A INDIGNAÇÃO começou timidamente no pequeno município de Santo Antonio da Platina, no interior do Paraná. Cidadãos inconformados com os salários e benefícios dos vereadores lançaram um manifesto que, além de obter êxito na redução das vantagens dos parlamentares da cidade, fixaram as bases para um movimento nas redes sociais que contaminou praticamente todos os estados brasileiros. Hoje, pelo menos 270 cidades estão propondo a mesma coisa.
ASSOCIADO À Operação Lava Jato, que vem provocando uma verdadeira devassa contra a corrupção na Petrobras, acusando empresas, empresários e políticos, a sociedade brasileira vem assistindo diversos outros escândalos que põem em xeque a política nacional, culminando com a recente acusação contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha. Tais escândalos estão despertando uma onda nacionalista de combate à corrupção que não tem mais volta. O Brasil finalmente acordou contra a mentira política e, ao que parece, vivemos um novo tempo.
ESTÁ GRAVADA no consciente nacional a maléfica associação da mentira com a política. A dobradinha está em toda a parte, nas campanhas eleitorais com as famosas promessas de candidatos aos acordos descumpridos dos governantes e mesmo a traição política. E mudar a natureza humana associada aos interesses materiais é tarefa que até agora é tida como impossível.
OS DIVERSOS escândalos que não foram punidos no Brasil mostram que a impunidade tem dominado a cena política, perdoando condenados que não deveriam fazer parte do conjunto de cidadãos que criam as leis no país. Porém, infelizmente o perdão também se associa ao tempo que tudo apaga. Assim acontece também com políticos de passado nebuloso que hoje voltam ao poder pelas urnas da democracia.
UM BOM (mau) exemplo é o do senador Fernando Collor de Mello. Presidente da República afastado do poder pelo “impeachment” do Congresso, voltou à cena nacional ao sentar numa das 81 cadeiras daquele importante Poder, eleito pelo povo alagoano. Mas existem muitos outros exemplos que os cidadãos conhecem muito bem.
EM 2016, mais uma vez o eleitor irá escolher prefeitos e vereadores. E, ao que parece, a velha mentira voltará a frequ entar os palanques de campanha, começando um novo ciclo de promessas e juras. Devemos continuar elegendo e reelegendo candidatos com o mesmo perfil político ou tentamos outras lideranças na sociedade que possam nos representar, isentos do rótulo de “mentiroso”? Podemos conseguir isso?
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