Na Alerj, estudante critica fim do ensino médio no Ciep Glauber Rocha

Governo vai municipalizar unidade e estuda acabar com turnos em outras escolas estaduais de Nova Friburgo
sexta-feira, 02 de dezembro de 2016
por Alerrandre Barros

A estudante do Ciep Glauber Rocha, Elaine Oliveira Melchiades, criticou a decisão da Secretaria Estadual de Educação (Seeduc) de acabar com ensino médio na escola localizada no bairro Jardim Ouro Preto, distrito de Conselheiro Paulino. A fala da jovem, de 16 anos, foi ouvida durante audiência pública na última quarta-feira, 30 de novembro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e viralizou nas redes sociais.

“Em uma semana soubemos que o colégio ia fechar, na outra chegou a informação de que seria municipalizado. Foi um absurdo. Em nenhum momento fomos ouvidos. Numa democracia, o povo é ouvido para que a política seja feita, mas não é isso o que está acontecendo na minha comunidade, no Brasil e no mundo”, desabafou a estudante. (Veja a íntegra do discurso em www.avozdaserra.com.br)

Elaine faz parte do grupo de alunos que ocupou o Ciep, no fim de novembro, contra a decisão do governo estadual de transferir, sem diálogo com os alunos, o ensino médio para o Colégio Estadual Vicente de Moraes. Segundo integrantes do movimento, a unidade, localizada na Rua Érico Coelho, no Prado, estaria com a estrutura precária.

O ensino fundamental oferecido no Ciep será municipalizado a partir do próximo ano letivo, segundo a Seeduc. Todos os alunos e servidores do Colégio Municipal Rui Barbosa, no distrito de Conselheiro Paulino, serão transferidos para lá devido ao início de obras no telhado do Rui Barbosa. Para os estudantes do movimento de ocupação, o Ciep tem estrutura para oferecer o ensino fundamental e o médio.

A audiência pública foi promovida pelo presidente de Comissão de Educação, deputado estadual Comte Bittencourt (PPS), para debater o fechamento de escolas do estado, após denúncias do Sindicato dos Profissionais de Educação (Sepe). Na reunião, o secretário estadual de Educação, Wagner Victer, negou que colégios serão fechados em 2017, mas confirmou uma reorganização em mais de 20 escolas. Com isso, alunos serão transferidos, turmas reduzidas e turnos extintos.

Em Nova Friburgo, está previsto o fim do turno da tarde no Colégio Estadual Padre Franca, no distrito de Mury, o fim de turmas no Colégio Estadual Feliciano Costa, em Conselheiro Paulino, e também no Colégio Estadual Dr. Tuffy El Jaick, em Duas Pedras. Estudantes de ambas as escolas estão se mobilizando contra essas mudanças impostas pelo estado.

"Todo ano se faz um planejamento com adequação de turmas no sentido de pegar algumas escolas que têm uma participação pequena, municipalizar e ampliar a oferta de ensino", explicou o secretário de Educação.

Victer ainda enfatizou que as mudanças não têm relação com a crise financeira do estado e que o número de vagas ofertadas para o próximo ano letivo, aproximadamente 500 mil, entre novas matrículas e rematrículas, é maior que o oferecido em 2016. O deputado Comte Bittencourt, no entanto, desaprovou as medidas.

"Elas apontam para o encerramento dessas unidades. É doloroso para uma comunidade encerrar uma atividade de uma escola ou um curso noturno que era oferecido no espaço", justificou o parlamentar.

Durante o debate, professores e alunos de outras escolas da rede estadual também reclamaram que não foram consultados sobre as mudanças apresentadas pela Seeduc, mas a direção da pasta informou que transferências foram avaliadas por representantes regionais, que verificaram a estrutura das escolas e a localidade para a qual os alunos seriam realocados, com uma distância média de dois quilômetros até a nova escola.

Foto da galeria
A reestruturação e o possível fechamento de escolas foram temas debatidos na audiência pública da Comissão de Educação da Alerj (Foto: Octacílio Barbosa/Alerj)​
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TAGS: ALERJ | Educação | ciep glauber rocha
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