“É rapidinho”, eles dizem. “Vou ali um minutinho e já volto”, avisam. Mas nunca é “rapidinho”. Nunca é só “um minutinho”. Quando os motoristas burlam as regras de trânsito, qualquer justificativa, incluindo ligar o pisca alerta, já é réu confesso.
Em Nova Friburgo essas cenas são constantes e os flagrantes são fáceis de pegar. Não precisamos virar a esquina para começar a registrar veículos, muitos deles de grande porte, parado em locais proibidos, como em frente de garagens, filas duplas ou em cima da calçada.
Este último exemplo é ainda mais revoltante. Imagine você, pedestre, andando por uma calçada já cheia de falhas, tendo que desviar dos carros ou andar no meio da rua se expondo aos riscos de um atropelamento. Agora, imagine pessoas com dificuldade de locomoção, crianças distraídas, mães carregando filhos no colo ou em um carrinho. Como ir de um lugar ao outro nessas condições? Um cadeirante que precisa de espaço para andar, manobrar a cadeira de rodas, fazer esforço para atravessar de um ponto ao outro, tem seu caminho impedido por tamanha falta de senso de coletividade.
“Passo com o meu filho no carrinho com dificuldade. É assim em todo lugar. Já não basta as calçadas que não têm rampa de acessibilidade em todos os lados. Temos as dificuldades naturais de andar em uma calçada mal conservada e temos que disputar com os carros que tomam um espaço precioso”, reclamou Suelen Lopes.
Disputa desigual
São atitudes egoístas que marcam uma cidade e faz de Nova Friburgo uma “terra sem lei”. Na Rua Ernesto Brasílio, assim como na Rua Portugal, é comum esse tipo de prática. E com a falta de fiscalização dos agentes de trânsito, a certeza de impunidade faz com que motoristas criem um estacionamento improvisado em cima da calçada.
Quem sofre é o pedestre que se espreme entre a parede e o carro para andar em uma calçada já estreita ou se arrisca indo para a rua, disputar lugar com os automóveis. A Ernesto Brasílio é um exemplo, a Portugal, também, mas podemos citar ainda vários outros como a Avenida Alberto Braune, a Rua Monsenhor Miranda, Avenida Euterpe Friburguense, Sete de Setembro, Dante Laginestra etc.
“Já perdi a conta das vezes em que tive que ir para o meio da rua porque tinha um carro estacionado que ocupava todo o espaço da calçada. Uma pena que as pessoas não pensem no próximo. Por outro lado, é muito fácil cobrar atitude das autoridades quando a gente mesmo não olha para o próprio umbigo”, ponderou Michelly Gaspar.
O que diz a Prefeitura
A Secretaria de Ordem e Mobilidade Urbana de Nova Friburgo (Smomu) informa que estacionar veículos nas calçadas é uma infração de natureza grave e que está sujeita a multa, que varia de R$ 87 a R$ 127, além de reboque, com taxa de R$ 171,06.
A Smomu tem atuado de forma intensa na fiscalização destes atos. Inclusive, duas apreensões de veículos foram feitas na manhã desta quinta, 21, devido a este tipo de irregularidade. O trabalho também é feito de acordo com as denúncias, que são de fundamental importância. Elas podem ser feitas através do telefone (22) 2526-9151.
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