NFP Automotive se muda para outro estado até o fim do ano

Adquirida por uma multinacional, empresa vai fechar as portas em Nova Friburgo após 60 anos
sexta-feira, 06 de julho de 2018
por Alerrandre Barros (alerrandre@avozdaserra.com.br)
NFP Automotive se muda para outro estado até o fim do ano

A transição dos negócios da NFP Automotive (antiga Torrington) está em fase final e deve ser comunicada ao mercado a qualquer momento. Adquirida por uma multinacional, cujo nome é mantido sob sigilo, a produção da empresa, com sede em Olaria, será totalmente transferida para outro estado. A fábrica fecha as portas em Nova Friburgo até o fim deste ano.

No prédio de tijolos vermelhos da fábrica, no número 440 da Avenida Conselheiro Julius Arp, o clima entre os funcionários é de tristeza e de incertezas sobre o futuro. A metalúrgica tem cerca de 100 empregados e maioria deve ser demitida. Alguns, entre eles integrantes da equipe técnica, já foram convidados a trabalhar para a nova controladora.

“O processo está sendo feito com lisura e transparência, dentro da lei. Os funcionários que forem desligados serão indenizados, tendo seus direitos completamente garantidos”, disse o diretor de Engenharia, Carlos Henrique Martins. “Como friburguense, também fico triste pelo fechamento da empresa, mas os acionistas não conseguiram encontrar um parceiro local”, completou.  

Com mais de 60 anos, a NFP produz colunas de direção, árvore intermediária e caixa angular, componentes fundamentais para a estrutura de direção de caminhões e ônibus. A empresa fornece para as principais montadoras do país e é a única do setor automotivo ainda em atividade na região.

A crise se instaurou na metalúrgica no final de 2014. Naquele ano, o número de carros, caminhões e ônibus fabricados no país caiu 15,3% em relação ao ano de 2013. Cerca de 3,1 milhões de veículos saíram das fábricas. Em 2013, foram 3,7 milhões. As vendas também despencaram. Em 2014, foram 7% menores do que no ano anterior.

No exterior, os principais compradores, os argentinos, também reduziram as encomendas, e a exportação brasileira de automóveis despencou 41%. Com a produção em baixa, algumas fábricas decidiram rever o número de funcionários: cerca de 12,4 mil trabalhadores da indústria perderam o emprego no país.

Esse cenário, somado aos resultados operacionais negativos da NFP, levou a antiga acionista a decidir pelo encerramento das atividades em setembro de 2015. Cinco gestores, porém, assumiram o controle da companhia e foram atrás de alguém que estivesse disposto a dar continuidade às atividades.

“Entre 2016 e 2017, a situação econômico-financeira não se reverteu, e pelas circunstâncias de mercado, riscos diversos e necessidade de investimentos, a decisão foi pela reestruturação dos negócios da NFP, para garantir que os passivos da empresa sejam pagos”, explicou a diretora financeira da NFP, Carla Almeida.

A NFP Automotive surgiu como Torrington em 1955. Produzia agulhas de malharia para a indústria têxtil. Na década de 1970, começou a trabalhar com componentes de direção e rolamentos,  tornando-se a maior fabricante de colunas de direção para ônibus e caminhões do país, brigando por espaço no competitivo mercado norte-americano.

Com capital estrangeiro, foi controlada também pela Ingersoll Rand, Timken e DriveSol, até se tornar NFP Automotive - Fábrica Automotiva de Nova Friburgo -, totalmente brasileira, no início da década, quando o controle passou para quatro empresários friburguenses com larga experiência no setor automotivo.

Uma enorme perda para o setor

Para o presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Nova Friburgo (Aeanf), Daniel Cardoso, o fechamento da empresa será uma perda muito grande. “Não só pelos empregos diretos, mas também pelos indiretos. Mas acredito que muitos profissionais serão absorvidos pelo mercado local. A mão de obra é muito qualificada. Lamento por aqueles que irão embora”, destacou Daniel.

O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico está acompanhando as tratativas entre a empresa e funcionários. “É uma fábrica que sempre negociou com o sindicato. Foi a única a fechar o último acordo coletivo. É um ótimo lugar para trabalhar. Oferece o melhor pacote de benefícios entre as metalúrgicas. Todos estão muito sentidos”, comentou o presidente do sindicato, Anderson Ramos.

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