Nova Friburgo perdeu no início da tarde desta terça-feira, 19, uma das mais queridas e atuantes figuras do segmento cultural e artístico da região. Júlio Cezar Seabra Cavalcanti, o Jaburu, morreu em decorrência de uma hemorragia digestiva no Hospital São Lucas, onde estava internado desde o último domingo, 17.
Nascido em Viçosa, Minas Gerais, Jaburu veio para Nova Friburgo ainda jovem acompanhando o pai, contratado para chefiar a estação de trem Leopoldina. Aqui fez carreira no Banco do Brasil, onde trabalhou como tesoureiro até se aposentar. Paralelamente à atividade de bancário, começou a fazer o que mais gostava: dirigir peças teatrais, tendo sido fundador do Grupo Arte Movimento e Ação (Gama).
Desde sua criação, em setembro de 1966, o Gama não parou de produzir arte e colecionar prêmios, tendo vencido por três anos consecutivos o Concurso de Teatro do Rio de Janeiro, quando ficou de posse definitiva do Troféu Paschoal Carlos Magno. Foram dezenas de apresentações e montagens como “Um Grito Parado no Ar”, peça que caminhou pelo Brasil ficando um mês em cartaz no Teatro Cacilda Becker, no Rio, com um recorde de público só superado três anos depois.
À frente do Gama, Jaburu também realizou diversas exposições, memoriais, premiações e concertos, que movimentaram o município. Destaque para a criação da Praça da Criança, inaugurada em 2006 no Parque Santa Elisa, e o Circo Azul, que agitou a cena cultural friburguense na década de 80 com apresentações de grandes artistas. Montado na Praça do Suspiro, onde funciona atualmente o estacionamento do Teatro Municipal, o circo trouxe grandes nomes à cidade como o músico Egberto Gismonti.
Sua extensa bagagem cultural o levou a ocupar alguns cargos de relevância no município como o de diretor do Centro de Arte, nos anos 70, realizando algumas reformas no local e batizando as salas com nomes de talentos locais. Em 1994, foi convidado para ocupar o cargo de vice-presidente do Nova Friburgo Country Clube, onde promoveu exposições, encontros, festas literárias, peças teatrais, cursos de balé e dança, concertos de artistas internacionais, lançamentos de livros e CDs, tendo sido o grande incentivador da criação dos festivais de inverno nos jardins do clube.
Jaburu também deixou sua marca no meio esportivo da cidade, tendo encontrado no basquete e no futebol uma forma de se divertir, fazendo brincadeiras com os jogadores e amigos torcedores de outros times. Foi goleiro do Friburgo Futebol Clube, bicampeão municipal, e campeão do estado pela seleção de Nova Friburgo. Também jogou basquete na Sociedade Esportiva Friburguense (SEF).
A vasta contribuição de Jaburu ao segmento cultural trouxe importantes reconhecimentos como o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro, concedido em agosto de 2007 pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Em 2011, ele foi agraciado com a Comenda Barão de Nova Friburgo, a mais alta distinção oferecida pela Câmara Municipal. Ele também dá nome à sala de leitura do Colégio Municipal Dermeval Barbosa Moreira, em Olaria, e recebeu o título de Amigo da Trova.
Jaburu era uma figura muito querida dos friburguenses, de falas espirituosas e que gostava de estar entre as pessoas. O legado que deixa é inestimável para o município. Seu velório começou nesta terça-feira, 19, no Memorial SAF e prossegue a partir das 9h de quarta-feira, 20, na Câmara Municipal, de onde sairá às 14h para cremação.
À família e amigos enlutados, direção e equipe de A VOZ DA SERRA enviam o seu mais profundo pesar.
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