O segundo jogo do Brasil na Copa das Confederações será realizado nesta quarta-feira, 19, e já vem causando expectativa entre muitos torcedores. Tudo por conta dos eventos programados para quem quer assistir à partida entre a seleção brasileira e o México, que tem início às 16h e será transmitida em telões espalhados pela cidade. Um deles, montado na Praça do Suspiro, promete reunir um público de todas as idades com camisas verdes e amarelas distribuídas pela concessionária de transporte público. Trata-se da "Torcida Faol”, uma iniciativa que deve colorir a cidade e foi aprovada por grande parte dos usuários. Prova disso foi a extensa fila registrada ontem, 18, no estande de distribuição montado no interior da rodoviária urbana para os portadores do FriCard. Todos queriam garantir sua camisa para caprichar na torcida pelo Brasil e concorrer à camisa oficial da seleção brasileira e a cartões FriCard, que serão sorteados no intervalo do jogo.
A novidade foi bastante elogiada pelo jovem estudante Luiz Carlos Costa Júnior, que aguardava na fila para garantir a camisa. "É uma ação muito boa da Faol. A cidade precisa de coisas positivas como esta. Pretendo assistir ao jogo no Suspiro porque quero ganhar a camisa oficial da seleção”, disse. A balconista Rosângela Rimes também esperava pacientemente na fila. "Vim pegar camisas para mim e o meu marido. Com certeza ele vai assistir ao jogo no Suspiro, mas eu estarei no trabalho”, disse. Já a jovem Elenice Ramos criticou a distribuição das camisas apenas para os portadores do FriCard. "Também pago passagem e deveria ter direito a uma camisa”, pontuou.
Vale destacar que a transmissão do jogo no telão da Praça do Suspiro começa às 15h30, meia hora antes da partida, e é aberta a quem quiser participar. No local haverá estande de distribuição do número da sorte para quem estiver com a camisa "Torcida Faol” poder concorrer aos brindes. O sorteio vem causando expectativa entre muitos usuários e deverá contribuir para que a transmissão se transforme em uma animada festa, marcada pela vibração verde e amarela.
Outra opção para quem quer assistir ao jogo em meio à galera é ir ao Sesc, onde também foi montado um telão para transmissão das partidas da Copa das Confederações, com direito à decoração temática e muita diversão. O Sesc fica na Avenida Presidente Costa e Silva 231, Duas Pedras. Mais informações pelo telefone 2523-5000.
A novidade agradou em cheio os portadores
do FriCard de vários pontos da cidade
O grande movimento no estande montado na rodoviária urbana
para distribuição de camisas da "Torcida Faol” comprova a animação
dos torcedores para o jogo desta quarta da seleção brasileira
Da serra para o mundo
Fernando Bonan relembra início da carreira e comemora
oportunidade de narrar a Copa das Confederações e do Mundo
(FOTO) Viagens pelos estádios brasileiros trouxeram reconhecimento, prestígio e abriram portas para o locutor
Vinicius Gastin
"Ajeitou Echiejile, bateeeeu... balançou! Gooool da Nigéria! Com quatro minutos e 40 segundos de bola rolando!” Desta forma, o locutor esportivo Luiz Fernando Bonan descreveu o primeiro dos seis gols nigerianos na goleada sobre o Taiti, na última segunda-feira, 17, pela primeira rodada da Copa das Confederações. O radialista friburguense também narrará Itália x Japão e México x Japão pela Rádio Globo. E este é apenas um aperitivo para a Copa do Mundo de 2014.
A caminhada até a oportunidade de viver este momento foi longa e reservou diversos obstáculos. Aos 13 anos de idade, o então menino apaixonado por futebol de botão passou a acompanhar os jogos pelo rádio e a admirar locutores do nível de Jorge Cury, Waldir Amaral, Kleber Leite e Loureiro Neto. "Através do jogo de botão, começou a aflorar em mim o dom da comunicação esportiva. Eu jogava, narrava e fazia a sonoplastia da torcida. Ali eu transferia o que eu ouvia para a minha realidade. E assim fiz até os meus 22 anos”, revela.
A então inexistência da faculdade de jornalismo o levou a optar pelo curso de administração, mas sem abandonar o sonho de trabalhar com comunicação — durante anos, o jovem frequentou o auditório da Rádio Sociedade de Nova Friburgo. Através de contatos na faculdade, surgiu uma oportunidade na Rádio Sucesso FM: Bonan trabalhava durante o dia, fazia faculdade à noite e acordava de madrugada para comandar o programa. Uma rotina sacrificante. Dormir na emissora foi a solução encontrada para amenizar o desgaste, mas a situação tornou-se insustentável. Ao pedir demissão, o diretor Wagner Menta ofereceu o horário nobre da rádio, onde permaneceu até receber o convite para apresentar o Jornal Regional do SBT.
