Músicos friburguenses promovem festival em homenagem a Sérgio Knust

Super jam session em Conquista neste domingo, com mais de 20 bandas, será no mesmo palco onde guitarrista tocou pela última vez
quinta-feira, 31 de janeiro de 2019
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
Sérgio Knust  numa de suas apresentações (Reprodução da web)
Sérgio Knust numa de suas apresentações (Reprodução da web)

Quase dois meses depois do trágico acidente de carro que chocou a cidade, músicos friburguenses promovem uma super jam session, o Sérgio Knust Guitar Festival, em homenagem ao  guitarrista e compositor de 52 anos. O evento será na tarde deste domingo, 3, a partir das 13h, no Biergarten da cervejaria Alpendorf, na Casa Suíça, em Conquista, no mesmo palco onde Serginho tocou pela última vez.

Já estão confirmadas as apresentações de Os Bartira, Expresso Santiago, Ismael Carvalho & Bloozdrivers, Paralelo 14, Marcelo Braune, Caru de Souza, Giovanni Bizzotto, Vivianne Lisboa, Vitor Ludolf, Paulo Newton, Ney Velloso, Benito de Oliveira, Flavio Richards, Leandro Carvalho & Banda, Blues Motel, Carga Dupla, Sérgio Rocha Bluesband, Lame Dog, entre outras bandas e “canjas”.

Um dos idealizadores, o bluesman Ismael Carvalho, explica que o festival era um sonho do próprio homenageado, que já planejava realizar o encontro em fevereiro. Durante o evento, será inaugurado o lounge com o nome de Sérgio Knust e lançada a cerveja Kentucky Common, de receita idêntica à que foi extinta na Lei Seca americana, com rótulo especial em homenagem ao músico.

Um dos sócios da Alpendorf, Siegfried Maurer, pai do mestre cervejeiro Gabriel Thuler, conta que a tarde do dia 8 de dezembro, última apresentação de Sérgio Knust, foi inesquecível. “Rolou uma energia incrível. Tinha sido apenas a segunda apresentação dele lá. Ele estava feliz, radiante. Tinha vindo do Rio debaixo de chuva, pegou engarrafamento, mas no caminho o tempo abriu. Por volta das 21h ele foi embora, e nunca mais o vimos”, conta Zig, que ganhou de Knust, naquele dia, a última palheta e o último autógrafo de seu livro, “Método Knust de Guitarra e Violão”.

Um dos que marcarão presença no festival, André Lima, de Os Bartira, conta que Knust morreu sem realizar o sonho de um dia ver uma banda friburguense no topo das paradas musicais. “Nosso trabalho, o primeiro CD de Os Bartira, foi produção dele. Serginho tinha esse astral, sonhador, inquieto. Queria conquistar sempre mais. Foi nosso parceiro, produtor, arranjador, mentor, amigo. Hoje assinamos com a gravadora Midas e estamos produzindo nosso novo CD em São Paulo, com a produção de Rick Bonadio, Renato Patriarca e Andherson Miguez. Quando dissemos a ele sobre esse novo trabalho, Serginho vibrou como se soubesse que certamente estaria com a gente. Parece que sentimos aquela gargalhada contagiante dele ecoando aqui nos estúdios em São Paulo”.

Acidente trágico

Sérgio desapareceu no sábado, 8 de dezembro, depois de tocar naquele que seria seu último show, na Alpendorf. Seu corpo foi encontrado na manhã de segunda-feira, 10 de dezembro, dentro de seu carro, às margens da RJ-130 (Friburgo-Teresópolis). O carro que ele dirigia caiu em uma ribanceira próximo ao espaço de eventos Natureza. De acordo com o Corpo de Bombeiros, uma pessoa que trabalha no local viu o carro em meio à vegetação e acionou o socorro por volta das 7h20. Os bombeiros foram ao local, mas encontraram o músico já morto. O laudo do IML apontou infarto. O veículo sequer deixou marcas de freada.

Knust faria 53 anos nove dias depois do acidente e deixou três filhos, a mais jovem de apenas 9 anos. Músico talentoso, mudou-se para o Rio nos anos 90. Estudou na Escola de Belas Artes da UFRJ e formou-se bacharel em violão pelo Conservatório Brasileiro de Música.  Multi-instrumentista, compositor e arranjador, tocou em bandas como Novo Som e Yahoo, além de artistas como Fagner, Fafá de Belém, LS Jack e Eliana. Na década de 2000, teve músicas gravadas por artistas renomados como Xuxa, Wanessa Camargo, a dupla Pedro & Thiago, Flordelis e cantores gospel famosos. Ultimamente, dava aulas de música na Cidade das Artes. Planejava voltar a morar em Nova Friburgo e já alinhavava parcerias com músicos da cidade.

No Rio, vinha capitaneando o projeto social Jovens Músicos, oferecendo aulas gratuitas de violão e teclado para jovens de 10 a 17 anos na Cidade das Artes.

 

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