Moradores de Lumiar realizaram uma manifestação na última terça-feira, 5, feriado de Carnaval, contra a construção de uma estação de transbordo de resíduos sólidos no distrito. Na praça, próximo ao coreto, levantaram placas com as mensagens “Lumiar não quer lixão!” e “Não ao lixão!”. O grupo teme que o chorume gerado pelo lixo contamine o solo e rios no entorno da estação, prejudicando também a imagem turística da região.
“Estamos em uma APA (Área de Proteção Ambiental de Macaé de Cima). Essa instalação jamais poderia ser construída aqui devido aos riscos ambientais. O chorume pode atingir o Córrego Santa Margarida e o Rio Macaé. Isso sem contar a infestação de insetos. Não queremos um lixão em Lumiar”, disse a comerciante Jaqueline Domingues da Silva, que mora próximo ao local e vem mobilizando moradores contra a instalação da estrutura.
A estação de transbordo começou a ser construída em um terreno às margens da RJ-142 (Serramar), ao lado do cemitério próximo à Pedra Riscada, símbolo turístico da região e muito procurada por praticantes de montanhismo e ecoturismo. De acordo com a presidente da Associação de Moradores e Amigos de Lumiar (Ama Lumiar), Sílvia Faultz, a comunidade ficou sabendo da obra quando viu os tapumes verdes no entorno do canteiro.
“Estivemos lá e um funcionário da EBMA (Empresa Brasileira do Meio Ambiente) nos contou que estavam construindo um depósito de lixo”, disse Sílvia. “Todo lixo de Lumiar e São Pedro da Serra seria levado para lá. Ocorre que nem a empresa nem a Prefeitura de Nova Friburgo consultaram a comunidade. Não sabemos como esse lixo será armazenado e por quanto tempo. Estamos em uma APA. Isso é muito sério. Somos contra por causa dos riscos”.
Obra não resolve o problema
Na última semana, os tapumes da obra amanheceram pichados, com as inscrições “Lixão não!”, “Destino responsável para o lixo de Lumiar” e “Salvem os rios!”. Acima do terreno, onde é construída a estação de transbordo, está localizado o Córrego Santa Margarida, que abastece de água moradores da região. Logo abaixo das obras, atravessando a Serramar, corre o Rio Macaé, um dos maiores do estado e importante para a Região dos Lagos.
“Essa obra não vai resolver o problema do lixo na região. O serviço prestado pela empresa é precário e muito mal feito. O caminhão passa três vezes na semana, mas não dá conta. Deixa lixo para trás”, reclama a presidente da Ama Lumiar. “Por que não constroem um espaço para reciclagem, compostagem do lixo na região? Já chamamos a empresa para nossas reuniões, mas nunca enviaram representante. Não ouvem a comunidade. Estão fazendo o serviço na surdina, mas não vamos aceitar um lixão aqui”.
Nas redes sociais, moradores vêm se mobilizando e cobrando esclarecimentos às autoridades. Eles afirmam a construção do “lixão” no local vai prejudicar a imagem da região, ainda mais em frente à Pedra Riscada. Denunciam ainda que desapareceram das margens da estrada, na altura do cemitério e próximo ao canteiro de obras da estação de transbordo, placas instaladas pelo Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro (DRM-RJ) com informações sobre a formação turísticas sobre a montanha.
Não é “lixão”
Concessionária responsável pela coleta seletiva em Nova Friburgo há mais de 20 anos, a EBMA foi procurada por A VOZ DA SERRA nesta quinta-feira, 7, mas não enviou resposta aos questionamentos até o fechamento desta edição.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea), responsável pela APA de Macaé de Cima, também não respondeu no prazo fixado pela redação. Mas na sexta-feira, 8, enviou nota em que informa que “não recebeu requerimento de licença ambiental por parte da referida empresa para a construção de estação de transbordo de lixo em Lumiar. O órgão ambiental estadual fará vistoria no local”.
Já a Prefeitura de Nova Friburgo afirmou, em nota, que a obra não se trata de um “lixão”, sem qualquer medida de proteção ao meio ambiente e à saúde pública, mas de um novo sistema de coleta de lixo. Todo o lixo recolhido pelo caminhão compactador da EBMA será concentrado na estação de transbordo para ser levado por um veículo com capacidade maior de armazenagem, ao aterro sanitário que funciona no Córrego Dantas, a cerca de 35 km de Lumiar.
“O objetivo é otimizar o trabalho já que, atualmente, são feitas mais de duas viagens ao local adequado para o descarte do lixo. O processo será feito todos os dias, sendo assim, o lixo não ficará armazenado nesta estação de transbordo. O solo recebeu um preparo especial para este tipo de trabalho”, diz a nota da prefeitura.
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