O sucesso na televisão quase o levou para São Paulo, mas o destino pregou-lhe uma peça: demitido do canal, foi informado sobre o fim da equipe esportiva da Rádio Sociedade de Friburgo, da qual também fazia parte. "Foi quando encontrei com o Wanderley Araújo, contei a minha história e ele me chamou para montarmos uma nova equipe.”
E assim começou a história que está completando 25 anos em 2013. O trabalho realizado na Rádio Nova Friburgo AM resultou na oportunidade de integrar o Sistema Globo de Rádio. "Uma consequência, fruto de tudo o que fiz na Rádio Friburgo, que é a minha casa e da colaboração de muitos amigos durante todo esse tempo”, destaca. Aos 52 anos de idade, Bonan justifica nestas palavras a alcunha "Juventude da Serra”, que fez questão de manter mesmo na emissora carioca.
(FOTO) Fernando Bonan e o comentarista Felippe
Cardoso, em uma das transmissões pela Rádio Globo
A VOZ DA SERRA: Você costuma dizer que a paixão pelo rádio começou quando era criança. Como ela surgiu?
Fernando Bonan: Imagine Nova Friburgo há 40 anos. Não havia nada para se fazer em termos de lazer. Os meus pais passavam por dificuldades. Eu e minha irmã tivemos sempre conforto, segurança, mas sem exageros. Nós tivemos uma boa educação, mas sem luxo. Então, as diversões da época, eu, com aproximadamente 13 anos de idade, eram ouvir futebol pelo rádio e jogar botão. Mantive essa rotina até meus 22 anos.
AVS: Naquela época, não havia faculdade de jornalismo. Como você se aproximou da comunicação?
Bonan: Eu trabalhava na prefeitura pela manhã, fazia faculdade de administração à noite e no período da tarde frequentava a Rádio Sociedade de Nova Friburgo para assistir ao programa do Dr. Aluisio. Essa foi a minha rotina por quase dois anos. Eu era apaixonado profissionalmente pelos grandes locutores, a ponto de imitá-los em casa. Eu queria ser repórter esportivo e passei a pedir ao Mario Thurler, Nei Costa, Humberto Fontão e toda a turma que estava na rádio. No período da faculdade, o Alexandre Gazé, diretor da Candido Mendes, me apresentou o Wagner Luis Menta, que estava vindo para Nova Friburgo para inaugurar a Rádio Sucesso FM. Então, o Wagner me arrumou um horário para que eu pudesse começar, das 4 às 7 da manhã. Pouca gente sabe disso. Eu trabalhava na prefeitura durante o dia, fazia faculdade à noite até às 22h, dormia até às 3h e andava da minha casa, perto do campo do Friburguense, até a rádio, que era no alto do Cordoeira. Mantive essa rotina por quase dois anos.
AVS: E não era cansativo?
Bonan: Sim, e eu não aguentava mais, pois nem estava dormindo. Sabe qual foi a solução? Eu comprei uma bicama e passei a dormir na rádio. Tudo isso por um sonho. Depois da prefeitura, trabalhei no Banco Nacional e na Brinks. Apesar de jovem, sou um ser humano, como outro qualquer, né? Mas não saía mais para me divertir. Eu aproveitava os fins de semana para dormir, não estava vivendo. O meu pai me deu forças para sair da Sucesso, continuar a faculdade e tentar um espaço na equipe esportiva da Rádio Friburgo, o que aconteceu pouco tempo depois.
AVS: Então você resolveu deixar a Rádio Sucesso...
Bonan: Sim, mas fui conversar com o Wagner e ele não aceitou me perder. Ofereceu um horário nobre do rádio naquela época, aos sábados e domingos, das 19h às 0h. Aquilo foi um prêmio pra mim e continuei por mais um ano. De lá, fui chamado para apresentar o Jornal Regional do SBT, e pouco depois fui sondado para ir para São Paulo. Fisicamente, eu lembrava muito o Gugu [Liberato, apresentador] e um dirigente paulista fez essa comparação ao assistir a um vídeo meu. Conversei com os meus pais, apesar de ter 25 anos, sobre essa possibilidade. No entanto, poucos dias depois, eu acabei demitido do SBT.
AVS: E como reagiu a esse momento de dificuldade? Pensou em desistir?
Bonan: Eu lembro que sentei no banco da Praça Dermeval Barbosa Moreira e comecei a pensar no que fazer da vida. A equipe da rádio Friburgo também tinha acabado e eu estava desnorteado. Foi quando encontrei com o Wanderley Araújo, contei a minha história e ele me chamou para montarmos uma nova equipe. Pedi ao Wagner Menta e ele me emprestou tudo o que era necessário. Foi dessa forma que a história de 25 anos na Rádio Nova Friburgo AM começou. Nós transmitíamos os jogos do Friburguense e as pessoas gostaram. O Wanderley era o narrador e eu o repórter de campo. Até então, eu não queria saber de narração.
