Olá, Nova Friburgo, muito prazer. Sou Guillaume Achiles Clair-Marie Isnard, mais conhecido pelo meu nome artístico Guilherme Isnard, cantor e compositor da banda Zero há 30 anos.
Você talvez não se lembre, mas já somos velhos conhecidos. Foi aqui, com os colegas do Coral Infantil do CNF-FGV, que gravei o primeiro disco da minha carreira, em 1968.
Guardo na memória os bons momentos e impressões daqueles tempos. Eles tiveram um grande peso na decisão de trocarmos a loucura dos 11,3 milhões de habitantes de São Paulo pelo seu sossego serrano.
Nossa reaproximação teve início quando meus pais se mudaram para um sítio na divisa com Teresópolis. Voltei a frequentar seus espaços, reencontrar seus habitantes e comecei a acalentar o sonho de me estabelecer por aqui, o que realizamos no ano passado.
Minha esposa grávida de nove meses, meu filho de dois anos e eu estávamos na festa do aniversário de 80 anos dos meus pais, no sábado 08/01/2011. Ficamos no sítio até segunda-feira, quando partimos para São Paulo. No dia seguinte a nossa chegada, já não tínhamos notícias, só alarme e apreensão. Resgatado, meu pai faleceu de tristeza, 20 dias depois da calamidade.
Agora que estou de volta, sinto que as nuvens carregadas que desmoronaram suas encostas transformaram seus rios em torrentes devastadoras e vitimaram tantos dos seus filhos ainda te assombram. Isso está evidente no desânimo e desesperança da sua população, que percebo anestesiada e descrente do futuro. Isso precisa mudar.
Quero compartilhar a possibilidade de transformarmos essa atitude. Escolhemos voltar para suas montanhas porque cremos na reconstrução do seu espírito. Acreditamos que você tem o poder de retomar a vocação natural de tornar-se um dos grandes polos de atração do turismo cultural e de eventos desse estado e do país.
Participo de um grupo de voluntários que contribui para o seu renascimento e vibra pela recuperação de seu amor-próprio e autoestima da sua população. Em janeiro fomos empossados como seu novo Conselho Municipal de Política Cultural. Estamos entusiasmados com a visão de um mundo de possibilidades e dispostos a lutar para realizá-las.
Por isso lhe digo, Friburgo, comemore seu aniversário com o mesmo orgulho, garbo e altivez com que soprei meu velho clarim, ao lado dos antigos companheiros do CNF, no desfile dos festejos de setembro último na Avenida Alberto Braune.
Ilumine-se, querida, os bons tempos se avizinham.
Parabéns, mocinha!
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