O que era para ser um convivência harmônica e pacífica, na verdade é praticamente uma disputa. Assim é a relação entre motoristas e pedestres no conturbado trânsito friburguense. A VOZ DA SERRA foi às ruas verificar o comportamento os cidadãos e registrou diversos flagrantes. As imagens registradas assustam. Existem os bons exemplos? Existem. Eles são a maioria? Infelizmente, não. Acione o sinal vermelho, aperte a buzina, porque o que você vai ler, caro leitor, é alarmante. Definir em uma palavra o trânsito friburguense é difícil, mas talvez seja possível: ele é um reflexo do egoísmo, tanto dos pedestres como dos motoristas.
Com atitudes egoístas, motoristas e pedestres colocam suas vidas e as dos demais em risco, além é claro de influenciarem diretamente na mobilidade urbana (ou na falta dela). A rotatória do Paissandu é um dos locais mais críticos no trânsito de Nova Friburgo. Por ali os friburguenses tem acesso a diversos bairros da cidade, além do local ser via de acesso de turistas e veículos que apenas passam por ali rumo às cidades vizinhas. Se alguém tem dúvidas do que não se deve fazer, basta observar por apenas cinco minutos o comportamento das pessoas no trânsito.
Quanto aos motoristas, começamos com a falta do uso das setas. De acordo com as leis de trânsito, a luz indicadora de direção (seta), deve ser usada também toda vez antes que o veículo ultrapasse outro veículo, mudar de pista, sair de uma via para entrar em outra ou, em estrada, o veículo da frente, indicar sobre a possibilidade de uma ultrapassagem. Na rotatória, é raro os motoristas indicarem através da seta a direção do seu destino. Portanto, uma boa dica para reduzir a lentidão, além de evitar acidentes é, assim que entrar no trecho usar a seta para avisar aos demais, a direção para onde vai.
Observamos também que muitos carros, no perímetro urbano em que a velocidade máxima varia de 40 km/h a 80 km/h, trafegarem em alta velocidade, muitas vezes acima do permitido. Muitos motoristas acabam prejudicando outros por não dar a vez, não parar na faixa de pedestres e impedir a passagem de outro veículo.
O comportamento campeão do desrespeito às leis de trânsito é o uso do celular enquanto se dirige. São incontáveis os flagrantes. Além é claro da falta de atenção, que pode causar acidentes, a distração provocada pelo uso dos smartphones atrapalha o andamento do fluxo de veículos. A fila dupla, além do estacionamento em vias públicas onde não é permitido, inutiliza praticamente uma faixa de pista, obrigando a quem anda corretamente, a espremer seu veículo nas vias, fazendo com que um espaço que daria para dois veículos, passe apenas um por vez.
A eterna fila dupla na Avenida Alberto Braune
“Parar em fila dupla não é permitido. A Avenida Alberto Braune é um bom exemplo. Temos os carros parados em formato de espinha de peixe nos espaços destinados ao estacionamento rotativo. O motorista pode parar o carro atrás desses veículos estacionados, com pisca alerta ligado, para deixar alguém ali, para pegar uma mercadoria, desde que o motorista fique no carro, qualquer situação diferente desse exemplo não é permitida. Houve uma melhora no trânsito da avenida por conta das alterações que fizemos na carga e descarga, com caminhões de grande porte não podendo trafegar por ali, tendo horário definidos”, explicou o secretário municipal de Ordem e Mobilidde Urbana, Marques Henrique.
Muitos motoristas desatentos retardam a aceleração ou diminuem a velocidade para ler mensagens, falar ao telefone ou mandar áudio, prejudicando a mobilidade. Enquanto fazíamos os registros, uma cena curiosa que, se fosse combinada não seria tão perfeita. Bem na nossa frente, no cruzamento da Praça do Suspiro um motociclista e o motorista de um carro começaram a discutir. Ao que tudo indicou, o motociclista fez reclamações efusivas sobre o motorista estar usando o celular e quase causar um acidente enquanto o motorista, aparentemente assumindo o erro, acusava o motociclista de xingá-lo e dizendo que estava errado sim, mas que não precisava fazer uso de palavrão e que se fosse o caso, era para ser multado.
“Se o motorista e o pedestre respeitarem a sinalização, se o carro estiver na velocidade adequada, se informar corretamente, através da seta, onde o veículo vai entrar, se o pedestre atravessar na faixa, a retenção, que é natural ns vias urbanas, será minimizada. Nós estamos em um vale e não tem como ‘abrir’ novas ruas e hoje a prioridade é o pedestre e não podemos diminuir calçadas para alargar ruas”, afirmou o secretário.
Pedestres também cometem infrações
Do lado dos pedestres, a coisa também não está boa, não. Isso porque eles também têm grande parcela para que o trânsito flua. Não atravessar na faixa faz com que os carros tenham que diminuir a velocidade evitando assim um atropelamento. Com isso, outras graves consequências podem acontecer: um engavetamento ou pequenas retenções. Assim como atravessar no momento e que o sinal de trânsito está aberto para veículos.
Enquanto estivemos na rotatória do Paissandu, nossa equipe gravou alguns bons e maus exemplos. Por mais de uma hora, um caminhão que fazia carga e descarga em um pet shop ao lado de uma locadora, em local proibido, estava parado na avenida impedindo a visibilidade de muitos pedestres. Estes por sua vez, se arriscavam indo para o meio da pista com o sinal verde para motoristas, para atravessar em meio aos carros.
“Esse local onde o caminhão estava parado não é permitido para carga e descarga. Provavelmente, é um caminhão de fora da cidade e o horário que ocorreu a ação, por volta de meio dia, é o horário de troca do plantão dos nossos agentes. Certamente se aqui estivessem, o condutor seria multado”, disse Marques Henrique.
“O sinal aqui nem sempre fecha junto com o outro, então tem que ficar atento. Eu só atravesso quando está vermelho e de mãos dadas com a minha filha, quando ela está comigo. Mesmo atrasada eu espero”, disse uma mulher que esperou pacientemente para atravessar, com segurança. “Sempre tem carro que avança, então eu espero um pouco. Acho que falta mais respeito dos dois lados”, disse outra pedestre.
“Eu já fui atropelado aqui, exatamente nesse lugar, então eu tenho um cuidado redobrado”, mostrou cuidado um senhor que passava pelo local. Na companhia do neto, uma senhora se arriscou entre os veículos e quando abordada pela reportagem admitiu o erro. “É verdade, eu dei esse mau exemplo. Tem sempre que atravessar na faixa e no sinal verde para o pedestre”, reconheceu ela.
“O pedestre quando atravessa fora da faixa ou desrespeita a sinalização corre risco de vida. Eu vejo muitas mães com filhos pequenos que fazem isso e prejudicam o entendimento dessa criança quanto às leis de trânsito. Essa criança, quando crescer, vai achar que esse risco é normal. O friburguense é educado o que falta é uma campanha e nós estamos preparando”, contou o secretário.
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