AVS: Mas em algum momento essa paixão pela narração surgiu. Quando foi?
Bonan: Teve um jogo que o Wanderley não estava bem de saúde. Ele me ligou e pediu para que eu narrasse aquele Friburguense x Madureira, no Eduardo Guinle. Ali eu comecei e gostei do negócio, mesmo não falando nome de jogador nenhum e com a respiração altamente ofegante. Achei tão divertido que o Wanderley não voltou mais e passou a ser o repórter. Quando terminava o campeonato, havia o triangular decisivo e eu fiz a proposição de transmitirmos esses jogos no Maracanã. A partir dali, eu passei a conhecer muitas pessoas, passei a ser reconhecido como narrador e fui me aperfeiçoando. Imitava um pouquinho daqui e dali e a voz, conforme você vai trabalhando, falando, amadurecendo e envelhecendo, vai melhorando. Eu saí da Rádio Sucesso em 1988, quando o negócio na Rádio Friburgo virou profissão.
AVS: Dentro dessa caminhada de 25 anos, surgiu a proposta do Sistema Globo de Rádio. Como aconteceu?
Bonan: Certo dia eu estava no Maracanã, carregando a minha bolsa com os equipamentos para montar na cabine e encontrei um amigo operador técnico da Rádio Globo. Ele me contou que o Giovanni Pinto de Faria, daqui de Nova Friburgo, estava na direção na rádio e me incentivou a ligar pro Giovanni, pois a Globo iria contratar mais um locutor naquele ano, em 2008. Mas eu sempre tive dificuldade em pedir pra mim. Resolvi não ligar, pois há muito tempo não o encontrava e não sabia como iria me tratar. Dez dias depois reencontrei o operador e ele voltou a me incentivar. Então, peguei o telefone, liguei, fui muito bem tratado e convidado para um almoço. Quando cheguei lá, estavam o Giovanni e o diretor de esportes da rádio. Os dois já tinham gravado duas transmissões que eu fiz pela Rádio Friburgo e estavam prontos para fazer uma proposta.
AVS: Neste novo desafio, surge a oportunidade de narrar a Copa das Confederações e a Copa do Mundo no Brasil. Está empolgado?
Bonan: Eu já tive a oportunidade de participar da Copa do Mundo de 2006, pela Rádio Friburgo, com o sistema tradicional das transmissões pelo estúdio. Como eu fui para a Globo em 2009, pude fazer a da África do Sul no ano seguinte também nesse sistema, que chamamos de "geladão”. Estou muito mais empolgado com a Copa do ano que vem, pois serão 12 sedes no Brasil e espero, na qualidade de terceiro narrador do Sistema Globo de Rádio, que eu tenha a oportunidade de estar em algum estádio. É difícil dizer se será a última que acompanharei aqui, no nosso país, mas pela minha idade e pelo rodízio que a Fifa promove, dificilmente eu estarei em uma nova Copa no Brasil.
AVS: E como funciona a preparação para narrar este tipo de competição? Algo especial?
Bonan: A minha preparação acontece da seguinte forma: eu estudo as seleções que irão participar da Copa das Confederações. O pessoal do Sistema Globo de Rádio enviou aos narradores as escalações, "aportuguesando” os nomes dos jogadores para nos ambientarmos, com o objetivo de padronizar as narrações.
AVS: Em um dos seus bordões, você costuma dizer que é feliz porque faz o que gosta. Podemos dizer que o Bonan é um profissional realizado?
Bonan: Ainda não, eu quero mais. Não é questão de ser egoísta, e sim, um ambicioso do bem. Espero trabalhar até o fim da minha vida, pois não pretendo me aposentar. Vou até aonde Deus achar que devo ir e serei um eterno insatisfeito. Eu sempre busco a perfeição, a qualidade e o melhor que eu posso fazer.
AVS: E isso pode incluir novas mudanças? Já houve alguma proposta?
Bonan: Tive uma proposta sim. Há dois anos, eu estava chegando na Rádio Globo, recebi um convite de uma emissora de televisão do Rio de Janeiro para que eu fizesse parte da equipe esportiva. Conversei com as pessoas que me convidaram, fiz o teste de áudio e vídeo, passei e eles queriam que eu começasse na semana seguinte. Mas preferi recuar, agradecer e deixar as portas abertas. Meu pai sempre disse que devemos colocar as mãos onde alcançamos. Então, eu tinha acabado de chegar à capital para realizar um sonho. Como eu poderia, com menos de um ano de casa, sair e me aventurar numa televisão? Preferi consolidar minha carreira como locutor esportivo da Rádio Globo. Mais pra frente, quem sabe, se surgir uma nova oportunidade, eu vou pensar com carinho.
Nigéria x Taiti foi a primeira das três narrações
realizadas por Bonan na Copa das Confederações
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