Mulheres unidas pela reconstrução de Lagoinha

quarta-feira, 04 de abril de 2012
por Jornal A Voz da Serra
Mulheres unidas pela  reconstrução de Lagoinha
Mulheres unidas pela reconstrução de Lagoinha

Juliana Scarini

Lagoinha sempre foi um bairro calmo e tranquilo. Porém, desde a tragédia de janeiro de 2011, o local não é mais visto com os mesmos olhos pelos moradores. As ruas, antes bem cuidadas, estão tomadas pelo mato e pela constante lembrança da água que destruiu casas. No dia 8 de março, na eleição para eleger a nova diretoria da Associação de Moradores do Lagoinha (Amol), a chapa vencedora foi 100% formada por mulheres.

Ao todo são oito no comando da Amol. Juntas, elas buscam e reivindicam melhorias para o bairro. A presidente, Rosângela Verly Maia, mora em Lagoinha há mais de 40 anos e aponta alguns problemas que prejudicam o bairro e o deixam com aspecto de abandono. “O que nos entristece é que estamos esquecidos. O foco é apenas Conselheiro, Córrego Dantas e outros locais. Nosso bairro era muito bonitinho, limpo e organizado”, ressaltou Rosângela, lembrando que as charretes da Praça do Suspiro passeavam com os turistas pelo bairro. Hoje, isso não acontece mais.

Lauriane de Souza é a vice-presidente da Associação e fez questão de lembrar um dos maiores problemas do bairro: o Córrego dos Relógios, que passa pela Rua José Antônio Teixeira. Em janeiro de 2011, todas as casas que davam fundos para esta rua foram parcial ou totalmente destruídas. O que restou são pedras e o risco de desmoronamento da rua. “Quando chove, este rio que era rasinho e pequeno, transborda e a água quase invade as casas mais próximas. Nesses dias, ninguém dorme aqui no bairro”, comentou Lauriane.

A preocupação dos moradores e pais de alunos da Escola Municipal Anna Barbosa Moreira é justamente com este rio que corta a rua lateral. A escola só abre às 8h, devido o horário de ônibus no local e, por esse motivo, as crianças ficam aguardando a abertura dos portões próximos ao córrego. Algumas crianças já entraram no rio, sem saber do perigo, já que o mesmo está poluído.

O pedido da Amol é que o rio seja assoreado para evitar os transtornos nos dias de chuva. Também com relação à escola municipal, Lauriane lembrou que faltam inspetor, servente e professor. Em média são 150 alunos e 20 funcionários, mas ainda há a necessidade de profissionais da área.

“É bom lembrar que parte dos alunos da Escola Municipal Anna Barbosa Moreira são do bairro Vila Amélia e se arriscam pelo meio da rua até chegar aqui no Lagoinha. Não tem mais calçada, ninguém anda com segurança”, ressaltou Ondina Gomes, tesoureira da Amol, lembrando que o motivo para a falta de calçadas se deve às obras da CEG.

Carlos Alberto Santos, também morador do Lagoinha, apresentou um sério problema em frente à sua casa: esgoto a céu aberto. Ele conta que o cheiro é insuportável e ratazanas são encontradas com frequência. Segundo a diretoria da Amol, a Águas de Nova Friburgo chegou a instalar canos, mas não estão ligados na rede. Carlos Alberto, assim como outros moradores, reclama ainda do preço da conta de água que tem aumentado significativamente nos últimos meses.

Um ponto importante levantado pelos moradores foi com relação ao Olifas. Entristecidos, eles lembram que o clube movimentava o bairro e muitos carros estacionavam na rua que dava acesso ao hotel. “Aqui está tão abandonado que até carros roubados são largados aqui. Isso nunca tinha acontecido”, comentou Lauriane.

Já Antônio Rapiso, morador há 71 anos do Lagoinha, perdeu tudo na tragédia climática e já reformou sua casa. Para ele, todo o bairro ficou prejudicado. “Nós já cansamos de reclamar. A Rua Hormindo Silva está abandonada. A melhor parte, hoje, do bairro é o centrinho, já que um funcionário da Prefeitura faz a manutenção”, contou Rapiso. Os moradores também citaram que a varredura de rua está em dia, mas ainda falta capina.

A solidariedade de Lagoinha

Se o bairro tem um lado bom é a solidariedade dos moradores. Após o evento climático de janeiro de 2011, mesmo quem não sofreu danos saiu de suas casas para ajudar a limpar ruas e as casas dos que foram atingidos. Ondina Gomes diz que todos os moradores são muito educados e solidários. “Qualquer probleminha tem sempre alguém disposto a ajudar”, lembra.

Carlos Alberto Santos também relatou que chegou a solicitar à Prefeitura o material para melhorias e reconstrução do bairro. Em troca, os próprios moradores seriam a mão de obra. Porém, não obtiveram resposta.

O que motivou as mulheres da Amol foi a inclusão do bairro no Pesc—Plano de Emergência da Sociedade Civil. Elas contaram que a ONG Diálogo visitou o bairro e pretende fazer reuniões na sede da Associação. “Quando o Pesc esteve aqui, nos empolgou para fazer melhorias para o bairro”, contou Lauriane, otimista com a parceria.

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