Natal - Hora de apagar a velinha!

O dia 25 de dezembro é sinônimo do nascimento de Jesus Cristo, das ceias natalinas, de presentes e Papai Noel, mas, para alguns, ainda é dia de apagar a velinha. Fazer aniversário no Natal ganha um toque ainda mais especial para os cristãos, mas também tem suas desvantagens. Concorrer com o menino Jesus e com o bom velhinho não é fácil. Todos estão voltados para os preparativos da ceia, confraternizando com parentes, e por isso é difícil conseguir reunir os amigos para comemorar. Para os pequenos, as tradicionais festinhas de aniversário na escola ficam de lado, afinal, todos já estão de férias. Quanto aos presentes, na maioria dos casos não tem jeito: é apenas um mimo para as duas comemorações. Além disso, quem — mesmo com todos os contras — decide preparar alguma festinha, precisa pensar em um cardápio leve. Afinal, as ceias de Natal costumam ser bem fartas, ninguém mede esforços na hora de degustar as tradicionais guloseimas natalinas e, normalmente, a última coisa que querem ver depois de horas de comilança é a comida. 

Conversamos com três aniversariantes para saber das alegrias e tristezas de nascer nessa data. Maria Cibele Pereira Reis é diretora do Colégio Estadual Emília Roschemant, vai completar 53 anos nesse Natal e confessa que um dos maiores inconvenientes da data são as chacotas. "Não é muito bom fazer aniversário no dia 25 de dezembro. Tudo bem que ninguém esquece, mas por outro lado, sempre fazem piadinhas. Quando vou fazer algum cadastro, por exemplo, as pessoas olham a data de nascimento e logo dizem: ‘Você faz aniversário no Natal? Devia se chamar Natalina’. Se formos partir deste princípio, quem nasce em Sete de Setembro devia chamar Independência ou em 2 de novembro, Mortina, né?”, protesta Cibele, que ainda ressalta outras  dificuldades, como a de reunir amigos para comemorar e o corre-corre dos preparativos, apesar de admitir que aprecia as decorações da época: "Nunca consegui fazer uma festa ou sequer sair para comemorar. Primeiro porque todo mundo passa o Natal com a família e segundo porque não há muitas opções de botecos para visitar e festejar. Quanto aos presentes sempre só ganho um, claro que não faço muita questão, mas todo mundo sempre ganhou mais que eu. Devido ao simbolismo para algumas religiões, muita gente acha o máximo nascer no Natal, mas não vejo nada demais, até porque sempre fico trabalhando na cozinha. De qualquer modo, é uma data muito legal, as cidades ficam bem bonitas com as luzes, as pessoas mais afáveis e felizes”. Ela ainda conta que seu nascimento acabou atrapalhando a ceia da família: "Minha mãe sempre me contou que eu empatei a ceia de todo mundo porque nasci 20 minutos depois da meia-noite. Foi um corre-corre e eu ainda nasci em casa. Mas como sou a sexta filha e minha mãe era enfermeira, o pessoal já estava acostumado. Ainda mais porque teve a ajuda de parteira, então não houve problema nenhum”.

Para a comerciária Cíndia Freitas Gomes, que completará 40 anos, a situação não é tão ruim assim: "Quando era criança achava ruim ter nascido logo no Natal porque não dava para comemorar o aniversário na escola, nem reunir os colegas em casa. Mas tudo na vida tem seus prós e contras. Hoje comemoro com a minha família e acho muito legal. Estamos todos reunidos para a ceia de Natal e para o meu aniversário”.

Outra ilustre aniversariante é a nossa querida jornalista e colega de trabalho Dalva Ventura, que revela ter grandes recordações da infância: "Minha mãe era uma pessoa muito religiosa e sempre fez questão de comemorar o Natal não só com os de casa, mas com a comunidade. Não éramos ricos, mas mamãe sempre tentava comprar lembrancinhas para dar para as pessoas na rua. Minha família sempre inventava alguma surpresa para mim. Acho que por isso nunca me senti de lado; na verdade, quando pequena, me achava importante por fazer aniversário junto com Jesus”, conta Dalva, que diz ainda que, atualmente, não gosta tanto assim de aniversariar no Natal: "Sinceramente, não vejo mais tanta graça em fazer aniversário no dia 25 de dezembro e confesso que até preferiria ter nascido em outra data. Não pela questão de ganhar presentes, mas sim pela dificuldade de reunir os amigos e preparar uma festa”.