O novo ano inicia com um importante registro histórico: os 200 anos da elevação de Nova Friburgo a vila ou emancipação político-administrativa, termo que representa o desmembramento de parte de um território ou região para constituir outro município. Em 3 de janeiro de 1820, o rei português Dom João VI assinava o decreto que transformava as terras da Fazenda do Morro Queimado dos domínios da Sesmaria de Cantagalo em Freguesia de São João Batista da Vila de Nova Friburgo. O nome foi dado em homenagem ao santo padroeiro homônimo escolhido pelo próprio rei.
A data já foi motivo de polêmica por um longo tempo, exatamente até 1968, quando uma comissão especial composta por notáveis e membros do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro definiu o dia 16 de maio como data oficial da criação de Nova Friburgo.
Os Sertões Lestes do Macacu, como era conhecida toda a região em que hoje se localiza o Centro-Norte fluminense, incluía o atual território de Nova Friburgo, então denominado Fazenda do Morro Queimado, pertencente à Sesmaria de Cantagalo. Dez anos depois de chegar ao país, em 1808, quando a Família Real Portuguesa transferiu-se para o Brasil, o rei Dom João VI pretendia ampliar o Reino, ao mesmo tempo que, pressionado pela Inglaterra - sua parceira contra o imperador Napoleão Bonaparte - precisava conter o tráfico negreiro e optaria por um projeto de europeização do país.
Um primeiro decreto, também assinado pelo rei, em 16 de maio de 1818, que antecedeu o da criação da vila, autorizava a vinda de famílias suíças à região do Sertão Leste do Macacu. Foram estabelecidas 260 dessas famílias áreas próximas à confluência dos rios Cônego com Santo Antônio e margem direita do Rio Bengala, onde hoje se localiza a Praça Getúlio Vargas (foto). Este decreto criou Nova Friburgo antes mesmo da vila existir, e foi considerado a verdadeira certidão de nascimento da cidade.
Quando Nova Friburgo era ainda somente uma ideia em 1818, D. João VI estabeleceu diversas diretrizes para a futura vila, desde infraestrutura urbana até bem-estar social de seus habitantes. A instrução dos colonos era fator determinante para o sucesso do empreendimento e o rei estipulou que a vila fosse equipada com escolas, jardim botânico e museu.
Em 1824, o contingente populacional foi reforçado com imigrantes alemães. Os colonos alemães implantaram as primeiras indústrias, que se expandiram e transformaram a cidade em importante centro de têxteis e vestuário. O cultivo do café, principal riqueza no início da colonização, trouxe a ferrovia à região em 1873. Com isso, migrantes brasileiros e mais imigrantes vieram - italianos, espanhóis, libaneses e japoneses.
Os dois séculos da emancipação político-administrativa, completados nesta sexta-feira, dia 3, devem ser motivo de comemoração. Através dele o território começou a ganhar formatação de cidade. Nova Friburgo foi evoluindo através do tempo, e hoje, é uma das principais cidades que integram o Estado do Rio, com destaque nas áreas cultural, histórica, turística e com grande potencial econômico.
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