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Nami Nassif, de volta à Câmara: “A saída para Nova Friburgo é fazer de um limão uma limonada”
sábado, 01 de dezembro de 2012
por Jornal A Voz da Serra
O advogado Nami Nassif (PSC) está de volta à Câmara pela terceira vez—duas delas como vereador eleito. Ele estreou no Legislativo em 2004, retornou como suplente em 2010, e, a partir de 1º de janeiro, assumirá mandato obtido com 1246 votos conquistados em 7 de outubro. Isso tudo, apesar de admitir que no passado jamais pretendeu concorrer a qualquer cargo eletivo. “Não tinha pretensão de concorrer a cargos públicos. Eu, na verdade, por ser especializado em advocacia pública, prestei serviços a várias prefeituras e casualmente advoguei para um partido político [PDT de Leonel Brizola]. Um dia me filiei e acabei sendo pressionado a concorrer a uma cadeira na Câmara. Agora, estou de volta”, conta.Nami, adversário político do prefeito eleito Rogério Cabral, por ironia do destino, está de volta ao Legislativo eleito por um partido coligado à chapa majoritária que governará Nova Friburgo nos próximos quatro anos. Após a vitória de ambos, eles já se encontraram algumas vezes para conversar. “É público e notório que sempre fomos adversários, mas, nos nossos encontros, chegamos à conclusão de que o interesse da cidade precisa estar acima das nossas divergências. Estamos nos entendendo”, revela.O fato do vereador e o prefeito eleito terem levantado a bandeira branca não quer dizer que a relação será de subserviência ou coisa do gênero. “Nova Friburgo vive um momento muito difícil e problemático. Creio que é hora de dar ao apoio ao prefeito, mas exercendo o papel de legislador sem deixar de fiscalizar o Executivo. Todos têm que fazer a sua parte, cada um na sua função e responsabilidade”, destaca. “O que precisa ficar claro é qual a função do vereador e qual a do prefeito. Vamos apoiar, apresentar ideias, mas sempre legislando e fiscalizando os atos do Executivo”, reitera.Na opinião de Nami Nassif, “o Executivo tem muito a fazer nos próximos quatro anos”. Para ele, o fato de o prefeito eleito ter o apoio do governo estadual e federal poderá ser um fator importante para a reconstrução de Nova Friburgo. “Nossa cidade está marcada pela tragédia. Temos que aproveitar o momento para criar uma situação positiva, fazendo de um limão uma limonada”, diz. “Para conseguirmos os recursos são necessários os projetos e creio que é hora de planejarmos um novo município”, acentua.O vereador eleito entende que a responsabilidade da classe política é importante no processo de reconstrução de Nova Friburgo, entretanto, o caminho só será realmente pavimentado se houver uma verdadeira conscientização e participação da população. “Um detalhe faz a diferença: a verdadeira transformação depende da população, que tem que cobrar da classe política, mas também entender que a hora é de criar uma cultura de participação nos pequenos atos do dia a dia. Só com a mentalidade de todos serem responsáveis reconquistaremos a autoestima da cidade”, avalia.Uma das principais preocupações de Nami Nassif é com a questão das áreas de risco, onde milhares de friburguenses estão segregados. “Não podemos deixar que elas permaneçam onde estão. É preciso urgentemente retirá-las e não deixar que retornem. A vida e a segurança de cada uma das pessoas precisa estar em primeiro plano”, acentua. “Vamos priorizar nossas atuação na Câmara nesse sentido, apresentando sugestões para o Executivo, a quem cabe a tarefa de agir. Nova Friburgo precisa de uma política habitacional séria, com vontade política para resolver o problema. A criação de loteamentos urbanizados em áreas seguras é um caminho a ser seguido”, diz.“CPI da Câmara não foi a fundo e se transformou num palanque político”Nami Nassif criticou os trabalhos da CPI da Câmara sobre a tragédia climática de 2011. Antes de tomar conhecimento do desfecho desta sexta-feira, ele opinou: “Essa CPI, me desculpem, não operou como tinha que ter operado. Foi um palanque eleitoral. No meu entendimento, pessoas que deveriam ser investigadas, por estarem envolvidas realmente, não foram, talvez, por questões políticos”, analisa.O vereador eleito esclarece que a crítica não é para defender o prefeito afastado Dermeval Neto: “Não quero dizer que ele é inocente. Ele teve suas responsabilidades. Mas crucificaram um homem só. A pergunta que faço é: Ele é o único culpado? Por tudo? A gente sabe que há outras pessoas que deveriam, mas sequer foram citadas. Não quiseram fazer. Na minha concepção, a CPI foi um trampolim político”, acusa.Elogios de Nami Nassif vão apenas para duas personalidades políticas: Leonel Brizola e Heródoto Bento de Mello. Ele considera HBM como uma pessoa “visionária e empreendedora” e lamenta o fato de ele não ter podido concluir o mandato que lhe foi conferido em 2008, devido ao acidente sofrido na Suíça, em setembro de 2010. Quanto a Brizola, o considera um dos maiores estadistas que o Brasil já teve. “Era uma pessoa que se guiava por princípios éticos e morais”, elogia. Nami, aliás, advogou para o saudoso líder do PDT. Ele usa a figura de Brizola para criticar o atual comando do PDT de Nova Friburgo, em especial o ex-deputado estadual e atual suplente de senador Olney Botelho, a quem chama de “o rapaz da padaria”. As desavenças com Olney fizeram Nami deixar o PDT, o que acabou custando-lhe o exercício da suplência da Câmara no final do ano passado. “Se Brizola soubesse o que aconteceu aqui, no PDT, daria cambalhotas no caixão”, alfineta.
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