Motoristas estão dispostos a cumprir à risca a Lei das Cadeirinhas?

terça-feira, 14 de setembro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Eloir Perdigão

Depois de adiada uma vez, a Resolução 277 do Contran entrou em vigor. Agora, para transportar crianças menores de 7 anos e meio, há que se obedecer a uma série de determinações, visando à segurança das crianças nos veículos. O problema é que o mercado não está conseguindo atender à procura, e os equipamentos, as chamadas cadeirinhas, estão em falta, e quando são encontradas, custam caro. Há rumores, inclusive, de que estão sendo objeto de roubo. A questão é saber se esta é uma lei que realmente há de ‘vingar’ e se os motoristas vão cumpri-la, ou se será mais uma lei que ‘não pega’ no Brasil.

Para saber o que as pessoas pensam do assunto, A VOZ DA SERRA foi às ruas e ouviu dez opiniões. Confira.

“Olha, se veio para ficar eu não sei, mas deveria. É uma forma de proteger as crianças. Se eu ainda tivesse os filhos em idade de usar cadeirinhas, com certeza eu as usaria. Eu já os obrigo a usar o cinto de segurança lá atrás, que também é lei. Aqui no Brasil, a consciência da lei só passa a funcionar quando dói no bolso, quando tem multa, porque, se deixar por conta de cada um, dificilmente o brasileiro vai se conscientizar de que é mais seguro e tudo mais. Agora, como vai doer no bolso, eu acredito que a coisa pegue, vingue. Eu torço para que isso aconteça.”

Nilton Sérgio Sanches, 57, guia e agente de turismo, Nova Suíça

“Eu acho que não vai pegar, não. É igual a Lei Seca: novecentos e tantos reais a multa e o pessoal não quer nem saber”.

Rodalvo Gomes, 68, despachante, Centro

“Eu acho que é importante. Se o pessoal vai cumprir ou não, é uma questão de consciência e preocupação com os próprios filhos. Se eu tivesse filhos pequenos eu usaria a cadeirinha, com certeza. O pessoal tem que usar pela segurança da própria criança. Antes de virar lei, já era um critério importante. O pessoal tem que cumprir a lei, independente de doer no bolso.”

Amanda de Azevedo Pires Botini, 20, estudante, Cônego

“Eu acho que as pessoas têm consciência da importância da cadeirinha. Agora, vão usar na medida das possibilidades, de conseguir as cadeirinhas no mercado, pois já estão esgotadas, o assento de elevação não se encontra, de caber as cadeirinhas no carro quando se tem um número maior de crianças, por exemplo. Neste caso, como se faz? Não depende só da boa vontade da pessoa”.

Cristiane Coelho, jornalista e comerciante, 35, Centro

“Algumas pessoas até usarão a cadeirinha, mas a lei não vai pegar. A maioria não vai ligar para a lei, porque brasileiro, para burlar as leis, é fácil. Eu acredito que a questão da cadeirinha, que hoje em dia está até difícil de se achar, não pega. É complicado. Não foi bem explicado. E quando se leva quatro crianças da mesma idade, como se vai colocar quatro cadeirinhas? Eu, particularmente, acho que não pega. Eu não tenho filhos, mas tenho uma sobrinha, e quando saio com ela utilizo o carro do meu irmão, que já tem a cadeirinha”.

Eder do Valle Dias, 27, radialista, Chácara do Paraíso

“Eu acho que todos deveriam usar. O certo é usar. É proteção para as crianças. Infelizmente, com o brasileiro é tudo na base da imposição mesmo, quando dói no bolso. Eu acho que a lei pega e o pessoal vai usar”.

Ana Beatriz Gonçalves Machado, 39, professora, Centro

“Desde que meu neto nasceu, minha filha sempre usou a cadeirinha. Mesmo antes da lei. Hoje ele tem 7 anos e ainda usa. É muito bom, porque o protege. Essa lei é muito importante e o pessoal deve usar porque a cadeirinha protege bem a criança. É como o cinto de segurança: a pessoa deve usar o cinto, que protege também. Tem que ter a lei, como tem a Lei Seca, que é importante também. E todos têm que cumprir, embora a maioria não cumpra a lei. A gente vê carro andando aí pela ruas sem placa ou até com a antiga placa amarela, como eu vi ontem, aquelas antigas de seis números, sem letra. Não está havendo fiscalização nenhuma. E teria que haver. Porque a gente paga tudo em dia, faz vistoria, faz tudo e vê carro aí que há vários anos não faz vistoria e continua rodando por aí”.

Cláudio Costa, 62, aposentado, Sans Souci

“Eu acho que essa lei pega sim. Tomara que isso não seja mais uma politicagem, um meio de mais alguém ganhar dinheiro. Mas que é válido para proteger as crianças eu acho que sim. A lei é uma imposição a mais, como tudo neste país. Mesmo sendo necessário, é preciso ter uma lei. Além das leis serem muito furadas, os próprios motoristas são mal educados. Se é para o bem-estar das crianças, vai ter que exigir que funcione. Os meus filhos já estão criados, mas eu tenho netos. E só tenho um neto na idade de usar cadeirinhas, mas aí já é problema do meu filho”.

Paulo Félix dos Santos, 67, ferramenteiro aposentado, Conselheiro Paulino

“Se a fiscalização pegar firme eu acredito que essa lei pegue sim. Porque se depender dos motoristas eles não vão usar. Só mesmo os conscientes, aqueles realmente preocupados com os filhos. A maioria eu acredito que não. É como o cinto, que muita gente não usa. Se houver uma grande fiscalização, o que eu acredito que só vai haver em estradas, na cidade mesmo não acredito que tenha, aí talvez essa lei vingue. Infelizmente a gente vê que muitos pais não são conscientes e só cumprem a lei com medo da multa e não pela segurança das crianças. Se não fosse assim, não precisava ter lei”.

Roberta Vieira de Aguiar, 28, comerciante, Centro

“Eu acho que os motoristas devem usar. Porque é uma lei que vem para beneficiar a criança, pois o que a gente vê no dia a dia é muito acidente com criança. Acho que veio para ficar. A gente tem que pensar também que muitas leis as pessoas não cumprem ou começam a cumprir hoje e amanhã caem em lugar comum. Essa eu espero que venha a ser cumprida. Em nome da segurança das crianças. Tem que vingar”.

Mário César Esteves, 67, empresário, Parque São Clemente

“As pessoas vão necessariamente ter que cumprir. Foi uma lei bastante interessante, é uma questão de necessidade, temos uma perda muito grande de crianças que sofrem acidentes, são as primeiras vítimas. Foi uma lei até demorada, deveria ter vindo antes. Sem dúvida nenhuma vai beneficiar à família em geral. Os menores têm que andar na cadeirinha. Salvam vidas mesmo, de verdade, e a recomendação é que todo mundo venha a usar as cadeirinhas. Eu tenho dois filhos, com duas cadeirinhas apropriadas, mudando de idade vamos adequá-las de acordo com a necessidade. O brasileiro é mais resistente, mas vai usar, até porque a multa está aí. Muitos vão colocar a cadeirinha por causa da multa, o que é um erro, deveria colocar a cadeirinha por causa da segurança, que foi a minha atitude. Tanto que existe uma dificuldade enorme de cadeirinha porque está todo mundo querendo adquirir na mesma época devido à lei. Quando a lei foi feita eu já usava as cadeirinhas. Isso há cinco anos. Eu só vou trocando as cadeirinhas. É uma questão de consciência. A lei é necessária e muito importante. Já era para ter vindo há muitos anos”.

Dalberto Louback, 39, bancário, Prado.

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