O que Fábio Jr., Roberto & Erasmo Carlos e Toquinho & Vinícius de Moraes têm em comum, além de serem grandes nomes da MPB? Eles são os autores de três emocionantes músicas que homenageiam os pais.
Do álbum Vinícius/Toquinho (1975), temos "O filho que eu quero ter” com uma maravilhosa letra – nenhuma novidade em se tratando do Poetinha – e o violão e voz de Toquinho. Roberto e Erasmo Carlos, outra dupla famosa, emplacou no LP do "rei” (1979) a música "Meu querido, meu velho, meu amigo”. Um ano antes, um jovem cantor, compositor e ator chamado Fábio Jr. apareceu num dos episódios da série "Ciranda, cirandinha”, da TV Globo, cantando, de forma emocionada, a música inédita "Pai”, que acabou sendo tema da novela "Pai herói”, a pedido de Janete Clair, autora da trama.
Veja as letras dessas três belas canções:
Pai
(Fabio Jr.)
Pai, pode ser que daqui a algum tempo, haja tempo pra gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez
Pai, pode ser que daí você sinta, qualquer coisa entre esses 20 ou 30
Longos anos em busca de paz
Pai, pode crer eu tô bem eu vou indo, tô tentando, vivendo, pedindo
Com loucura pra você
Renascer
Pai, eu não faço questão de ser tudo, só não quero e não vou ficar mudo
Pra falar de amor pra você
Pai, senta aqui que o jantar tá na mesa
Fala um pouco, tua voz tá tão presa
Nos ensina esse jogo da vida, onde a vida só paga pra ver
Pai, me perdoa essa insegurança, é que eu não sou mais aquela criança
Que um dia morrendo de medo, nos seus braços você fez segredo
Nos seus passos você foi mais eu, eu
Pai, eu cresci e não houve outro jeito, quero só recostar no seu peito
Pra pedir pra você ir lá em casa e brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar
Pai, pai, você foi meu herói, meu bandido, hoje é mais, muito mais que um amigo
Nem você nem ninguém está sozinho, você faz parte deste caminho
Que hoje eu sigo em paz
Pai, paz.
O Filho Que Eu Quero Ter
(Toquinho/Vinícius)
É comum a gente sonhar, eu sei, quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar um sonho lindo de morrer
Vejo um berço e nele eu me debruçar com o pranto a me correr
E assim chorando acalentar o filho que eu quero ter
Dorme, meu pequenininho, dorme que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho de tanto amor que ele tem
De repente eu vejo se transformar num menino igual a mim
Que vem correndo me beijar quando eu chegar lá de onde eu vim
Um menino sempre a me perguntar um porquê que não tem fim
Um filho a quem só queira bem e a quem só diga que sim
Dorme menino levado, dorme que a vida já vem
Teu pai está muito cansado de tanta dor que ele tem
Quando a vida enfim me quiser levar pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba a me roçar no derradeiro beijo seu
E ao sentir também sua mão vedar meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar num acalanto de adeus
Dorme meu pai sem cuidado, dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado, com o filho que ele quer ter.
Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo
(Roberto Carlos/Erasmo Carlos)
Esses seus cabelos brancos, bonitos, esse olhar cansado, profundo
Me dizendo coisas, um grito, me ensinando tanto, do mundo...
E esses passos lentos, de agora, caminhando sempre comigo,
Já correram tanto, na vida, meu querido, meu velho, meu amigo
Sua vida cheia de histórias, e essas rugas marcadas pelo tempo,
Lembranças de antigas, vitórias ou lágrimas choradas, ao vento...
Sua voz macia, me acalma e me diz muito mais do que eu digo
Me calando fundo, na alma, meu querido, meu velho, meu amigo
Seu passado vive, presente, nas experiências, contidas,
Nesse coração, consciente, da beleza das coisas, da vida.
Seu sorriso franco, me anima, seu conselho certo, me ensina,
Beijo suas mãos e lhe digo, meu querido, meu velho, meu amigo
Eu já lhe falei de tudo,
Mas tudo isso é pouco diante do que sinto...
Olhando seus cabelos tão bonitos,
Beijo suas mãos e digo, meu querido, meu velho, meu amigo
Deixe o seu comentário