Mostra dos internos da Clínica Santa Lúcia pode ser apreciada até terça-feira no Centro de Arte

quinta-feira, 15 de abril de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Dalva Ventura

Ainda dá tempo de visitar a exposição dos internos da Casa de Saúde Santa Lúcia – Olhai os lírios da mente” – que fica até terça-feira, 20, no Centro de Arte. A mostra é fruto do trabalho do serviço de terapia ocupacional, que atualmente é coordenado por Catarina Guida. No entanto, ele foi iniciado em 1970, com Iracema Moreira e Nilda Chevrand (ambas ainda muito atuantes na clínica), sob a orientação do psicólogo Nilton Batista.

São, ao todo, 58 quadros, produzidos desde 1990 até bem pouco tempo. Nenhum dos artistas cujas obras estão na exposição se encontra em tratamento na clínica atualmente. Alguns já morreram, outros tiveram alta. Na verdade, a pintura não vem tendo muito espaço na Santa Lúcia nos últimos anos. A terapia ocupacional passou a priorizar o artesanato, a pintura em porcelana e outras atividades. O motivo? Basicamente, a falta de material – tudo é feito com muito sacrifício – e também, verdade seja dita, de motivação por parte dos terapeutas, já que lidar com tintas e pincéis não é uma função das mais simples quando se trata de pessoas com distúrbios mentais.

Esta exposição no Centro de Arte, no entanto, representou uma nova motivação para os terapeutas, que certamente voltarão a priorizar a pintura, mesmo que seja em eucatex ou em papelão. Os quadros estão sendo vendidos a R$ 20 e a renda será revertida exclusivamente para a compra de material de pintura.

A mostra está sendo bem visitada e muitos quadros já foram vendidos, principalmente para pessoas que sabem avaliar obras de arte ou interessados em compreender a mente humana. Vários quadros ali expostos são verdadeiras obras de arte, o mais puro impressionismo. A maioria está muito maltratada, não contam com molduras ou paspatur, mas são, realmente, surpreendentes.

Sem falar no interesse científico e na inegável utilidade da pintura no tratamento psiquiátrico. A pintura não só proporciona esclarecimentos para a compreensão do processo psicótico mas constitui um verdadeiro agente terapêutico. A doutora Nise da Silveira já anteviu estes fatos ao criar o Museu do Inconsciente no Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro. Sua experiência demonstrou que a pintura pode ser utilizada como um verdadeiro instrumento terapêutico. Os internos estão participando durante a semana acompanhados de enfermeiros e terapeutas, justamente para motivá-los a pegar nos pincéis.

O Centro de Arte fica aberto de terça a quinta, de 10h às 21h, às sextas-feiras, de 10h às 22h, sábados, de 12h às 22h e domingos, de 14h às 21h.

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