As Olimpíadas de Inverno
(do verão de 2010)
“Queria ver as olimpíadas de inverno
por ver. Como disse Woody Allen sobre o beisebol, o esporte não precisa fazer
sentido, basta ser bonito de se olhar”
Como é bom fazer nada. Depois de um longo tempo trabalhando muito, passei uma semana inteira vendo as Olimpíadas de Inverno de Vancouver. Vi também um filmezinho aqui e outro acolá, tomei sol no jardim pela manhã e ensaiei com a minha banda. Foi um descanso merecido.
O verão no sul do planeta não combina em nada com as olimpíadas de inverno no norte, é claro. Tampouco a neve na tela da televisão alivia o calor. Na verdade, me deu um pouco de aflição e saudade dos dias frios.
Os brasileiros que participaram dessa olimpíada de inverno de 2010 foram raros (lembro-me somente de dois participantes) e não tinham qualquer chance de ganhar; então eu torcia pela atleta mais bonita, para o país com menos medalhas ou para o Canadá, os anfitriões, pois a torcida enchia os estádios e eu queria ver aquela gente feliz. Mas, o mais importante para mim não era torcer, eu não estava tão preocupado assim com os resultados, queria ver as olimpíadas de inverno por ver. Como disse Woody Allen sobre o beisebol, o esporte não precisa fazer sentido, basta ser bonito de se olhar. É como contemplar uma obra de arte performática, como uma apresentação do Circo de Soleil ou coisa parecida: pessoas voando em seus esquis, descendo de trenó a 140 km/h ou rodopiando no ar com o snowboard. Também o curling (algo como bocha sobre o gelo), o cross country e outros esportes que estou esquecendo agora. Porém, para mim, a modalidade mais bela de todas é a patinação artística. A leveza... – Mais tarde descobri que a patinação artística é a campeã de audiência nas olimpíadas de inverno.
O único inconveniente foi a transmissão, às vezes caótica, da Record News. A emissora cortava de uma modalidade à outra sem muita consideração com o espectador – eles poderiam, ao invés disso, abrir uma janelinha ao lado do vídeo principal, por exemplo. Minha preocupação é com as olimpíadas de 2012, que também serão transmitidas pela Record. Espero que a experiência deste ano tenha sido válida para eles.
Quando um atleta sul-coreano foi receber sua medalha de ouro pela vitória na patinação de velocidade em pista curta, o narrador, empolgado, assim disse: “Está aí, o coreano, recebendo a sua medalha, comemorando muito a sua conquista”. Acontece que o garoto estava com a expressão de um zen-budista em meditação, sem esboçar qualquer sorriso. O narrador se deu conta do que havia dito e completou em seguida: “Mas é claro que por dentro ele está muito feliz. Afinal, chegar onde ele chegou não é fácil...”. Viva as frases prontas.
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