Multitude - 13 de março.

Por João Clemente Moura
sexta-feira, 12 de março de 2010
por Jornal A Voz da Serra

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“Eis que Foucault respondeu dizendo que sim, que estava amando a América.

O motivo: a televisão era horrível.

Como na França os programas de TV

eram muito bons, ele tinha dificuldade

para sair de casa, passear..."

Em suas andanças pelo mundo, o filósofo francês Michel Foucault visitou os Estados Unidos da América. Lá, um entrevistador - talvez inspirado pela implicância histórica entre França e EUA – perguntou ao filósofo se ele estava gostando do país. Eis que Foucault respondeu dizendo que sim, que estava amando a América. O motivo: a televisão era horrível. Como na França os programas de TV eram muito bons, ele tinha dificuldade para sair de casa, passear etc.

A resposta de Foucault é naturalmente uma brincadeira, mas não deixa de ser paradoxal, principalmente para aqueles que criticam a televisão. E se a televisão fosse boa? Esse vício da sociedade não seria pior ainda? Bom, já que os franceses não são o povo mais alienado do mundo e já que as pessoas gostam mesmo de assistir a televisão, que ela pelo menos tenha um bom conteúdo.

Diretamente dos EUA, um seriado de ficção vem, desde 2005, provando que é possível fazer entretenimento televisivo de qualidade. Lost, que este ano chega ao seu fim, arrebanha cada vez mais fãs e já é um novo clássico da cultura popular mundial.

O grande trunfo de Lost é o mistério, logo, pouco pode ser falado aqui a respeito da trama, somente o notório: trata-se de sobreviventes de um acidente de avião perdidos numa ilha do Pacífico. Mas isso é só o começo: temporada após temporada, os personagens vão descobrindo o que a ilha verdadeiramente é, desenhando-se assim uma realidade cada vez mais ampla e surpreendente ao longo dos episódios.

Muitos espectadores desistiram da série logo na segunda temporada, achando que os roteiristas tinham passado dos limites no quesito senso de realidade. É necessário ter boa fé. As situações, por mais absurdas que pareçam, aos poucos começam a fazer sentido ao longo da série. Este é o diferencial de Lost: a trama, da primeira à última temporada, já foi concebida, como num grande filme, permitindo aos roteiristas brincar no seu ambiente fictício de maneira coerente e convincente na sua loucura. A Lista de Jacob, por exemplo, é citada na terceira temporada, mas retomada somente na quinta temporada e explicada de fato só na última. O chato é que, para acompanhar a série, o espectador não pode perder episódios. Ainda bem que existem as locadoras. Sim, você pode sair para passear. Aproveite e alugue o primeiro DVD da série.

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