
A busca imediata por um bronzeamento pode esconder um dado preocupante. Em dez anos, foram registrados pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer) o aumento de 55% no número de mortes pelo câncer de pele.
Sinais de que aquela pinta é câncer de pele
A taxa de óbito entre os homens é grande. A cada 100 mil habitantes os dados subiram de 1,52 para 2,24 entre 2003 e 2013. Entre as mulheres, o índice cresceu de 0,96 para 1,29 por 100 mil no mesmo período.
O câncer de pele pode ser dividido em dois tipos. O mais agressivo e letal é conhecido como melanoma, desenvolve a partir de uma pinta escura. Já os não melanomas, divididos em carcinoma basocelular e espinocelular, geralmente aparecem sob formas de lesões que dificilmente cicatrizam.
De acordo com o chefe de serviço de dermatologia do Inca, Dolival Lobão, os não melanomas raramente matam. Eles possuem uma forte destruição local, mas dificilmente produzem metástase. “Geralmente os pacientes que tiveram esse tipo de lesão não tratam e passam anos e anos sem voltar ao dermatologista. Com isso, o câncer afeta os órgãos como pulmão, fígado e causa morte”, explica Lobão.
Tratamento
Quando descoberto o câncer a tempo, o tratamento fica ainda mais fácil. Para alguns tipo de tumores, a recomendação é a cirurgia. Mas em lugares como o rosto o tratamento vem se mostrando eficaz. A terapia fotodinâmica é o mais adequado.
É passado um creme no local e em seguida é jogada uma luz para analisar os pontos críticos. As células cancerosas absorvem aquele creme e elas morrem intoxicadas, mas o tecido vizinho é preservado. Este procedimento só serve para tipos não melanomas, mais superficiais.
Tatuagem pode dificultar o diagnóstico de câncer de pele
O Instituto Nacional do Câncer alerta para quem quer fazer tatuagem ou para quem já possui. A pigmentação na pele pode não identificar possíveis lesões de câncer. “Normalmente a pessoa tatua em uma área relativamente grande, em torno de dez centímetros, se essa área tiver muitas lesões pigmentadas, tipo sinais escuros, e se a tinta utilizada for preta, fica difícil você definir o tamanho da lesão, o contorno dessa lesão, algumas alterações do relevo, da coloração dessa lesão. Então, fica difícil acompanhar a evolução desses sinais”, afirma o oncologista do Inca Ronaldo Corrêa Ferreira da Silva.
Cerca de 35% da população dos Estados Unidos possui tatuagem, com idades de 20 a 40 anos. A Anvisa em 2014, suspendeu mais de 14 marcas de tintas usadas por tatuadores. Em Nova Friburgo, o tatuador Vitor Nogueira, que já trabalha há mais de dez anos na área, alerta pra quem quer fazer tatuagem no verão.
“Primeira coisa: se estiver pensando em ir para a praia, cachoeira, piscina ou qualquer atividade onde ficará exposto ao sol durante muito tempo, se programar para fazer a tatuagem no mínimo 15 dias antes dessas atividades. E após este período de 15 dias, tentar ao máximo não deixar a pele recém tatuada exposta ao sol e quando acontecer, abusar do protetor solar, fator 50 FPS ou mais. Assim estará cuidando da sua pele e da sua tatuagem nova para que ambas não sofram com a ação dos raios solares”, observa Vitor.
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