Motoristas ignoram a lei e não respeitam pedestres

quinta-feira, 14 de maio de 2009
por Jornal A Voz da Serra
Motoristas ignoram a lei e não respeitam pedestres
Motoristas ignoram a lei e não respeitam pedestres

Experimente atravessar a Avenida Alberto Braune ou qualquer outra rua da cidade numa faixa de pedestres em horário de grande movimento. Provavelmente vai ficar parado durante horas, com cara de bobo, sem que nenhum motorista se digne a parar o veículo. Se você for um tipo mais afoito - ou se estiver com muita pressa - provavelmente acabará invadindo a faixa (que, por direito, lhe pertence), fazendo sinais para que os veículos permitam a sua travessia. Um absurdo!

É bem verdade que os pedestres também não respeitam as faixas. Atravessam em qualquer lugar, descuidadamente, sem olhar para os lados, mesmo nas esquinas e cruzamentos mais movimentados e perigosos. É só observar. Mas, convenhamos, é uma questão de poder. E, neste caso, quem tem o poder, infelizmente, é quem está no volante. O mais fraco, o mais vulnerável, é quem está a pé, não tem jeito.

A rigor não se trata, sequer, de respeitar a faixa - uma imposição legal, inclusive - mas de respeitar o pedestre que está na faixa. Uma questão de civilidade, de cidadania, de boas maneiras. Quem está dirigindo deve parar o carro (ou moto) imediatamente ao ver alguém na calçada querendo atravessar a rua pela faixa do pedestres.

Lamentavelmente esta consciência está em falta entre os friburguenses. Poucos, muito poucos motoristas se dão ao trabalho de parar para um pedestre ou um grupo de pedestres atravessar em segurança. Por isso mesmo não são raros os atropelamentos nas principais ruas da cidade. Um número que tende a crescer à medida que aumenta o número de carros e motos em circulação.

Outro dia mesmo, na esquina da Rua Fernando Bizzotto com Avenida Alberto Braune, pelo menos dez pessoas tentavam atravessar na faixa sem que nenhum carro se dignasse a parar. Até que uma moça, mais afoita, invadiu a faixa e, gesticulando, interrompeu o trânsito. “É um absurdo, dona. Será que esses motoristas não sabem o que significa faixa de pedestre?”, questionou. Ela contou que quase foi atropelada ao fazer a mesma manobra arriscada a que a reportagem assistiu. Segundo a pedestre Rita, o motorista chegou a acelerar, manifestando claramente sua indignação com o fato de ela estar no meio da rua. “Mas é o único jeito, senão, eles não param mesmo. A não ser que a gente ande até o Barateiro, onde fica o sinal mais próximo”, afirmou, indignada. Rita diz que não quer nem saber: “Invado a avenida, xingo mesmo”, declara.

Na esquinas da Praça Dermeval Barbosa Moreira com Rua Monte Líbano é outro Deus nos acuda. Muito pior, aliás, pois quando um sinal fecha, permitindo a travessia dos pedestres que estão indo ou voltando da Alberto Braune, o que fica em frente ao cruzamento, abre. Então é um salve-se quem puder. “Se a gente não forçar a barra não atravessa mesmo”, afirma a estudante Priscila. “Faixa de pedestres? Que nada, os motoristas nem sabem que aqui tem uma”, diz.

Outro ponto crítico é a Praça Getúlio Vargas. As faixas estão pintadas na rua – muito apagadas, é verdade – mas estão, embora em outras ruas da cidade já tenham praticamente desaparecido. De uma forma ou de outra, parecem invisíveis aos olhos dos motoristas (e motociclistas). Outro dia quase aconteceu um atropelamento perto da Rua Monsenhor Miranda, porque dois motoristas pararam os carros civilizadamente para uma mamãe atravessar empurrando o carrinho do bebê. E lá foi ela. Só que entre os dois carros surgiu inesperadamente uma moto em alta velocidade. Por pouco, muito pouco, não atingiu o carrinho. E o piloto, claro, saiu em disparada. Felizmente, foi só um susto...

A situação de Nova Friburgo não é isolada, pelo contrário. Pode-se afirmar, sem medo, que se repete em quase todas as cidades do país. Mas há pelo menos uma exceção: Brasília. Há dez anos, a capital federal colocou em prática uma campanha acompanhada de fiscalização eficiente e rigorosa. Resultado: hoje em dia, cem por cento dos motoristas observam as faixas de pedestres, espontaneamente, sem a presença de sinal vermelho, sem fiscais de trânsito e sem controle eletrônico. Que bom seria se nas outras cidades do país acontecesse o mesmo.

O que diz o CTB

Ao respeitar a faixa de pedestres, o motorista não está apenas seguindo uma norma de boas maneiras no trânsito, mas também respeitando do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

De acordo com o artigo 70 do CTB, pedestres que estiverem atravessando a rua sobre as faixas delimitadas para esse fim terão prioridade de passagem, exceto nos locais com sinais. Nestes locais os pedestres que não terminaram de atravessar terão preferência, mesmo se o sinal abrir, liberando a passagem dos veículos. Ao parar nas faixas de pedestres, os veículos dificultam a travessia dos pedestres, que se arriscam a ser atropelados.

Vale ressaltar que cabe ao órgão ou entidade com circunscrição sobre a via manter as faixas e passagens de pedestres em boas condições de visibilidade e sinalização.

Duvidamos que o leitor conheça alguém que já tenha sido multado por parar na faixa, mas, de qualquer forma, vale destacar que, de acordo com o artigo 182 do CTB, este ato é considerado uma infração leve. Mas pode render multa.

Respeitando as faixas dos pedestres

* Familiarize-se com os locais onde existem faixas para travessia de pedestres.

* Não dirija a mais de 60 km por hora em ruas com muitas faixas para o pedestre.

* Se observar pedestres querendo atravessar, diminua a marcha bem antes da faixa, com atenção no retrovisor para o carro que vem atrás.

* Não movimente o carro antes do pedestre alcançar a calçada do outro lado

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