Carlos Emerson Junior
Nova Friburgo vai completar 200 anos. É a única cidade brasileira criada por um decreto real e berço oficial das colonizações dos suíços e alemães. Sua história ao longo de todo esse tempo talvez seja tão ou mais interessante (e importante) do que a de suas irmãs serranas. No entanto, infelizmente toda essa riqueza histórica acaba ficando restrita a pesquisadores, estudiosos ou a alguns poucos e curiosos moradores.
A ideia não é nova e nem minha, mas que tal voltarmos a pensar em um museu que disponibilizasse toda essa história entre a população e também fosse uma atração turística? Vivemos reclamando que o brasileiro tem memória curta e não valoriza suas origens. Não seria uma boa maneira de mudar esse quadro? E, já que estou dando palpites, por que não aproveitar o velho casarão da Vila Amélia para sediar esse museu?
Claro que sei que são muitas as prioridades de Nova Friburgo e, por sinal, todas urgentes. Mas temos que ir para frente e esse crescimento passa obrigatoriamente pelo resgate cultural e histórico de nossa formação. Lei Rouanet, ajuda da iniciativa privada, apoio dos órgãos culturais do governo federal e até mesmos recursos captados no exterior; caminhos é que não faltam.
O que não dá é permitir que a saga de Nova Friburgo caia no esquecimento. Isso seria o fim de nossa identidade.
Mulheres bem casadas
Será que entendi, ou melhor, li direito? “Mulheres de 30 a 40 anos, bem casadas, empreendedoras e moradoras do Golden Green.” Esclarecendo melhor, trata-se de uma matéria publicada em uma revista carioca, sobre uma nova categoria social, digamos assim, de moradoras da Barra da Tijuca, uma versão atualizada das antigas e quase extintas emergentes, que tanto “sucesso” fizeram na mídia, nos anos 90. Ou 80, sei lá!
Confesso que fiquei em dúvida, o que seria exatamente uma “mulher bem casada”? Alguém que tenha encontrado o grande amor de sua vida, a sua cara metade? Ou feito um investimento, perdão, casamento, com uma celebridade cheia do dinheiro? E aí bateu a dúvida: como será que minha mulher se encaixa nessa categoria? Afinal, não sou jogador de futebol, megaempresário ou cantor da moda. Para piorar, vivo de letras, ou melhor, não vivo, já que escritor no Brasil é objeto de estudos arqueológicos, com as raríssimas exceções de sempre, é claro!
Lembro da luta feminista da década de 60 e hoje compreendo perfeitamente que queimar sutiãs em praça pública foi como quebrar um elo com o passado. As mulheres ocidentais tornaram-se independentes, ativas, políticas e, por que não, poderosas, chegando a cargos antes inimagináveis, como a presidência de países. Aliás, dados do Censo 2010, do IBGE, indicam que o número de brasileiras consideradas “chefes da família” saltou de 9,048 milhões para 18,617 milhões entre 2000 e 2010, enquanto o número de homens permaneceu inalterado.
Mulheres bem casadas? Tudo bem, cada um acredita no que quer, mas se é para fazer piada, prefiro a frase do americano Groucho Marx: “Atrás de todo homem bem-sucedido, existe uma mulher. E, atrás desta, existe a mulher dele”.
Pano rápido (e um bom fim de semana)!
carlosemersonjr@gmail.com
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