Multitude - 18 de julho

Por João Clemente Moura
sexta-feira, 17 de julho de 2009
por Jornal A Voz da Serra

Festival de Inverno, o retorno e a novidade

“Quero convidar a população para as apresentações desta oitava edição do festival, para assistirem a todas sem medo, com o espírito aberto. O público-alvo não está definido. O público será aquele que comparecer. Afinal, elitismo não é gostar das coisas da elite. Elitismo é querer que as coisas da elite continuem sendo somente da elite”

Tenho ótimas lembranças do início dos anos 2000. Muitas delas se associam ao Festival de Inverno, às noites no Country Clube, iluminadas brandamente, com pessoas sentadas na grama, com frio, assistindo às apresentações realizadas na ilha do lago. O festival, para além da música, findou marcando um número considerável de situações que eu vivera, emprestando-lhes seu sentido estético, sua aura, seu astral. O único inconveniente era mesmo o frio do ar livre. Mas, ora, tratava-se de um festival de inverno! Sentir frio fazia parte do lance. Luvas e chocolate quente!

Estou falando de lembranças que tratam também do presente, pois o Festival de Inverno está de volta e (o que é mais legal ainda) no Country Clube. A carga nostálgica é tanta que o slogan parece um grito. Entendo a escolha por ele e acredito ser uma jogada de marketing bacana, e que reflete sentimentos genuínos por parte do pessoal da prefeitura e da organização. No entanto, para mim o festival vale igualmente enquanto fato atual, enquanto experiência nova para mim e a população em geral, principalmente a respeito das atrações musicais. 

Pois é um erro achar que se deve somente atender às demandas, oferecendo ao público apenas o que ele conhece. Se esta edição do festival conta com pelo menos um nome bastante famoso (Jorge Aragão) e uma estrela em ascensão (Vanessa da Matta), acredito que o repertório clássico e os outros nomes menos conhecidos da música contemporânea são tão importantes quanto eles. É uma chance para a população friburguense vivenciar experiências diversas, transformadoras, pois o universo musical é infinitamente maior do que aquele que acontece na grande mídia e, principalmente no caso da música erudita, toca o indivíduo de maneira diferente, em outras regiões do coração. A execução ao vivo ajuda muito o ouvinte a entrar em sintonia com a música e sentir a sua força.

Eu não teria nem de longe dinheiro suficiente para assistir a tantas apresentações se elas fossem pagas. Felizmente, as portas do Festival de Inverno estão abertas para qualquer um. Quero aqui convidar a população para as apresentações desta oitava edição do festival, para assistirem a todas sem medo, com o espírito aberto. O público-alvo não está definido. O público será aquele que comparecer. Afinal, elitismo não é gostar das coisas da elite. Elitismo é querer que as coisas da elite continuem sendo somente da elite.

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