Multitude - 27 de junho

Por João Clemente Moura
sexta-feira, 26 de junho de 2009
por Jornal A Voz da Serra

Cidade da Música

Depois de uma era glacial, Nova Friburgo voltou a ser palco de um evento de rock. No último domingo, 21, no anfiteatro da Praça das Colônias, rolou a primeira edição do Domingo é dia de Rock, uma iniciativa da Associação Cultural de Rock da Região Serrana, em parceria com a prefeitura.

O evento será bimestral. Segundo João Leonardo Almeida, vice-presidente da Ac-Rock, a intenção é "criar uma atmosfera mais constante de música na cidade, promovendo o intercâmbio entre as bandas da cidade e da região, dando opção de entretenimento sadio, de qualidade e de baixo custo. E oportunidade de crescimento para os artistas locais também". O vice-presidente ressalta ainda a importância do anfiteatro do Suspiro, "um espaço que fica parado a maior parte do ano".

Nessa primeira edição tocaram Gnose (Friburgo), Madre (Cordeiro), Nastrada (Niterói), Sanhaço (Teresópolis) e Cólera (São Paulo). O Gnose já é conhecido por aqui pelas covers de bandas dos anos 60 e 70, além das canções próprias. Os novatos do Madre também seguiram a linha do rock setentista, com pitadas de blues e baião. Ambas as bandas têm nos vocais mulheres performáticas.

Já o pop-rock do Nastrada possui todos os elementos para fazer do grupo um dos nomes das rádios se alguém quiser investir nos caras. Contagiaram a plateia com covers de Pearl Jam e Audioslave, mas encerraram o show com uma versão patética de Satisfaction, dos Rolling Stones.

Os teresopolitanos do Sanhaço, por sua vez, tocaram um hardcore nova-escola com timbres de trash metal. Para quem não sabe o que é isso, digamos que foi a banda mais pesada dessa edição...

A grande atração da noite, talvez pela importância histórica, foi o lendário grupo punk Cólera, um dos primeiros do Brasil. Os senhores de cabelos grisalhos apresentaram o rock'n'roll em sua forma mais crua e seca, com muita simpatia, pregando a paz e a liberdade.

A organização do evento foi de primeira.

Flautas de cenoura, bangôs de aipo e outras sonoridades orgânicas

Neste mês o Sesc promoveu a Oficina de Instrumentos Ecológicos, em que cerca de 20 crianças aprenderam a confeccionar flautas de bambu. É sinal de que, em tempos de música eletrônica, ainda persiste o interesse pelas sonoridades ditas orgânicas.

Falando nisso, Nova Friburgo já havia tido a honra de receber, em 2004, o ilustre conjunto musical Uakti. Respeitados no mundo inteiro pelas ótimas composições e interpretações - inclusive sendo apadrinhados pela estrela erudita Phillip Glass -, os brasileiros do Uakti estão na ativa desde 1978 e confeccionam boa parte dos seus instrumentos usando madeira, vidro, água, metais e PVC, para conferir uma sonoridade primitiva às suas composições contemporâneas.

Mas, como exemplo hors concours da música orgânica vale lembrar aqui a inusitada Gemüseorchester, da Áustria: os instrumentos da orquestra são feitos de... vegetais! Após a apresentação, as flautas de cenoura, os trompetes de pimentão, baixos de abóbora e bongôs de aipo são fervidos numa sopa e servidos ao público. Vale a pena ver a vegetable orchestra no Youtube.

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