Não é de hoje que existe a prática de pegar uma bicicleta e seguir por trilhas de terra, entre montanhas e terrenos pouco favorecidos. Mas ninguém ainda havia dado um nome e desenvolvido técnicas próprias que resultassem num esporte propriamente dito. Até que, no final da década de 80, o californiano Mike Sinyard e alguns amigos "inventaram” o mountain bike, uma modalidade de ciclismo que vem ganhando adeptos no mundo inteiro.
Nova Friburgo e cidades circunvizinhas, com suas montanhas e matas, não poderiam ficar de fora desse esporte. Embora não haja contagem oficial, o município vem ganhando muitos adeptos que se aventuram com suas bicicletas – cada vez mais tecnológicas – por belos caminhos, inclusive os pouco conhecidos.
"Éramos três ou quatro amigos que gostávamos de pedalar. Resolvemos andar juntos. Isso, na década de 90. Um foi chamando o outro e o grupo foi crescendo”, conta Jorge Francisco Lima van Erven, o Kiko, que resolveu juntar o útil ao agradável e abriu uma loja de equipamentos relativos ao esporte.
"Nós nos encontramos todos os domingos, às oito horas da manhã, na Rua José Eugênio Müller, e seguimos pelo caminho escolhido durante a semana. Ninguém é obrigado a comparecer e nem se inscrever. É só chegar lá com a bicicleta. Mas, não dá para ser qualquer uma”, diz Kiko. "Subimos trilhas íngremes e é preciso uma bicicleta adequada para isso. Com menos de R$ 1.500 não se compra uma. É daí para cima. Mas hoje pode se comprar de tudo parcelado, o que é uma vantagem”, lembra o empresário, ressaltando que ainda é preciso ter acessórios, como capacete, luva, bermuda acolchoada e sapatilha especial. "Existem outras coisas interessantes como a mochila de hidratação, onde podem ser armazenados dois litros de água que vamos bebendo pelo caminho.”
Um dos inimigos do mountain bike é o peso, por isso as bicicletas estão, a cada dia, mais leves. De alumínio ou carbono, o ideal é que elas não aumentem ainda mais o esforço dos praticantes. A quantidade de marchas também ajuda, chegando a 27. Quanto aos pneus, Kiko explica que os de aro 29 são considerados os melhores, atualmente.
"Além dos equipamentos, é necessário que a pessoa siga regras como sempre andar na mão dos automóveis e nunca em calçadas. É só fazer as coisas certas e não ter medo, até porque os motoristas de carro e de ônibus sempre nos respeitam”, diz ele, que além de bicicleta de mountain bike, possui uma própria para estrada e outra de dois lugares. Mas quem pretende se iniciar no esporte, não precisa ter tantas. "A maioria das pessoas tem apenas uma e vai trocando os pneus ou as rodas de acordo com o passeio. Hoje existe esta possibilidade.”
Três gerações
Aos 43 anos, Kiko tem uma filha, Isabela, que aos dez anos já participa dos passeios dominicais do pai. Quem também faz parte do grupo é o desenhista projetista aposentado Dermeval Torres de Oliveira, de 68. Ele diz que vem sentindo algumas limitações por conta da idade, mas não abandona a sua bicicleta.
"Pedalo desde jovem. Em 1994 descobri o mountain bike e não parei mais”, diz ele, acrescentando: "Recomendo a todos, principalmente aos pais cujos filhos queiram praticar esse esporte. É uma forma de afastá-los de vícios, drogas, de más companhias. Drogas limitam a pessoa, elas não combinam com o mountain bike”, diz Dermeval. "Além do mais, participar desse grupo é ótimo, benéfico, temos sempre boas companhias que, muitas vezes se transformam em amizades. Conhecemos locais lindos e sempre nos preocupamos em trazer o nosso lixo embora, não largá-lo pelas trilhas. Vale a pena”, afirma ele.
Além da prática do um esporte, fotografar os belos lugares por onde passam é outra paixão dos adeptos do mountain bike. As fotos dessa matéria, por exemplo, são de autoria de Kiko van Erven.
As trilhas são uma atração para todas as idades
Kiko van Erven e sua bike
Túnel entre Dona Mariana e Murinelli, distritos de Sumidouro
Três gerações no mountion bike: Dermeval, o menino Erick Chan e Kiko van Erven
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